10 empresas que deram adeus à Venezuela
A Venezuela vive uma crise generalizada, o que obrigou muitas companhias a deixarem o país ou paralisarem suas produções
Karin Salomão
Publicado em 17 de julho de 2016 às 08h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h11.
São Paulo - Falta de matéria-prima, cortes de luz e água, secas e controle estatal de preços e do câmbio, além de uma inflação altíssima. A Venezuela vive uma crise e escassez generalizada, o que obrigou muitas companhias a deixarem o país e venderem ou paralisarem suas produções. Coca-Cola, Kimberly-Clark e Kraft Heinz são algumas das que interromperam suas operações, o que gerou manifestações dos trabalhadores e do governo de Nicolás Maduro. Diversas companhias aéreas também deixaram de voar para o país, pois não conseguem repatriar receitas e lucros obtidos na Venezuela para suas sedes. Para a população, a saída dessas companhias do setor piora ainda mais o desemprego e a falta de produtos nas prateleiras dos supermercados, onde falta de papel higiênico a açúcar. Veja nas imagens as companhias que disseram adeus à Venezuela recentemente.
O Citibank fechou algumas de suas contas no país, depois de mais de 100 anos presente na Venezuela. Uma delas era usada pelo Banco Central da Venezuela (BCV) para fazer seus pagamentos internacionais. "Após uma avaliação periódica de gestão de risco na Venezuela, o Citi decidiu encerrar (as atividades) como banco correspondente e interromper o serviço de certas contas no país", informou o Citibank em comunicado. Em resposta, o presidente Nicolás Maduro, afirmou que o banco estava boicotando o país por sua decisão de fechar as contas sem aviso.
A Venezuela vive escassez de diversos produtos básicos, como papel higiênico. Tanto que hotéis e agências de viagem aconselharam os turistas a levarem o item em suas malas quando fossem visitar o país. Uma das maiores produtoras de produtos de higiene do mundo, a Kimberly-Clark , paralisou sua produção no país, por causa do congelamento de preços e da taxa cambial realizados pelo governo venezuelano, falta de matéria prima e inflação altíssima Porém, a pedido de mais de 900 funcionários da companhia, o governo do país ordenou a ocupação da fábrica e a retomada da fabricação de itens como papel higiênico e fraldas. "A partir de hoje, a Kimberly-Clark volta a abrir suas portas, sua produção", afirmou o ministro do Trabalho, Oswaldo Vera. Em nota, a companhia disse que “se o governo venezuelano tomar o controle das fábricas e operações da Kimberly-Clark, ele será o responsável pelo bem-estar dos funcionários e pelo equipamento e maquinário”.
As prateleiras dos supermercados do país estão vazias e não há itens básicos para alimentar a população. No entanto, não é possível fabricar mais. A Kraft Heinz é uma das empresas que precisou parar sua produção na Venezuela por falta de matérias primas. Por conta disso, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que os gerentes da operação no país poderiam ser presos por “sabotagem” e por paralisação “injustificável” das linhas de produção.
A Bridgestone, fabricante de pneus, anunciou em maio que sairia do país depois de 62 anos, para priorizar o crescimento em outros países da América Latina. A empresa foi vendida para a venezuelana Corimon Group. A companhia anunciou que, como os resultados do país já tinham sido separados de seus balanços no ano passado, a saída não teria impacto financeiro. “A Bridgestone está orgulhosa dos 62 anos servindo a população da Venezuela e deseja o melhor para os novos donos e funcionários da empresa”, disse ela em um anúncio.
A Pepsico afirmou que irá suspender seus investimentos na Venezuela. Ela irá dissociar, ou remover, o negócio da Venezuela de seu balanço trimestral, por causa da dificuldade de converter o bolívar em dólares e repatriar os recursos recebidos no país. A fabricante de alimentos e bebidas afirmou que teria um custo de US$ 1,4 bilhão para suspender os negócios.
A Gol interrompeu a rota entre São Paulo e Caracas, que operava desde 2007. Ela já havia reduzido a frequência de 28 para 2 voos semanais desde 2014. A interrupção durará até que a questão da remessa dos recursos da companhia no país seja resolvida, disse a companhia aérea, e os clientes Em 2015, ela afirmou que tinha cerca de R$ 351 milhões em caixa na Venezuela. No entanto, a empresa não conseguia repatriar esses recursos. Os valores precisam ser convertidos em dólares para voltarem ao país da companhia, mas a taxa de câmbio tornava essa operação pouco vantajosa.
Outra companhia aérea que suspendeu voos para o país foi a Latam,assim como Air Canada e Alitalia. Fusão das companhias aéreas chilena LAN e a brasileira TAM, a empresa paralisou a operação por conta do complexo cenário macroeconômico no país, disse ela em comunicado.
A maior companhia aérea mexicana também deixou de voar para a Venezuela, depois de quase cinco anos da criação dos voos da Cidade do México a Caracas. A Aeromexico tem uma grande rede de voos na América Central e na América do Sul e avaliará voltar a operar no país no futuro.
Os estoques de açúcar refinado para uso industrial da Coca-Cola na Venezuela acabaram e, por isso, ela interrompeu a fabricação de refrigerantes. Cerca de 90% de suas bebidas levam a matéria prima. No entanto, as linhas de produtos sem açúcar, como a versão Light e água, continuam funcionando. A Coca-Cola Femsa, empresa mexicana que é a maior distribuidora da Coca-Cola do mundo, emprega mais de 7 mil funcionários na Venezuela. Durante a paralisação da fábrica, a companhia irá oferecer uma compensação aos trabalhadores.
A General Mills vendeu sua subsidiária venezuelana para Lengfeld Inc., uma companhia privada e internacional com presença no país. A fabricante de Häagen-Dazs tinha 611 funcionários na Venezuela e produzia as marcas Underwood, Rico Jam e Frescarini. "Essa é uma decisão para priorizar oportunidades de crescimento em outros países da América Latina", disse a empresa em comunicado.
Mais lidas
Mais de Negócios
Azeite a R$ 9, TV a R$ 550: a lógica dos descontaços do Magalu na Black Friday20 frases inspiradoras de bilionários que vão mudar sua forma de pensar nos negócios“Reputação é o que dizem quando você não está na sala”, reflete CEO da FSB HoldingEXAME vence premiação de melhor revista e mantém hegemonia no jornalismo econômico