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Como a bilionária empresa de cargas Rodonaves quer chegar a novas cidades — e entregar mais rápido

Transportadora está investindo R$ 500.000 no seu braço de entregas expressas e abrindo novas unidades pelo país

João Naves, da Rodonaves: ele começou entregando as mercadorias em uma bicicleta na rodoviária de Ribeirão Preto (Rodonaves/Divulgação)

João Naves, da Rodonaves: ele começou entregando as mercadorias em uma bicicleta na rodoviária de Ribeirão Preto (Rodonaves/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 16 de janeiro de 2024 às 11h06.

Última atualização em 26 de janeiro de 2024 às 15h45.

A expansão é a estrada que a bilionária de logística Rodonaves toma para conseguir manter - e crescer - seu faturamento ano após ano.

Criada nos anos 1980 pelo empresário João Neves num box na rodoviária de Ribeirão Preto, a Rodonaves é hoje um conglomerado de logística que conta com uma frota de mais de 3.100 caminhões e cerca de 10.000 funcionários. 

Faturou 2 bilhões de reais em 2022, valor que deve crescer em 2023. O fechamento do ano passado ainda não foi concluído, mas no primeiro semestre, que costuma ter uma demanda menor do que a do segundo (quando há Black Friday e Natal), já obteve receitas de 1 bilhão de reais.

Para 2024, o caminho do crescimento está apoiado em duas estratégias principais: novos produtos e aumento da capilaridade. Ou seja, a gigante de logística quer chegar a ainda mais cidades - e fazer entregas ainda mais rápidas. 

Um desses produtos é a Rodonaves Express, que faz entregas de cargas fracionadas em um raio de cinco quilômetros de distância de uma das bases da empresa. É o que o setor conhece como “entrega de última milha” - aquela etapa final antes do produto chegar na casa do cliente.

Em 2023, esse braço da empresa recebeu um aporte de 500.000 reais e fez cerca de 280.000 coletas e entregas. Para 2024, só no primeiro semestre, vão criar novas bases operacionais para ampliar esse produto. Assim, os produtos sairão também das cidades de:

  • Maringá (Paraná)
  • Brusque (Santa Catarina)
  • Ribeirão Preto (São Paulo)
  • E mais dois pontos na capital de São Paulo

Nessa modalidade, a transportadora deixa os produtos nessas bases operacionais, e aí começa o serviço “express”. Parte dele é feito com entregas em bicicletas elétricas, já que a entrega fica num raio de cinco quilômetros da base. 

“Criamos as unidades da Rodonaves Express para atender clientes que têm cargas menores e, por este motivo, nosso objetivo é contar com operações em diferentes regiões do país”, diz o fundador da RTE Rodonaves, João Naves. 

Ele começou a Rodonaves entregando cargas com bicicleta. Agora, fatura R$ 2 bilhões e investe no Sul

Como a Rodonaves quer chegar a mais cidades

Além dessas bases menores, que servem para atender cargas menores e entregas expressas, a Rodonaves segue investindo na sua operação logística maior, a RTE Rodonaves. Nela, há entregas de diversos tamanhos e para variados tipos de clientes. Isso implica, também, centros de distribuição espalhados pelo Brasil.

Para 2024, a companhia prevê a inauguração de três unidades da RTE Rodonaves olhando para o Rio Grande do Sul. As operações ficarão nas cidades de: 

  • Três Passos
  • Cachoeira do Sul
  • Caçapava do Sul

Em 2023, a ampliou sua atuação no território nacional com um novo Centro de Transferência de Cargas em Itajaí e operações na região Norte do país, e encerrou o ano com a abertura de mais uma unidade, em Iomerê, em Santa Catarina, com uma unidade de 350 metros quadrados e capacidade para movimentar 125 toneladas de mercadorias por mês. 

A nova estrutura em Iomerê vai otimizar as coletas e entregas de municípios próximos, como 

  • Videira
  • Fraiburgo
  • Pinheiro Preto
  • Tangará
  • Ibiam
  • Salto Veloso
  • Arroio Trinta 
  • Macieira

“Apenas no quarto trimestre do ano passado, nossa média de entregas cresceu 7% por dia útil, gerando um volume de cerca de 50.000 entregas por dia em todo o Brasil”, afirma Naves.

Como a Rodonaves cresceu

João Naves começou sua carreira entregando produtos de bicicleta na rodoviária de Ribeirão Preto. Foi assim por três meses, no ano de 1980. Foi o tempo da demanda crescer tanto ao ponto de Naves precisar comprar um outro veículo: uma kombi. 

O primeiro caminhão só aparece mesmo quando a viação Santa Cruz entra na história. Ela coloca um veículo pesado à disposição de Naves e vira sócia do negócio. A parceria dura até 1994, quando Naves passa por dois dos seus principais desafios. 

Um deles é lidar com o fim da parceria, o que reduziu o número de caminhões e de praças que ele tinha. “Tivemos que, sozinhos, desbravar novas cidades, unidades de negócios”, afirma Naves. “Eu ia de carro até as cidades de outros Estados oferecer nossos serviços de transporte”. 

Outro desafio foi um vendaval que destruiu muito da estrutura que a Rodonaves tinha: o telhado, caminhões, estruturas inteiras foram para o chão.

“Foi um momento de choque, porque estávamos a menos de cinco meses trabalhando sozinhos, sem a parceria da Santa Cruz”, diz. “Os clientes nos ajudaram muito nessa época, continuaram nos pagando, aceitando condições diferentes de pagamento, o seguro também ajudou, e a própria comunidade. As empresas de reforma venderam os materiais e aceitaram o pagamento em 60 dias”. 

No final daquele fatídico ano de 1994, a Rodonaves já estava voltando a crescer e a comprar: adquiriu dois caminhões novos. Em 1995, a mesma coisa. E fecharam aquele ano atendendo mais de 200 cidades. “E aí, não parou mais”, diz Naves.

Qual o modelo de crescimento da Rodonaves

A Rodonaves cresceu bastante fechando parcerias com outras pequenas transportadoras e distribuidoras regionais. Também abriu filiais próprias.

“Depois de Ribeirão, arrumei um parceiro só para fazer o sul de Minas Gerais”, diz. “Depois, fui para o Paraná. Queria que fosse com parceiros, mas não consegui e abri uma filial própria. Depois, Goiás, Brasília, Santa Catarina, Mato Grosso e Rio Grande do Sul”. 

Hoje, a Rodonaves atende praticamente todo o país. Falta ainda parte do Norte e do Nordeste, mas já há projetos em andamento para atender também empresas e frete fracionado por lá. 

“Tem muito mais parceria que filiais”, afirma Naves. “Os parceiros deram certo. A responsabilidade é compartilhada. Sempre dividimos o frete com todos eles”. 

Atualmente, a perspectiva de crescimento está atrelada há dois fatores: o e-commerce e o agronegócio. Sobre as vendas pela internet,  mesmo com uma arrefecida após o boom da pandemia, as vendas no varejo digital, por exemplo, cresceram 20,1% no primeiro semestre de 2023, quando comparadas com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Linx. E o agronegócio é a principal aposta do grupo neste momento. Estão fechando contratos para ampliar os serviços nesse segmento, inclusive transportando maquinários e implementos agrícolas.

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