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Como o Magazine Luiza está se adaptando para lucrar na crise

De ações regionais a troca de lâmpadas nas lojas, como a rede está fazendo para seguir com bons resultados na atual crise econômica

Centro de distribuição do Magazine Luiza: lucro subiu 84,2% no primeiro trimestre deste ano, comparado a um ano (Germano Lüders/EXAME/Exame)

Tatiana Vaz

Publicado em 6 de maio de 2016 às 18h02.

São Paulo – “Fizemos muito mais do que só cortar custos”, disse Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza , ao explicar os resultados do primeiro trimestre da varejista hoje.

No período, o lucro chegou a R$ 5,3 milhões, 84,2% superior ao registrado um ano antes, valor que fez com os papéis da empresa subissem 21% na bolsa com o otimismo dos investidores.

Com a consultoria Galeazzi trabalhando na reestruturação do negócio há cerca de um ano, a companhia já fez uma série de iniciativas para se adaptar ao atual cenário de menor demanda.

Nenhuma loja foi fechada desde então, ao contrário, 27 foram abertas. Mas cortes nas áreas administrativas marcaram o período, além de vagas fechadas nos pontos comerciais.

Contratos de aluguéis e com fornecedores foram renegociados e todos os processos estão sendo revistos para que nenhum desperdício passe ileso dentro da companhia.

Nas lojas, a ordem de gestão eficiente de recursos também vigora e até as lâmpadas foram trocadas para que uma economia maior de energia fosse gerada.

Todas as ações levaram a rede a uma redução de despesas de R$ 19 milhões.

“Tivemos um ótimo desempenho levando em conta a enorme pressão inflacionária que estamos sofrendo”, comentou Trajano, em entrevista à EXAME.com.

O crescimento das vendas, o aumento da margem bruta e a melhor diluição das despesas contribuíram para a evolução do ebitda em 13% para R$144 milhões.

Marketing direcionado

Outra decisão fundamental para gastar menos e ser mais certeira nos resultados foi a de investir em marketing direcionado e digital, conta o executivo.

Em vez de direcionar aportes em pacotes nacionais de publicidade e propaganda, o Magazine optou por ações regionais, direcionadas a públicos e lugares distintos.

O bolo financeiro direcionado a marketing no caiu como um todo. Ainda assim, a receita bruta no período chegou a R$ 2,7 bilhões, aumento de 2,6%.

No quesito mesmas lojas, um dos principais indicadores de operação do varejo, a queda nas vendas foi de 6%. O faturamento no e-commerce, no entanto, cresceu 28%.

O segmento já representa 22% do total faturado pela companhia e a pretensão é que essa fata seja ainda maior.

“Temos menos de 10% de participação em um setor com mais de R$ 100 bilhões em vendas por ano”, afirmou Frederico. “Com o e-commerce temos condições de conquistar bem mais”.

De acordo com ele, as parcerias para a operação com marketplace segue a todo vapor.

Uma diretoria para cuidar da área foi criada e a primeira loja virtual de terceiros começou a funcionar no final de março.

A Época Cosméticos, comprada pela rede em 2012, funciona de forma independente com a venda de perfumes, cremes e maquiagens dentro do site do Magazine.

A intenção é que, até o final do ano, a loja virtual atraia parceiros de áreas tão díspares quanto a de produtos pet, confecção e livrarias.

“Estamos avaliando todas as interessadas com muito critério e cuidado para ter controle da experiência dos consumidores”, comenta Trajano.

São Paulo - Com a crise econômica e queda de demanda no mercado interno, diversas empresas se viram obrigadas a ajustar ou paralisar suas produções. Em casos mais sérios, as companhias decidiram fechar fábricas . Algumas companhias, como a Malwee e a Basilar, de massas, concentraram as produções, que estavam em duas unidades, em apenas um local. A Souza Cruz e a Ambev encerraram produções por causa do aumento de impostos. Só no estado de São Paulo, mais de 4.400 fábricas já fecharam suas portas no último ano. Além disso, mais de 3.500 fabricantes encerraram suas operações no estado. Em todo o país, a indústria perdeu 1,13 milhão de postos de trabalho apenas no último trimestre - muitos dos demitidos não receberam salários ou rescisões. Confira nas imagens as empresas que fecharam fábricas no Brasil nos últimos meses.
  • 2. General Electric (GE)

    2 /10(Sebastien Bozon/AFP)

