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CEEE entra na fila das privatizações por crise financeira no RS

O RS apresentou na segunda-feira planos de federalizar ou privatizar a CEEE como parte de uma série de medidas de reestruturação do Estado

CEEE: há pouca expectativa de algum esforço federal para salvar a empresa em um momento em que a União busca incentivar privatizações (Wikimedia Commons)

CEEE: há pouca expectativa de algum esforço federal para salvar a empresa em um momento em que a União busca incentivar privatizações (Wikimedia Commons)

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Reuters

Publicado em 22 de novembro de 2016 às 18h10.

São Paulo - A estatal gaúcha CEEE, responsável pelo fornecimento de energia no Rio Grande do Sul e com ativos em geração e transmissão, deverá ser a próxima empresa do setor elétrico a entrar em uma fila de privatizações planejadas pela União e Estados, afirmaram especialistas à Reuters nesta terça-feira.

O governo do Rio Grande do Sul apresentou na segunda-feira planos de federalizar ou privatizar a CEEE como parte de uma série de medidas de reestruturação do Estado em meio a uma enorme crise financeira.

Mas há pouca expectativa de algum esforço federal para salvar a empresa em um momento em que a União busca incentivar privatizações, inclusive com a disponibilização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para realizar estudos e assessorar os processos de alienação de estatais.

"Possivelmente o governador aventou a possibilidade de federalização para evitar críticas mais ideológicas contra privatizações", disse o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ), Nivalde de Castro.

O analista da consultoria Thymos Energia, Ricardo Savoia, disse que o atual momento de crise fiscal no Brasil favorece movimentos de privatização, como é o caso também do recente anúncio do governo do Estado de São Paulo de que irá vender sua fatia na geradora Cesp.

Ele ressaltou ainda que as atividades de distribuição de energia são intensivas em capital, o que também gera dificuldades para a gestão estatal no atual contexto brasileiro.

"Há uma necessidade de investimento que está difícil para o Estado com recursos próprios. De alguma maneira tem esse movimento (dos Estados e da União) de tentar se capitalizar, uma vez que os recursos são escassos em tempos de crise", afirmou.

Para Castro, do Gesel-UFRJ, a grande favorita a uma eventual aquisição da CEEE na licitação seria a CPFL Energia, maior elétrica privada do país.

A CPFL já administra uma distribuidora que também atua no Rio Grande do Sul, a Rio Grande Energia, e acaba de fechar a aquisição de outra empresa na região junto à norte-americana AES, a AES Sul.

Castro afirmou ainda acreditar que seria possível vender a empresa por um valor interessante, mesmo com os constantes prejuízos sofridos nos últimos anos pela CEEE.

"Nada de preço simbólico, pois o prejuízo é por conta de má gestão... a CEEE tem um valor alto para a CPFL em função das economias de escala que vai gerar dada a proximidade da RGE e AES Sul", explicou, sem citar valores.

Procurada, a CPFL afirmou que sempre analisa possíveis aquisições "com foco na captura de sinergia entre as operações", mas disse que um eventual interesse nos ativos da CEEE "dependerá das condições do leilão de privatização, caso eventualmente isso venha a ocorrer".

Em seu plano "Um Novo Estado, um Novo Futuro" divulgado na segunda-feira, o governo gaúcho disse que a privatização ou federalização da CEEE tem como objetivo "recuperar a capacidade de investimento, visando à melhoria dos serviços prestados à população".

O Rio Grande do Sul também listou a estatal de comercialização e distribuição de gás natural canalizado SulGás como alvo de federalização ou privatização, "por sua importância estratégica, aliada à incapacidade financeira do Estado de investir no setor".

Antes do anúncio das medidas do Rio Grande do Sul, a CEEE trabalhava em um plano estratégico de venda de ativos e corte de empregos para se reestruturar.

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