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A grande aposta

À frente da maior empresa de afiliação do mercado de apostas no Brasil, Alessandro Valente é também criador do Brazilian iGaming Summit, evento que neste ano reuniu mais de 14.000 pessoas em São Paulo

Alessandro Valente, cofundador da Super Afiliados.

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EXAME Solutions
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Publicado em 24 de julho de 2024 às 18h00.

Mais de 100 bilhões de reais. Eia a estimativa de quanto os sites de apostas esportivas movimentam por ano no Brasil — corresponde a cerca de 1% do produto interno bruto (PIB) do país. Para uma enorme parcela da população, eles já deixaram de ser novidade há muito tempo, o que se deve, em grande medida, aos laços firmados com uma das maiores paixões nacionais, o futebol.

Levantamento feito pelo GloboEsporte. com no começo deste ano constatou que os sites do gênero são patrocinadores master de 39 dos 60 times que fazem parte das séries A, B e C. No Brasileirão, calculou o Uol, os patrocínios chegam a 450 milhões de reais.

“O potencial de crescimento do setor de apostas esportivas no Brasil é gigantesco”, diz Alessandro Valente, cofundador da Super Afiliados. “Quantas pessoas fazem apostas no país? Só 14% da parcela da população que tem mais de 18 anos de idade.”

Ele diz que o setor deveria ser visto, simplesmente, como um concorrente do cinema, do teatro e de outras áreas do entretenimento. “Precisamos desmistificar esse segmento, cuja razão de ser é divertir os apostadores. Sim, é possível ganhar dinheiro ao jogar. Mas não se trata de algo imoral ou de uma fonte fixa de renda, como algumas pessoas, erroneamente, apregoam nas redes sociais.”

Fundada em 2007, a Super Afiliados é a maior empresa de afiliação do mercado de apostas no Brasil. Em resumo, ela recorre ao chamado marketing de performance para engrossar as fileiras dos apostadores online. “Globalmente, esse tipo de estratégia responde por mais de 30% do total de novos jogadores”, explica Valente, nascido em São Paulo há 45 anos.

Quando recorre a algum site de apostas, ele costuma prometer a amigos ou familiares algo como, caso ganhe, pagar a conta de todos em algum bar ou restaurante. “Geralmente, faço uma aposta contra o time pelo qual estou torcendo”, revela. “Assim, terei motivos para comemorar, seja qual for o resultado do jogo.”

Hoje em dia, cerca de 450 sites do tipo atuam no país. As apostas foram autorizadas no Brasil por uma lei sancionada em 2018, durante a Presidência de Michel Temer (MDB). Mas ficaram faltando as regras que licenciam a atividade — a regulamentação só veio no final do ano passado, e as medidas entrarão em vigor em 1º de janeiro de 2025.

É por isso que, até agora, todas as empresas do segmento conhecidas pelos brasileiros estão sediadas, formalmente, em outros países — nada que a internet e as transações internacionais não resolvam.

Mundialmente, de acordo com a Grand View Research, o setor de apostas online movimentou 63 bilhões de reais em 2022. É uma cifra, sustenta a mesma consultoria, que chegará a 153 bilhões de dólares em 2030.

Na Inglaterra, o poder de fogo do segmento é ainda mais evidente do que no Brasil. Lá, o segundo torneio mais importante de futebol leva o nome de um desses sites, o Sky Bet, do próprio Reino Unido.

Segundo a Universidade de Londres, anúncios de plataformas do gênero costumam ser vistos entre 70% e 90% do tempo de transmissão do Match of the Day, da BBC, o programa de futebol mais relevante do país.

Em 2021, Valente criou um evento cujo propósito é fomentar o setor no país. Falamos do Brazilian iGaming Summit (BIS), cuja quarta edição foi realizada neste ano no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Com cerca de 250 expositores, reuniu mais de 14.000 visitantes — a expectativa é chegar a 18.000 na quinta edição, marcada para os dias 8, 9 e 10 de abril de 2025.

“Criamos oportunidades para que diversos players desse segmento dialoguem, inclusive, com integrantes do governo”, resume Valente. O summit é ligado à Sigma, líder mundial na realização de eventos ligados ao setor de iGaming, cassinos e casas de apostas.

O cofundador da Super Afiliados também defende o aval para os cassinos no país, algo que está em debate no Congresso. “Precisamos reverter um tabu que já tem quase 80 anos”, afirma. Refere- se à decisão do ex-presidente Eurico Gaspar Dutra (1883-1974), tomada em 1946, de proibir os jogos de azar — ele cedeu aos apelos da mulher, Carmela Dutra (1884-1947), a dona Santinha, que via a jogatina como uma imoralidade.

“Os cassinos não se resumem às apostas”, argumenta Valente. “Ajudam a impulsionar o turismo e envolvem uma porção de outros atrativos, como gastronomia e shows musicais.”

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