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Após falência renal, brasileira fatura R$ 42 milhões em 5 anos na área da saúde

Empresária é uma das sócias da Faculdade Saúde Avançada, que hoje conta com mais de 30 mil alunos pelo Brasil

Gisele Hedler, CEO da FSA: Entendi que muitos profissionais da área da saúde não se atentavam para a ligação entre a vida emocional e a vida nutricional. Vi, então, um gargalo no mercado que poderia ser explorado (Diego Frigo/Divulgação)

Gisele Hedler, CEO da FSA: Entendi que muitos profissionais da área da saúde não se atentavam para a ligação entre a vida emocional e a vida nutricional. Vi, então, um gargalo no mercado que poderia ser explorado (Diego Frigo/Divulgação)

Publicado em 1 de agosto de 2023 às 15h41.

Última atualização em 4 de agosto de 2023 às 10h20.

Uma doença grave nos rins, junto com o diagnóstico de alergia alimentar tardia, levou Gisele Hedler a mudar completamente seus hábitos de vida e ainda investir em um grande negócio de saúde de faturamento milionário. Em 2018 a empresária se tornou sócia da Faculdade de Saúde Avançada que em 5 anos faturou R$ 42 milhões e conta hoje com mais de 30 mil alunos no Brasil.

“Sinto a necessidade de levar o conhecimento sobre como o bem-estar do corpo e da mente afeta nossa saúde, porque meu pai, que morreu por causa de uma doença renal, não soube a origem do problema. Hoje luto contra a mesma doença, mas conheço a sua causa”, afirma Gisele.

Como tudo começou

Desde criança Gisele tinha o sonho de empreender, mas não imaginava que seria na área da saúde e de uma forma tão traumática. Aos 14 anos, ela lembra que seu pai foi diagnosticado com falência dos rins e passou a fazer hemodiálise.

“Eu encontrava meu pai sempre na missa. Ele ia visitar os doentes toda quarta de tarde, mas em um dos dias, ele não apareceu. Foi quando um menino chegou avisando que meu pai estava desmaiado na rua.”

No hospital, Gisele conta que a família descobriu que seu pai perdeu os dois rins sem nunca ter tido um problema renal. “Desde esse dia, eu sempre quis descobrir o que aconteceu com o meu pai."

Depois de 15 anos fazendo hemodiálise, o pai de Gisele não resistiu e acabou falecendo. A empresária, que também tinha problemas de saúde, buscou conhecer mais sobre a doença.

“Desde criança eu também passava muito mal com dores de cabeça, enjoo e até com problemas intestinais e ninguém descobria o que me fazia mal. O histórico de saúde do meu pai me trouxe um alerta, e os meus sintomas a necessidade de conhecer mais sobre o funcionamento do corpo humano.”

Gisele, que até então era formada em publicidade e dona de uma agência, decidiu investir no curso superior de nutrição.

“Comecei a cursar a faculdade de nutrição e durante esse período, me interessei sobre alergias alimentares tardias. Foi aí que encontrei muitas respostas para o meu problema genético”, diz a CEO.

Durante a graduação, Gisele descobriu em 2017 que tinha a mesma enfermidade do seu pai, que ela conheceu pelo nome “nefropatia por IgA”. O diagnóstico de que ela tinha apenas 28% da função renal não foi motivo de desespero, e a levou a investir literalmente no setor de saúde.

O conhecimento abre caminhos

Durante a faculdade de nutrição, Gisele conheceu o nutricionista Gabriel de Carvalho que foi seu chefe na sua fase de estagiária.

“Entendi que muitos profissionais da área da saúde não se atentavam para a ligação entre a vida emocional e a vida nutricional e percebi também que ninguém estava falando sobre alergias tardias como o Gabriel havia falado comigo. Vi, então, um gargalo no mercado que poderia ser explorado”.

Movida por um propósito (porque encontrou nos efeitos colaterais de “alergias alimentares” todos os seus sintomas), em 2018 Gisele se uniu ao nutricionista Gabriel que a ensinou sobre alergias tardias e juntos, começaram a vender cursos on-line sobre Nutrição Funcional, em que ele dava as aulas e Gisele ficava à frente da gestão e da publicidade.

A nova forma de empreendimento deu tão certo que, no mesmo ano, faturaram R$ 2 milhões e decidiram concretizar um sonho juntos: fundar a Faculdade Saúde Avançada (FSA).

“Não consegui terminar o curso de Nutrição, porque a empresa cresceu muito rápido e a demanda de trabalho triplicava ano após ano. Não esperávamos um crescimento tão acelerado”.

A Faculdade que sempre foi online, não sofreu com os impactos da pandemia, afirma Gisele. Hoje há uma sede física para os funcionários, mas as entregas continuam sendo online.

“Entregamos cursos sobre nutrição funcional voltados não apenas para nutricionistas, mas também para médicos, psicólogos e enfermeiros dentro da função de cada um.”

Necessidades geram novos investimentos

Além da FSA, Gisele também lançou, no início de 2023, um colágeno de desenvolvimento próprio.

“Eu fiz 40 anos e queria tomar um colágeno bom. Mas a maioria dos suplementos disponíveis hoje no Brasil tem os ativos necessários, mas não têm a dosagem integral. Tem que ter uma sincronia de nutrientes que, juntos, absorvam e façam diferença”, afirma a CEO.

A expectativa com o produto é alta. Venderam toda a primeira remessa em uma live realizada no Instagram, e ela prevê um faturamento de R$ 21 milhões para esse ano, sendo 15% da receita por causa do colágeno.

Um outro investimento deve ser lançado nos próximos meses e promete inovar o setor de saúde. É a Genexia, um laboratório genético, que irá oferecer aos pacientes no Brasil exames que analisam o DNA de cada indivíduo e todo o material será estudado em Israel.

“A gente entende que, para tratar a sua individualidade, não basta apenas o exame químico, porque ele vai mostrar o que está acontecendo na sua célula naquele momento e o resultado poderá mudar em minutos. Já por meio do exame genético será possível conhecer as possíveis doenças que a pessoa poderá desenvolver, como obesidade, alergias e até câncer.”

Com seu histórico pessoal e profissional, Gisele afirma que conhecer sobre saúde foi o melhor investimento que ela poderia ter feito:

“Desde criança sinalizei um problema de saúde que ninguém descobriu e que estava relacionado à alergia alimentar, que pode resultar em problemas mais sérios como a disfunção renal. O nosso corpo não foi preparado para comer sempre as mesmas coisas ao longo da vida. A natureza tem um ciclo, assim como as estações, mas nós comemos tudo o que está disponível.”

Com uma melhor nutrição, que se baseia em alimentos nutritivos, suplementação, bom sono e saúde mental, Gisele afirma que viu melhoras no seu diagnóstico renal:

“Nos últimos exames, a minha função renal passou de 28% para 31%. Os médicos ainda não sabem explicar o motivo da melhora, mas fato é que o meu desafio diário é não perder o pouco que eu tenho e acredito muito que a minha alimentação e a minha mentalidade estão ajudando neste processo. Enquanto isso, por meio da Faculdade e dos treinamentos, promovo o conhecimento sobre uma dor que hoje virou uma causa.”

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