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Blip acelera internacionalização, faz a primeira aquisição no México e finca os pés na Europa

A empresa iniciou a expansão internacional pelo país nos últimos meses, com a abertura de uma operação própria. Agora, compra a startup Gus

Roberto Oliveira, Jaime Navarro, Marcelo Hein, da Blip: o México apresenta muitas oportunidades e é também hub para negócios com outros países hispanohablantes (Blip/Divulgação)
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 18 de dezembro de 2023 às 08h30.

Última atualização em 6 de junho de 2024 às 10h19.

A Blip, antes conhecida como Take Blip, deu mais um passo em seu processo de internacionalização e está anunciando a compra da startup mexicana Gus.A empresa brasileira desenvolve ferramentas de comunicação para conectar empresas e seus clientes.

Na lista de soluções, estão plataformas capazes de substituir os SMS, gerenciando as conversas em aplicativos como o WhatsApp e Instagram.Criada em 1999, em Belo Horizonte, Minas Gerais, a companhia tem quase 4.000 clientes, que usam os seus serviços em mais de 170 países.

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A empresa iniciou a expansão internacional entrando no México nos últimos meses, com a abertura de uma operação própria. A unidade é comandada pela mexicana Diana González, executiva com passagens por empresas como Meta, Google e IBM, e tem um time de 10 pessoas.

Com a aquisição da Gus, 60 profissionais serão incorporados ao negócio no México. A startup tem ainda 20 pessoas em seu escritório em Madri, na Espanha.

Ou seja, ao mesmo tempo que aumenta a presença na Cidade do México, a Blip passa a ter, pela primeira vez, uma atuação na Europa.

“Nós acreditamos que o México está no mesmo nível em que estávamos aqui no Brasil em 2020 e 2021 em termos de experiências para o cliente”, afirma Marcelo Hein, Chief Strategy Officer e responsável pela área de fusões e aquisições da Blip. “E há muito espaço para crescer”.

O país exerce ainda o papel de ser um hub de negócios para que a Blip se conecte com outros países hispanohablantes.

O que faz a mexicana Gus

A Blip comprou 100% da startup e, assim como os funcionários, os fundadores permanecerão no negócio.

A startup foi fundada em 2015 por Jaime Navarro, Daniel Zenteno e Pablo Estévez, e usa NLP (processamento de linguagem natural) para oferecer serviços conversacionais a partir de aplicativos de mensagens.

“Eles têm o mesmo perfil de clientes, fazem sucesso com grandes contas, têm casos fantásticos com seguradoras no México e também conseguem atender o cliente menor”, afirma Hein.

No portfólio dos mais de 100 clientes, estão nomes como Cinépolis, Nestlé e Ikea. No médio prazo, o objetivo é fazer a integração entre as duas operações. O valor da transação não foi revelado.

Essa é a segunda aquisição na história na Blip. Em janeiro de 2022, a empresa anunciou a compra da Stilingue, plataforma que usa inteligência artificial para o monitoramento e análise de conversas nas redes sociais.

Como funciona o plano de expansão da Blip

As duas negociações fazem parte de um plano de aceleração inorgânica da Blip, baseado em dois pilares. O primeiro é complementar o portfólio, foco da compra da Stilingue.

O segundo ampliar a escala, caso da Gus. O detalhe é que essa vertente olha mais para a fora do país, buscando novas geografias para expandir o negócio.

A agenda, já em curso no início de 2022, ganhou um novo impulso com a captação de US$ 70 milhões em meados daquele ano, em rodada série B liderada pela gestora americana Warburg Pincus.

Os recursos gerados em casas, somados ao aporte, alimentam o apetite para a expansão inorgânica. A divisão de M&A da empresa está de olho em oportunidades nos Estados Unidos, Europa e ainda países do Oriente Médio.

Parte da estratégia da Blip é estar bem posicionada em regiões que ainda estão aprendendo a se conectar com o mundo do marketing conversacional. O timing certo da entrada pode significar um carteira mais robusta de clientes e dígitos a mais na receita.

Este é um setor que cresce a passos rápidos, com a expansão digital nos últimos anos, o incremento de novas soluções, como recursos de pagamentos, e o impacto da inteligência artificial generativa, desde novembro de 2022 com o ChatGPT.

Só o comércio conversacional, um dos casos de usos, deve movimentar mais de US$ 25 bilhões mundialmente em 2023. O valor representa alta de 89% em relação aos números do ano passado, segundo projeção da consultoria especializada em ecossistema digital Juniper Research.

O que esperar da operação em 2024

Além das aquisições, os investimentos da Blip no próximo ano estão centrados em fortalecer a oferta de negócios. Como não poderia de ser, a empresa tende a avançar nas aplicações de AI generativa, tecnologia com a capacidade de transformar o setor.

Hoje, mais de 100 clientes estão usando AI generativa em seus canais, ainda em fase de testes.

As aplicações variam e passam por:

“Essa fusão da tecnologia que está por trás do chatGPT com o WhatsApp é uma coisa assim, como eu gosto de falar: imparável”, afirma Roberto Oliveira, CEO e cofundador da Blip. “Acredito que vamos rodar em escala”.

Outra aposta para o ano está em pagamentos dentro das redes sociais, como o WhatsApp. O recurso de pagamento nativo foi liberado recentemente no país pelo Banco Central e é apontado como uma tendência.

Em 2023, a Blip deve registrar um crescimento no faturamento em torno de 50%, mesmo percentual estimado para 2024.  Em termos de receita anual, a empresa vai fazer R$ 740 milhões de reais,  alta de 23% sobre 2022.

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