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Da largada à chegada: dona da Centauro já organiza corridas. Agora, vai fabricar a roupa dos atletas

O Grupo SBF, dona da Centauro e da Fisia, também adquiriu participação na X3M, agência que organiza provas, como a Uphill Marathon e o Xterra, e passará a ter marcas próprias

Bernardo Fonseca, da X3M: “É a nossa principal aposta do ano” (3XM/Divulgação)

Bernardo Fonseca, da X3M: “É a nossa principal aposta do ano” (3XM/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 16 de dezembro de 2023 às 10h00.

Última atualização em 16 de dezembro de 2023 às 12h38.

A agência de eventos  esportivos X3M Entretenimento pretende usar a estrutura do Grupo SBF, dono da Centauro e da Fisia, distribuidora oficial da Nike no Brasil, para explorar novas oportunidades de negócio. 

Conhecida pela organização das provas Uphill Marathon e o XTerra, a empresa entrou para o grupo no começo de 2022, ao vender 30% de participação societária.

Ajustados os ponteiros e os rituais corporativos, a X3M planeja entrar em vestuários esportivos, oferecendo peças e acessórios dos seus dois principais produtos inicialmente: a Uphill Marathon e o festival de esporte XTerra, que reúne corrida em trilha, natação e triatlhon. 

Qual a proposta da X3M com as marcas próprias

“Nós dominamos a cena do outdoor no país e o outdoor tem um volume de dinheiro que hoje o grupo SBF não acessa, mas que queremos acessar”, afirma Bernardo Fonseca, fundador e CEO da X3M. 

O empreendedor carioca é ex-atleta de triathlon e coleciona uma série de desafios esportivos no currículo, como a ultramaratona na Antártica, 256 quilômetros no deserto do Saara, e a 60 km na Tenzing Hillary Everest Marathon, com a largada a uma 5.500 metros de altitude. A última aventura, realizada neste ano, foi chegar ao cume do monte Everest, a 8848 metros de altitude.

Foi a paixão pelo esporte que o levou a criar a empresa em 2005, realizando a primeira edição do XTERRA no país, então como uma franquia. Em 2012, ele adquiriu os direitos do evento para operar a competição com independência.

Com a nova estratégia da empresa, ele quer conectar a emoção e apego que os atletas têm com as provas para gerar conexão - e vendas.

Na Uphill, por exemplo, há toda uma narrativa em torno das distâncias. Os atletas que fazem 21 km são chamados de "ninjas"; 67km, de samurais; 82km, de "Shogun"; e, 250 km, de "Ronin", personagem que não tinha um mestre a seguir, segundo a cultura japonesa feudal.

À medida que as marcas entrarem em circulação, esses são ativos que podem vir a ser trabalhados.

“Nós queremos fazer essa ponte para ter um ganho de escala entre o nosso consumidor, que já conectamos há muito tempo, e a habilidade que o grupo SBF tem por meio das suas marcas para gerar renda e recorrência”, afirma Fonseca.

Os produtos estão previstos para chegar no mercado no segundo semestre. “É a nossa principal aposta do ano”, diz, sem revelar números de investimentos. 

O movimento acompanha uma tendência de mercado, a athleisure, conectando os universos de esporte e lazer. Cada vez mais praticantes de esportes, como a corrida, optam por transportar itens antes restritos às atividades físicas para o dia a dia. 

A estimativa é de que este mercado irá movimentar US$ 662,6 bilhões em 2030, crescendo a taxas anuais de 9,6% até lá, segundo a consultoria Grand View Research.

A nova unidade de negócios fará uso de fabricantes terceirizados para a produção das peças de vestuários e acessórios. A ideia também é pegar carona na cadeia de fornecimento da SBF para chegar competitiva ao mercado, como oferecer os produtos nas lojas da Centauro e usar a malha de distribuição e de logística do grupo. 

Nas contas da empresa, a divisão pode contribuir para um crescimento de 30% no lucro líquido da 3XM em 2024. “Nós estamos com crescimento dos produtos, aumento de touchpoints com os clientes, de etapas das provas e de recorrência. Acho que 2024 será um golaço para nós”, afirma.

Qual é o cenário do negócio para 2024

A entrada da 3XM combinou com a retomada das práticas esportivas no pós-pandemia em 2022 e a empresa surfou a onda. 

Criou o projeto de corridas Reveza, desenvolvido para a Centauro e rodado em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre; e o Fit Festival, com várias práticas como zumba, spinning e dança, apoiado para outra empresa recém-chegada no SBF, a FitDance, plataforma de aulas de dança. 

Em 2023, esses projetos ficaram na geladeira, acompanhando um varejo que andou meio de lado. A agência sentiu o impacto e deve registrar um crescimento tímido, em torno de 5%.

Para o ano que vem, o empreendedor trabalha com outro cenário. Esses eventos estarão de volta e maiores. O FitFestival, por exemplo, está previsto para rodar em 20 capitais.

Originalmente, a X3M operava com três divisões: 

  • Os eventos próprios, com a XTerra e a Uphill, com 50% do faturamento
  • Projetos customizado para marcas, como o Reveza, com 30%
  • Produção, quando uma empresa tem um projeto e a X3M cuida da execução, com 20%  

A retomada desses projetos, acompanhada pela ampliação de edições de provas com a Uphill, agora com 6 etapas, contribuem para explicar o otimismo de Fonseca para o próximo ano.

Há uma uma quinta unidade que está saindo do papel, dedicada a ajudar outros organizadores de eventos esportivos e marcas a obterem incentivos fiscais para a organização de eventos esportivos.

"Hoje, existe uma operação aqui para nos abastecer, mas vamos começar a oferecer essa unidade de negócios para o mercado externo", afirma. 

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