Negócios

América Latina pode ser joia de acordo entre AT&T e DirecTV

Proposta de aquisição dará à maior operadora de telefonia móvel dos Estados Unidos uma presença firme na América Latina


	DirecTV: operações na América Latina têm sido consideradas as joias da coroa nos últimos anos
 (Wikimedia Commons)

DirecTV: operações na América Latina têm sido consideradas as joias da coroa nos últimos anos (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2014 às 11h42.

Nova York - A proposta de aquisição da DirecTV pela AT&T dará à maior operadora de telefonia móvel dos Estados Unidos uma presença firme na América Latina, região que oferece grande potencial de crescimento em televisão paga e banda larga móvel.

A DirecTV, com seus 18 milhões de assinantes nas Américas Central e do Sul, é a maior fornecedora de TV paga na região, onde o mercado para tais serviços já está crescendo a um ritmo muito mais rápido que no maduro mercado norte-americano.

A DirecTV está "em vantagem quando comparada a (serviços de) cabo e telecomunicações na América Latina", disse a AT&T em um comunicado que anunciou sua proposta de 48,5 bilhões de dólares, no domingo."A América Latina tem um mercado de TV paga subexplorado - cerca de 40 por cento dos lares assinam TV paga -, conta com uma crescente classe média, e é o segmento de clientes da DirecTV que cresce mais rápido." 

Salientando a importância da América Latina para a lógica do negócio, a AT&T disse que se desfaria de sua fatia de 5 bilhões de dólares na América Móvil, de Carlos Slim, para amenizar questões regulatórias e, assim, obter os negócios da DirecTV na região.

As operações da DirecTV na América Latina têm sido consideradas as joias da coroa nos últimos anos, respondendo por 95 por cento do crescimento da base de assinantes, mas por apenas 20 por cento das receitas.

A DirecTV espera que a receita fique na faixa entre 8 bilhões a 9 bilhões de dólares até 2016, abaixo da previsão anterior de 10 bilhões de dólares. A DirecTV possui cerca de 93 por cento da Sky Brasil, maior fornecedora de TV por satélite do país.

A empresa detém 41 por cento da Sky Mexico, controlada pela mexicana Televisa e com atuação no México, América Central e República Dominicana.

A companhia também possui 100 por cento da PanAmericana, que oferece serviços de TV via satélite sob a marca DirecTV em países como Venezuela, Argentina, Chile, Colômbia e Porto Rico.

Em dezembro, a DirecTV disse que sua taxa de crescimento anual composto foi de 22 por cento na Argentina, 16 por cento na Venezuela e de cerca de 32 por cento em outros países servidos pela PanAmericana, como Colômbia e Chile.

Mais fusões?

A companhia resultante da associação entre AT&T e DirecTV também pode tirar vantagem de oportunidades de aquisição que a DirecTV não poderia fazer sozinha.

Em 2013, a DirecTV estava buscando comprar a GVT, da francesa Vivendi, que fornece banda larga, telefonia e TV paga em 149 cidades brasileiras. As conversas não avançaram porque o lado vendedor considerou as ofertas recebidas muito baixas.

Um ativo que analistas mencionaram como potencial alvo de compra é a operadora móvel TIM Participações, em meio a expectativas de venda neste ano pela controladora Telecom Italia.

Isso pode dar à AT&T uma oportunidade para acelerar o desenvolvimento da DirecTV no segmento de banda larga móvel de alta velocidade no Brasil, ganhando acesso aos 73 milhões de clientes da TIM no país.

Obstáculos 

Alguns países na América Latina, entretanto, apresentam menores oportunidades de crescimento e formidáveis obstáculos econômicos.

Flutuações cambiais e inflação são crescentes problemas na região. O peso argentino caiu 24 por cento na comparação anual, enquanto ameaças de instabilidade política assombram os negócios da DirecTV na Venezuela, onde é a principal fornecedora de TV paga, com uma participação de mercado de 43 por cento.

Com a depreciação cambial na Venezuela e na Argentina, a receita média por usuário (ARPU, na sigla em inglês) da PanAmericana no primeiro trimestre caiu para 41,23 dólares, ante 46,54 dólares um ano antes.

No Brasil, onde a Sky tem cerca de 30 por cento do mercado, o real também sofreu depreciação. A receita por assinante nos Estados Unidos, enquanto isso, subiu para 100,16 dólares no primeiro trimestre, ante 96,05 dólares um ano antes.

Em fevereiro, Craig Moffett, analista da MoffettNathanson, disse que um maior desligamento de usuários, menor receita por assinante e maiores custos de aquisição de clientes estavam afetando os negócios latino-americanos da DirecTV no primeiro trimestre. Mesmo assim, ele afirmou que grande parte desse incômodo refletia mudanças cambiais, e não a deterioração de fundamentos. 

Na América Latina, "a penetração ainda é baixa, a renda está crescendo e a marca da DirecTV é muito, muito forte", acrescentou Moffett.

Nova tecnologia

Nos Estados Unidos, a DirecTV fornece apenas serviços de televisão. Mas na América Latina, a companhia tem lentamente evoluído para serviços de banda larga móvel, em uma região onde a fraca infraestrutura tem atrasado a adoção de serviços de Internet de alta velocidade.

A companhia possui frequências que cobrem 43 milhões de domicílios na Argentina, Brasil, Colômbia e Peru. A empresa busca fornecer serviços de Internet para mais de 5 milhões de lares nestes países até o fim de 2014, segundo seu site.

A AT&T tem ampla experiência em aquisição de espectro móvel e a América Latina fornece amplas oportunidades para maior crescimento de serviços de Internet.

A penetração de banda larga no Brasil, por exemplo, é de apenas 33 por cento, de acordo com a BTIG Research. "A DirecTV tem sido bastante conservadora em sua abordagem na América Latina. Há oportunidade para um novo dono explorar mais crescimento, particularmente em banda larga móvel, onde eles têm visto sucesso inicial", disse o analista Walt Piecyk, da BTIG.

Acompanhe tudo sobre:acordos-empresariaisAT&TDirect TVEmpresasEmpresas americanas

Mais de Negócios

Senai-MG leva inovação e tecnologia à indústria mineira

Ele foi dos R$ 5 mil aos R$ 100 milhões unindo agricultores ao consumidor

Uma dor de (quase) todo mundo fez esta empresa de SP faturar R$ 200 milhões

Grupo de restaurantes de Manaus fatura R$ 63 milhões e mira na força do Norte para crescer