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Com pé no acelerador, Ferrari decidiu "ignorar" a crise do coronavírus

Montadora de carros de luxo italiana conseguiu aumentar produção em meio à pandemia e espera lucrar 1 bilhão de dólares em 2020

Ao que tudo indica, a pandemia pouco conseguiu frear as ambições da famosa escuderia italiana (Charles Leclerc FIA/Handout/Reuters)

Ao que tudo indica, a pandemia pouco conseguiu frear as ambições da famosa escuderia italiana (Charles Leclerc FIA/Handout/Reuters)

LB

Leo Branco

Publicado em 3 de agosto de 2020 às 07h06.

Última atualização em 3 de agosto de 2020 às 15h46.

A Ferrari, uma das marcas mais conhecidas (e valiosas) do mundo por causa dos carros de luxo e da equipe de Fórmula 1, divulga os resultados financeiros do segundo trimestre nesta segunda-feira.

Ao que tudo indica, a pandemia pouco conseguiu frear as ambições da famosa escuderia italiana. Em maio, época em que boa parte do mundo já havia fechado fronteiras e encerrado boa parte das atividades econômicas na tentativa de conter o avanço do vírus, a empresa anunciou a investidores a intenção de lucrar 1 bilhão de dólares em 2020.

O anúncio foi uma exceção notável. Em meio à sucessão de percalços causados pelo vírus – a começar pela falta de peças, presas na China por causa das primeiras medidas do governo chinês para conter a pandemia, até o fechamento de concessionárias nas outras partes do mundo também afetadas pela crise sanitária –, muitas montadoras reduziram a projeção de lucros em mais de 50% ou mesmo pararam de divulgar expectativas para 2020.

No primeiro trimestre, a Ferrari mal sentiu os efeitos da pandemia. Apesar de fechar as fábricas em março, por causa do lockdown na Itália, a produção foi retomada após um mês. O 'pit stop' forçado não impediu a marca de aumentar 5% a produção no trimestre. Com isso, o faturamento caiu apenas 1%, muito menos do que estavam esperando os analistas.

Entre os motivos para a resiliência da Ferrari está nos consumidores de luxo da China, onde a pandemia causou estragos pequenos na comparação com o visto em países do Ocidente. Em três anos, a China deve representar 28% das vendas de luxo no mundo, nas contas da consultoria Bain & Company. No ano passado, era apenas 11%.

Em 2019, as vendas de carros da Ferrari a consumidores chineses cresceram ao redor de 10%, fazendo do país o terceiro maior mercado da montadora, atrás de Reino Unido e Alemanha.

Em maio, o valor de mercado da Ferrari chegou a 30 bilhões de dólares. Assim, ultrapassou o da americana General Motors (GM), uma concorrente muito maior. Das fábricas da Ferrari saem 10.000 unidades por ano. Da GM, 7 milhões.

Para os investidores, contudo, a força da marca Ferrari entre endinheirados mundo afora -- e em particular na China -- é um caminho mais rápido e seguro para lucrar.

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