São Paulo - Falhas em produtos, erros na gestão, uma declaração mal interpretada ou até mesmo uma informação equivocada que circula nas redes sociais. Todos estes fatos podem mudar (ou formar) a opinião dos consumidores sobre uma empresa, da noite para o dia. Qualquer crise de imagem tem o poder de colocar em risco a reputação de uma companhia. Estar atenta e agir rápido para reverter danos causados por esses problemas é essencial. Foi assim que 9 companhias agiram este ano. Na maior parte dos casos, elas precisaram se desdobrar para não perder a confiança dos clientes.
Em setembro, a famosa marca de massas italiana Barilla sofreu uma ameaça de boicote dos consumidores nas redes sociais. Motivo: o presidente da empresa, Guido Barilla, disse a uma rádio local que não aceitaria que casais gays estrelassem campanhas publicitárias da marca, já que ele teria preferência por "famílias tradicionais". O impacto foi tão grande que o executivo precisou pedir desculpas nos canais oficiais da companhia na internet, chegando a até mesmo gravar um vídeo.
Supostas partes de um rato encontradas dentro de uma garrafa de Coca-Cola deram o que falar em 2013. Um consumidor que tem dificuldades motora e de fala disse ter adquirido a condição após consumir o produto contaminado. Ele abriu um processo contra a companhia em 2010, mas o caso explodiu na imprensa em setembro deste ano. O efeito foi tão devastador que a empresa negou o ocorrido em seus canais oficiais na internet e até lançou um comercial que destacava o rigor dos processos de controle de qualidade de seus produtos. No mês passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-sP), concluiu, em decisão de primeira instância, que o tal rato nunca existiu.
Em abril, a Unilever chegou ser proibida pela Anvisa de fabricar, comercializar e distribuir produtos da linha com soja AdeS. Pelo menos quatorze pessoas passaram mal após consumir bebidas que estavam contaminadas com uma solução de limpeza devido a uma falha no processo de higienização. A empresa teve inclusive, que recolher produtos do lote. A Unilever foi liberada para comercializar o produto novamente depois de inspeções em suas fábricas que constataram que a falha foi pontual.
As promessas não cumpridas de Eike Batista acabaram levando a credibilidade da holding EBX à lona. Em agosto, o empresário precisou vender o controle da empresa de logística do grupo, a LLX. Em outubro, ele deixou de controlar a mineradora MMX e a petroleira OGX teve de pedir recuperação judicial. Em novembro, foi a vez da companhia de construção naval OSX pedir ajuda para não ir à falência. Os acontecimentos fizeram a fortuna do brasileiro reduzir de 30 bilhões de dólares para menos de 1 bilhão, provocando a sua saída da lista dos homens mais ricos do mundo da revista Forbes, na qual ele já havia ocupado a 7ª posição.
No mês passado, a Justiça chegou a ordenar o bloqueio de bens e créditos no valor de 1 milhão de reais da M5 Indústria e Comércio Ltda, dona das marcas M. Officer e Carlos Miele. A medida foi tomada devido ao caso de dois bolivianos que foram encontrados em situação análoga à escravidão, produzindo peças com etiquetas da marca M.Officer. Dias depois, a Justiça reverteu a decisão, porque entendeu que o casal de estrangeiros não estava formalmente ligado à M5, o que eximia a responsabilidade da empresa sobre eles. Os dois costuravam para a Spazio, empresa que terceirizava a produção para a M5. No contrato entre as duas companhias, havia uma cláusula que proibia a subcontratação, o que foi desrespeitado pela Spazio. Mesmo assim, o caso teve grande repercussão nas redes sociais e blogs de moda.
Em fevereiro, a JBS foi acusada de distribuir carne de cavalo misturada à carne bovina, na Europa. O caso veio à tona depois que a Nestlé decidiu recolher das prateleiras dois produtos que haviam sido submetidos a testes que apontaram a presença mais de 1% de DNA cavalo. Os itens eram fornecidos pela subsidiária belga do grupo brasileiro, a JBS Toledo. À época, a empresa emitiu um comunicado oficial negando o ocorrido e suspendeu os contratos com a companhia alemã Schype, produtora dos alimentos em que a carne de cavalo teria sido encontrada. A Schype era subcontratada da JBS.
Em agosto, a Anvisa encontrou pelos de rato em três lotes de Ketchup da marca Heinz. A empresa constatou que os produtos contaminados haviam sido importados da fabricante mexicana Delimex, em 2012, e resolveu tirá-los do mercado.
Em julho, a própria multinacional alemã denunciou que estava envolvida em uma prática de cartel no sistema de metrôs e trens de São Paulo e Distrito Federal. Neste mês, a empresa anunciou que suspeita que parte de um montante de 7 milhões de reais que teriam sido desviados por Adilson Primo, ex-presidente da companhia, foi utilizada para pagamento de propina a agentes públicos. O caso gerou, inclusive, protestos em frente à sede da Siemens na Lapa, em São Paulo.
A rede varejista Lojas Americana assinou, em outubro, um termo de ajuste de conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas devido a um caso de trabalho em condições análogas à escravidão. Cinco bolivianos foram encontrados sob tais condições, produzindo peças de roupa para a empresa HippyChick Moda Infantil, sob encomenda da Lojas Americanas. À época, a empresa concordou em pagar 250 mil reais por dano moral coletivo e a se responsabilizar pelas condições de trabalho de seus fornecedores.