  • Veja também

    Com a compra dos negócios de energia da Alstom no mundo todo, em novembro, a General Electric ficou com o controle da fábrica de torres de aço para parques eólicos, localizada em Canoas. Em fevereiro, a empresa afirmou que irá encerrar as atividades no complexo. Em nota, afirmou que “a GE identificou sinergia para a produção das torres de metal”. Ela reforçou que manterá a operação para transformadores e reatores no local.
  • 3. Malwee

    3 /10(Germano Lüders / EXAME)

  • A Malwee fechou sua fábrica em Blumenau em janeiro por conta da situação econômica no país. Com o fechamento, 300 pessoas foram demitidas . A fábrica correspondia a 3% da produção, que foi absorvida por outras unidades. A empresa têxtil afirmou que está se adequando a um mercado extremamente competitivo.
  • 4. Souza Cruz

    4 /10(Germano Lüders/EXAME.com)

    Com o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados, a Souza Cruz decidiu encerrar a produção no Rio Grande do Sul. Segundo o Valor, os impostos representam 80% do custo dos cigarros.

    A unidade, que ficava na cidade de Cachoeirinha, produzia 12 bilhões de cigarros por ano e gerava 240 empregos diretos e 760 indiretos. Apenas 50 pessoas serão realocadas.

  • 5. Ambev

    5 /10(EXAME)

    O aumento de impostos também se tornou um obstáculo para a Ambev. Com cerca de 300 funcionários diretos, a fábrica da Ambev no Rio Grande do Norte foi fechada por conta do impacto da alta do ICMS. Segundo a fabricante de bebidas, as novas alíquotas e o fim do incentivo fiscal não justificam a manutenção da operação no Rio Grande do Norte. Para não repassar o aumento do custo no preço, a empresa afirmou que iria desativar a fábrica aos poucos a partir de novembro do ano passado.
  • 6. Arno

    6 /10(Fabio Mangabeira)

    A Mooca, bairro em São Paulo, irá perder uma de suas fábricas mais tradicionais, além de mais de 2.000 empregos diretos e indiretos. A Arno, fabricante de eletroportáteis, afirmou em abril desde ano que irá migrar a produção para a cidade de Itatiaia, no Rio de Janeiro. Segundo a empresa, a mudança acontecerá porque "não é mais viável manter uma fábrica na região central de São Paulo, com perfil urbano e com dificuldades operacionais e logísticas". A empresa é dona das marcas Rochedo, Clock, Tefal e Krups.
  • 7. Microsoft

    7 /10(Stephen Lam/Getty Images)

    A Microsoft vendeu sua fábrica em Manaus para a Flextronics, empresa especializada na fabricação de equipamentos eletrônicos por encomenda. Ainda que não seja, propriamente, um fechamento de fábrica, com a venda cerca de 1.200 pessoas serão demitidas. A unidade, que foi incorporada com a aquisição da divisão de celulares da Nokia, seria adaptada para fabricar os consoles de videogame Xbox.
  • 8. Duratex

    8 /10(.)

    Por conta da crise econômica, a Duratex afirmou em dezembro que decidiu paralisar a produção de painéis de madeira na fábrica em Itapetininga, no interior de São Paulo, até que o mercado interno melhore. Com o fechamento, a empresa economizaria cerca de 35 milhões de reais em custos fixos para a companhia por ano. A produção dos painéis, que são usados na construção civil e no mercado imobiliário, representa cerca de 24% de sua capacidade total instalada.
  • 9. Basilar

    9 /10(Divulgação/Facebook oficial)

    Em dezembro, a fabricante de massas Basilar encerrou a produção em sua unidade em Jaboticabal (SP). Foi nessa fábrica que a indústria de massas alimentícias surgiu em 1964. A empresa irá concentrar a fabricação de massas em São Caetano do Sul, unidade mais moderna, afirmando que não era mais viável manter a produção em duas cidades. Com a mudança, 215 trabalhadores perderam o emprego.
  • 10. TVP

    10 /10(Julia Carvalho/EXAME.com)

    A TVP, fabricante de televisões e monitores das marcas AOC e Philips mudou sua produção de Jundiaí, interior de São Paulo, para Manaus.
    Assim, ela fechou sua fábrica na cidade, que empregava 530 pessoas. Cerca de 320 funcionários foram demitidos, 90 transferidos para o escritório em São Paulo e 120 atuarão no centro de reparo.
  • Acompanhe tudo sobre:Claudio GaleazziComércioEmpresasEmpresas brasileirasgestao-de-negociosMagazine LuizaReestruturaçãoVarejo

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