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Brechós, pijamas e roupas mais sustentáveis: qual será o futuro da moda

Diversas marcas lançaram peças feitas com tecidos antivirais, de olho no coronavírus, e outras criaram roupas mais sustentáveis

Brechós, dos tradicionais a versões de luxo, serão mais comuns, já que consumidores estarão mais preocupados com a pegada ambiental de seu guarda-roupa (Walmart/ThredUP/Divulgação)

Brechós, dos tradicionais a versões de luxo, serão mais comuns, já que consumidores estarão mais preocupados com a pegada ambiental de seu guarda-roupa (Walmart/ThredUP/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 13 de julho de 2020 às 06h00.

A moda no futuro será mais confortável e mais sustentável. Ao menos, é o que indicam lançamentos e transformações realizadas nos últimos meses, de pequenas marcas a grandes fabricantes de roupas. 

Diversas marcas lançaram máscaras e camisas feitas com tecidos antivirais, de olho na pandemia do novo coronavírus. Outras companhias lançaram roupas mais sustentáveis, que suportam melhor as constantes lavagens para inibir a contaminação pelo vírus. 

As empresas também estão mais sustentáveis, investindo em máquinas que gastam menos água para produzir cada peça de roupa e apostando no mercado de segunda mão, para tentar tentar reduzir a pegada ambiental da indústria de moda, a segunda mais poluente do planeta.

Veja abaixo algumas das tendências e lançamentos que apontam para qual será o futuro da moda. 

Lojas mais personalizadas

Uma mala com uma seleção de roupas chega na casa da consumidora, que as experimenta, escolhe o que gostaria de comprar e agenda a devolução do restante. As peças foram escolhidas por uma inteligência artificial com base no seu histórico de compra e as últimas tendências de moda. Unindo conveniência e praticidade, a Youcom, marca de moda jovem do grupo Renner, está testando essa modalidade de vendas com algumas consumidoras mais frequentes. A ideia é que, para cada consumidor, a experiência de compra seja diferente, incluindo a vitrine visualizada nos sites de compra da empresa.

Produção sob medida

Com inteligência artificial, o modelo de fast fashion evoluiu. As empresas podem fazer coleções cada vez mais curtas, menos espaçadas entre si, para acompanhar as últimas tendências. 

É o caso da Renner. Antes, o ciclo de produção de peças da Renner era de seis a nove meses. Hoje leva de 10 a 45 dias nos produtos nacionais. O modelo permite que a empresa trabalhe com menos estoque e consiga atender com mais rapidez às tendências buscadas pelos clientes.

“O fast fashion é um termo pejorativo, que remete a um consumismo desenfreado. A velocidade na nossa cadeia não serve ao consumismo. Ela serve para sermos responsivos à demanda do cliente. Melhorar processos é sustentável e fazemos isso. Mas produzir só o necessário e evitar desperdícios é ainda mais", disse o presidente da empresa Fabio Adegas Faccio à EXAME.

Roupas em games

Com a pandemia, varejistas e fabricantes que dependiam fortemente do mercado físico precisaram adaptar suas vendas. Surgiram novos canais de venda dos mais diversos, de vendas pelo Whatsapp, Instagram e, claro, em marketplaces.

A Amaro, marca de roupas que nasceu no mundo online, foi ainda mais longe em seus canais de venda. A empresa lançou um perfil no game que se tornou a sensação das redes no mundo inteiro durante a quarentena, o Animal Crossing New Horizons.

A Mara, modelo virtual criada pela Amaro no último mês, será a mais nova habitante do vilarejo. O objetivo é recolher informações sobre tendências do estilo de vida dos personagens do jogo, que servirão de inspiração para a próxima coleção da marca, a Cross Collection. 

Segunda mão

Brechós, dos tradicionais a versões de luxo, serão mais comuns. A indústria da moda é uma das mais poluentes no mundo, principalmente por conta da produção em fast fashion. Por isso, a venda de roupas de segunda mão é uma alternativa para deixar o mercado mais sustentável. Especialistas acreditam que daqui a dois anos o mercado de roupas usadas será maior do que a venda de roupas novas.

O Walmart passou a vender roupas usadas nos Estados Unidos em maio, em um novo site com mais de 750.000 peças disponíveis, entre roupas femininas, acessórios, sapatos e roupas de criança. O projeto é uma parceria com a ThredUP, empresa americana especializada em roupas de segunda mão no formato de brechó. 

Pegada ambiental menor

A macrotendência de sustentabilidade também deve se aplicar aos tecidos e aos processos de fabricação das peças de roupa. 

Pensando em diminuir a poluição causada pela produção de suas peças, a Malwee trabalha para mudar sua forma de produção - e, dessa forma, influenciar o mercado. A companhia comprou uma máquina que reduz o consumo de água na lavagem de jeans de 100 para 2 litros e já consome em média 20% menos água do que outras fabricantes. A empresa também busca fazer roupas duráveis e que sejam usadas muitas e muitas vezes. Afinal, mais de 70% do que as pessoas têm no guarda-roupa não é utilizado num período de um ano.

A Farfetch, plataforma para o setor de moda de luxo, lançou a ferramenta de Fashion Footprint do consumidor – pegada de moda – com o objetivo de fazer com que os clientes possam ver, com facilidade, de que forma podem ajudar o planeta com seus guarda-roupas. A ferramenta considera os impactos ambientais médios, como emissão de carbono, uso de água e geração de resíduos dos tecidos de moda.

Roupa antiviral

Um dos maiores impactos para o mercado da moda foi a pandemia do novo coronavírus. A crise obrigou empresas a fecharem suas lojas por semanas e a investirem no comércio eletrônico. Mais do que isso, a pandemia influenciou o tipo de tecido usado nas roupas. 

A Lupo lançou máscaras com uma tecnologia bactericida e antiviral e até agora já vendeu 2 milhões de unidades, seguindo um lançamento feito pela Malwee. A multinacional brasileira Vicunha está lançando uma coleção inédita no segmento de jeanswear que promete “derreter” a membrana de revestimento do SARS-CoV-2, popularmente conhecido como coronavírus. 

Estética minimalista

Roupas mais confortáveis, básicas e até pijamas: essa é a última tendência de moda. Nos últimos meses, varejistas do Brasil e do mundo investiram em uma nova categoria, a de roupas de ficar em casa. O CEO do grupo Icomm, Eduardo Kyrillos, responsável pelos sites OQVestir e Shop2Gether, vai na mesma linha ao analisar que, desde 16 de março, as vendas de peças íntimas e as mais relaxadas, chamadas pela indústria do luxo de loungewear, dobraram nas plataformas do grupo. Segundo ele, a busca por esse tipo de produto fez a Shop2Gether passar de 10.000 para 20.000 novos clientes por mês.

 

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