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Accor aposta em consolidação do setor para driblar crise

A companhia prevê ampliar sua participação no ainda fragmentado mercado hoteleiro do Brasil, disse o presidente da AccorHotels América do Sul

Accor: "O mundo hoteleiro está ficando mais complexo, exigindo mais diversificação e acesso ao inventário", disse Mendes (Antoine Antoniol/Bloomberg)

Accor: "O mundo hoteleiro está ficando mais complexo, exigindo mais diversificação e acesso ao inventário", disse Mendes (Antoine Antoniol/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 13 de abril de 2017 às 18h58.

São Paulo - A AccorHotels, maior rede hoteleira europeia, está se diversificando e reforçando a aposta em consolidação no Brasil como forma de reagir ao avanço dos grupos de reservas online e à forte recessão do país, que tem pressionado o setor, disse à Reuters o principal executivo do grupo na América do Sul.

Com foco em novos empreendimentos em cidades de médio porte, no fortalecimento de seu próprio portal online de reservas com hoteis de terceiros e na oferta de serviços de sua rede para não turistas, a companhia prevê ampliar sua participação no ainda fragmentado mercado hoteleiro do Brasil, disse o presidente da AccorHotels América do Sul, Patrick Mendes.

"O mundo hoteleiro está ficando mais complexo, exigindo mais diversificação e acesso ao inventário", disse Mendes em entrevista. "Quem não conseguir reagir a isso e não tiver escala não vai sobreviver."

Junto com parceiros, a Accor vai investir 2 bilhões de reais em expansão na América Latina em 2017, sendo 70 por cento disso no Brasil, onde pretende inaugurar 30 hotéis, elevando o número de quartos de 47 mil para 52 mil no país.

Apesar da recessão e de o país não ser um dos destinos mais procurados pelos turistas internacionalmente, Mendes avalia que o Brasil tem cerca de um sexto da oferta de quartos por milhares de habitantes do que na Europa, o que justifica os novos empreendimentos.

Além disso, disse, os investimentos são para o longo prazo e ajustes podem ser feitos ao longo do tempo. É o que já tem acontecido em alguns empreendimentos mais antigos, onde a Accor tem reduzido a oferta de quartos em algumas cidades no país mais afetadas pela crise, disse o executivo sem citar quais.

Boa parte das novas unidades serão inauguradas em cidades médias, com população acima de 600 mil pessoas, muitas com suboferta de quartos, disse Mendes. Esses se somarão a aquisições feitas recentemente, incluindo a anunciada em março, quando pagou 200 milhões de reais para assumir a gestão de 26 hotéis da BHG, da GP Investments.

Essa ofensiva é parte dos esforços da Accor de, com aumento da fatia do bolo, responder à retração no setor hoteleiro no país nos últimos três anos, mesmo com eventos de visibilidade global, como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo.

Em 2016, o Brasil caiu da quarta para a quinta posição entre os mercados mais importantes da companhia, respondendo por 8 por cento das vendas do grupo.

Segundo Mendes, a tendência nos próximos anos é que o mercado hoteleiro do país tenha maior concentração. Ele citou o caso do mercado norte-americano, onde cerca de 85 por cento dos quartos estão nas mãos das grandes redes hoteleiras, enquanto na Europa essa concentração é de 40 por cento.

No Brasil, diz, apenas 25 por cento dos quartos são de grandes grupos, sendo metade disso nas mãos de redes locais. Dos hoteis com bandeiras da Accor, como Ibis, Sofitel e Mercure, cerca de um terço dos edifícios são próprios, metade alugados e o restante é licenciamento de marca.

"É razoável imaginar que, com o maior uso da Internet e maior participação das distribuidoras online, esse cenário vai mudar", disse o executivo.

Na verdade, a Accor tem reforçado seu braço digital com uma enxurrada de pequenos negócios para combater a crescente concorrência de empresas de agências de viagens online como Expedia e Booking.com, que cobram comissão de 20 a 40 por cento sobre as reservas feitas pelos usuários.

Nesse cenário, a Accor passará a listar também no Brasil em seu portal de reservas Fastbooking, ofertas de hotéis independentes, simultaneamente aos de unidades de suas 20 bandeiras de hospedagem no país.

"É uma curadoria para unidades de terceiros sobre os quais poderemos garantir aos nosso clientes que são hotéis de qualidade, com notas altas no TripAdvisor", disse Mendes.

Em outra frente, para enfrentar modelos de negócios mais recentes no setor, a Accor comprou há um ano a empresa de aluguel de estadias em casas de luxo onefinestay, uma espécie de Airbnb de alto padrão.

Determinada a por um pé em todas as tendências do mercado, a Accor na outra ponta inaugurou em março no sul da França a Jo&Jo, sua bandeira de albergues, alojamentos de baixo custo focados principalmente no público jovem.

O movimento acompanha a tendência das maiores operadoras de hotéis do mundo, incluindo Marriott, Hilton e InterContinental, que estão desenvolvendo áreas de negócios voltadas para os chamados millennials, geração de nascidos após 1980 que essas redes avaliam que serão o maior grupo de clientes por volta de 2020.

Por fim, disse Mendes, o grupo está se movendo para ampliar suas receitas oferecendo serviços que hoje são exclusivas para hóspedes, como lavanderia e delivery.

"Vamos ser um ponto de referência de serviços para as vizinhanças dos nossos hotéis", disse.

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