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A Onofre deve complicar o 2019 da Raia Drogasil — ao menos, saiu de graça

A aquisição trará uma série de desafios de curto prazo para a rede de farmácias, como aumentar as vendas por loja e transformar o negócio online

Droga Raia da Av. São Gabriel, 281 - Jardim Paulista

Foto: 
16/06/15 (Leandro Fonseca/Exame)

Droga Raia da Av. São Gabriel, 281 - Jardim Paulista Foto: 16/06/15 (Leandro Fonseca/Exame)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 27 de fevereiro de 2019 às 12h35.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2019 às 12h49.

A compra da rede de farmácias paulistana Onofre deve dificultar ainda mais uma realidade que se impôs à Raia Drogasil, maior rede de farmácias do Brasil. Em conferência com analistas na manhã desta quarta-feira, o diretor de planejamento da Raia Drogasil, Eugênio de Zagottis, e o presidente da companhia, Marcílio Pousada, afirmaram que a pressão dos custos foi e continuará sendo o maior desafio da empresa. O problema: com faturamento menor e margem negativa, a Onofre tende pesar negativamente na conta. Ao menos no curto prazo.

A Raia Drogasil fechou 2018 com 1.825 lojas, ante 1.610 do fim de 2017. A receita bruta da companhia chegou a 15,5 bilhões de reais, contra 13,8 bilhões de reais de 2017. Mas a margem ebtida da companhia encolheu, de 8,2% em 2017 para 7,7% em 2018. As despesas operacionais cresceram 0,3 ponto percentual puxadas sobretudo por maiores gastos com pessoas e aluguéis. Os preços médios também caíram, em função de um aumento de competição no mercado farmacêutico.

O ano "duro", como definem os executivos, refletiu na bolsa. As ações da Raia Drogasil recuaram 36% em 2018, mas ainda acumulam alta de 1.055% desde o IPO da Drogasil, em 2007 - a empresa se fundiu com a concorrente DrogaRaia em 2011.

A Onofre, cuja aquisição foi anunciada ontem, faturou 480 milhões de reais em 2018 e teve ebitda e lucro líquido negativos. Mas chega sem dívidas e sem passivos fiscais, segundo os compradores. Elas por elas, a empresa vendida em 2013 à rede americana CVS por 680 milhões de reais chega de graça para a Raia Drogasil. Mas a aquisição trará uma série de desafios de curto prazo.

Com a Onofre, a Raia Drogasil ganha 50 novas lojas que vendem, em média, 500.000 reais por mês, um desemprenho que pode melhorar, na avaliação dos executivos. Além disso, a Onofre faz a Raia Drogasil ganhar relevância no varejo online, de onde vem 45% do faturamento da companhia comprada. Com isso, a participação do online na receita da Raia Drogasil já passa para 8,5% do total. Mas, no curto prazo, o online tende a tirar ainda mais margem da companhia.

O plano da Raia Drogasil é usar sua capilaridade para transformar o negócio online. A empresa começa o ano com 500.000 clientes online ativos, ante 31 milhões de clientes totais. O plano é fechar 2019 com 2 milhões de clientes online ativos, mas num conceito de multicanalidade. A ideia é que os clientes possam comprar em seus celulares e retirarem nas lojas mais próximas sempre que lhes for conveniente. Com isso, segundo Marcílio Pousada, a Raia Drogasil conseguiria fugir da guerra de preços que hoje domina a venda de medicamentos pela internet.

Para além do online, a Raia Drogasil manterá a meta de abrir 240 lojas em 2019, com foco em regiões periféricas. Atualmente, 86% das unidades da rede estão concentradas em áreas centrais das grandes cidades, com moradores de classe A e B. É onde também estão as lojas da Onofre em São Paulo. Mas Eugênio De Zagottis afirma que não deve haver sobreposição de lojas, já que as unidades da Onofre chegam com clientes cativos. "É a lógica que valeu quando juntas Raia e Drogasil. Talvez não abriríamos lojas novas nos mesmos pontos, mas já que elas estão lá, com clientela, certamente não será o caso de fechar", afirmou.

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