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Conexão entre geração Z e empresas: com aporte de R$ 3,5 milhões, startup portuguesa chega ao Brasil

A startup Networkme foi criada pelo brasileiro Felipe Vieira e o português Marcelo Manteigas. O novo aporte, um complemento à rodada seed, será usado para iniciar a operação no Brasil

Luciano Cacace e Felipe Vieira, da Networkme: "Até 2030, a meta é contribuir para empregar 1 milhão de estudantes no Brasil" (Networkme/Divulgação)

Luciano Cacace e Felipe Vieira, da Networkme: "Até 2030, a meta é contribuir para empregar 1 milhão de estudantes no Brasil" (Networkme/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 20 de março de 2024 às 08h57.

Última atualização em 20 de março de 2024 às 12h22.

O descasamento entre as expectativas dos estudantes e o real desejo das empresas sempre foi uma questão. Não tanto como agora, quando a geração Z começa a chegar no mercado impactada pelo isolamento causado pela pandemia de COVID-19. É uma desconexão com a realidade do mercado que aparece em forma de memes, cada vez mais abundantes nas redes sociais.

Desembarcando no Brasil nos próximos dias,  a Networkme, criada pelo brasileiro Felipe Vieira (CEO) e o português Marcelo Manteigas (CTO), pretende ajudar na reconexão.

O negócio é a uma plataforma de recrutamento e seleção que atua com o desenvolvimento dos universitários para conectá-los a oportunidades de estágio, trainee e primeiro emprego. Foi lançado em Lisboa, Portugal, em 2021, e logo chegou à vizinha Espanha.

Neste período, acumula mais de 100.000 estudantes cadastrados na plataforma e, de acordo com números internos, contribuiu para que 50.000 conseguissem o primeiro emprego.

A operação captou cerca de R$ 10 milhões até então. O último aporte está sendo anunciado agora: um complemento da rodada seed no valor de R$ 3,5 milhões, recurso que será empregado integralmente para a operação brasileira. O dinheiro veio dos fundos Shilling, Bankinter, Big Sur Ventures, Valutia e Verve Capital.

Como a Networkme ajuda os estudantes a se aproximarem das empresas

Em sua plataforma, a startup cria jornadas educativas para aproximar os estudantes de grandes empresas. Na lista, entram conteúdos sobre o comportamento, eventos, cursos e ferramentas de avaliação - conhecido no mercado como assessmentA busca é por uma outra definição bastante conhecida na área de recursos humanos: o fit cultural. 

“Desde que o estudante entra na plataforma e faz os testes, o nosso objetivo é criar uma jornada, a partir de atividades com empresas, para ajudá-lo a perceber cada vez melhor como funciona o mercado de trabalho, as lacunas de formação tanto em soft quanto em hard skills. Isso contribui para que ele se desenvolva e esteja pronto para o mercado”, afirma Vieira.

O empreendedor recifense se inspirou na própria história para criar a startup. Logo jovem, começou estudando nutrição e migrou para engenharia civil, curso que trancou para criar o seu primeiro negócio, um marketplace que conectava fotógrafos a estudantes. 

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Depois de vender a empresa, foi morar na Europa, se estabelecendo em Portugal, onde se formou no curso de administrador de empresas. A experiência em uma consultoria de startups aguçou o desejo de voltar a empreender. 

“Eu olhei para a minha trajetória bagunçada e os gaps enormes entre o que estudantes acham que sabem e o que as empresas precisam”, afirma. 

Para criar o modelo, chamou o atual sócio Manteigas, que trabalhava como cientista de dados em uma instituição financeira. A Networkme foi criada com um aporte inicial de R$ 1 milhões e entrou em operação em setembro de 2021.   

Como será a operação no Brasil

Por aqui, a startup inicia oficialmente no dia 11 de abril e será liderada por Luciano Cacace, profissional com passagens por grupos de ensino como São Judas e Ânima Educação. O escritório da Networkme, inclusive, fica no Learning Village, hub de inovação da Ânima, em São Paulo.

O desembarque está sendo planejado com altas expectativas. A ambição é atrair logo neste primeiro ano mais de 300.000 usuários brasileiros para a plataforma. Até 2030, a meta é empregar 1 milhão de estudantes.

“Deste ano até metade de 20225, nós teremos um período de muita correria”, afirma Vieira. Segundo o executivo, a entrada do país se dá pela dimensão do mercado e o senso de oportunidade. Segundo dados do Inep/MEC, mais de 1 milhão de alunos se formam anualmente no Brasil.  

Para fazer acontecer esse movimento de conexão com os estudantes, os recursos captados serão direcionados para as áreas de operação, vendas e marketing, incluindo a contratação de 20 pessoas até o fim do ano. 

“Agora, nós começamos fazendo o lançamento dos conteúdos, recebendo as empresas e fazendo um roadshow em algumas instituições de São Paulo, que será o foco neste primeiro momento. A partir daí, crescemos em espiral para abarcar todo o Brasil”, diz o CEO. 

Neste início, a startup tem quatro empresas como clientes na plataforma, número que projeta chegar a 50 em junho até  junho. Na Europa, reúne mais de 500, como Cisco, Tap Airlines e PwC. Por lá, tem crescido em um ritmo de 15% ao mês.

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