Bradesco: preocupações internas do Brasil são maiores que Trump
Ajuste fiscal, reforma tributária e corte de gastos públicos são as prioridades do país agora
Tatiana Vaz
Publicado em 10 de novembro de 2016 às 12h07.
Última atualização em 10 de novembro de 2016 às 12h28.
São Paulo – A incerteza mundial com relação ao futuro da economia a partir do comando de Donald Trump nos Estados Unidos preocupa menos o Brasil do que a urgência na resolução dos desafios internos, afirmou hoje o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco.
“Na economia brasileira, claro que tem reflexo, mas os desafios que o país tem de enfrentar são bem maiores do que as questões de fora”, afirmou ele em teleconferência com jornalistas.
Ajuste fiscal, reforma tributária e corte de gastos públicos são as prioridades do país agora, acredita o executivo. “As chaves dos nossos problemas muitas vezes estão na nossa porta e é essa a situação do Brasil hoje”.
Trabuco acredita que a eleição é apenas a democracia funcionando e que o susto com o resultado fez com que os mercados se deteriorassem – situação agora quase normalizada.
“Toda a mudança política traz ansiedade, mas os fatos se sobrepõem as ideias, principalmente em um mundo globalizado”, disse.
O pior já passou
O banco prevê uma melhora de crédito a partir de 2017, com uma evolução mais acelerada do PIB a partir de 2018 porque o Brasil “parou de piorar”.
“Acho que já chegamos no fundo do poço e alguns fatores nos levam a crer que isso não seja um otimismo exagerado”, comentou o executivo.
Entre eles estão preços de ativos finalizados, câmbio mais estável e a leve recuperação da bolsa, critérios que antecipam o processo de retomada de qualquer economia.
Indicadores de um ambiente de maior esperança, causa mais confiança e, por consequência, mais investimento, alertou Trabuco. “Por isso esperamos a melhora de crédito”, disse.
O banco não tem um guidance de margem ainda, mas espera para 2017 um crescimento de crédito no sistema como um todo em algo de 5%.
"Para o Bradesco, esperamos um aumento próximo a isso, o que deve recomporá a margem como um todo e a melhora do volume de crédito concedido", afirmou ele.
Efeito HSBC
No terceiro trimestre, o banco teve de um lucro líquido de R$ 3,2 bilhões, queda de 21,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
Outros indicadores, como aumento de gastos e despesas e aumento da inadimplência foram, em parte, explicados pelo “efeito HSBC ”.
A margem de intermediação, comparada aos ativos médios, atingiu 12,7% com os negócios combinados e ajustes de R$ 776 milhões foram feitos no período.
Despesas de provisão, administrativa, lucro recorrente e impacto da carteira – todos os impactos aconteceram em um momento de queda de crédito, o que influenciou ainda mais.
“Acreditamos que esses impactos serão menores com a mudança do ciclo da economia brasileira com a queda dos juros e outros indicadores de melhora”, comentou Trabuco.