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Venezuela relata apagão no mesmo dia em que candidato da oposição pode receber mandado de prisão

Administração chavista atribuiu a falha a uma 'sabotagem do sistema' e 'tentativa de golpe de Estado'; opositores responsabilizam o governo pela falta de investimento e corrupção

Agência o Globo
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Publicado em 30 de agosto de 2024 às 10h18.

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Um apagão registrado na madrugada desta sexta-feira deixou a Venezuela no escuro, incluindo a capital, Caracas, informou o governo do presidente Nicolás Maduro, que atribuiu a falha a uma "sabotagem do sistema e tentativa de golpe de Estado". O apagão nacional ocorreu no mesmo dia em que o candidato opositor, Edmundo González Urrutia, pode enfrentar um mandado de prisão no país.

O diplomata, que alega ter vencido as eleições presidenciais de 28 de julho, foi convocado a prestar depoimento nesta sexta e, caso não compareça, como fez nas outras duas audiências em que foi convocado no último mês, deverá ser alvo de um mandado.

"Ocorreram sabotagens elétricas na Venezuela, sabotagens contra o sistema elétrico nacional, que afetaram quase todo o território nacional. Os 24 estados estão relatando, de maneira total ou parcial, a perda do funcionamento elétrico", afirmou o ministro da Comunicação, Freddy Ñáñez, ao canal estatal VTV.

"Vivemos isso em 2019, e sabemos o quanto nos custou recuperar o sistema elétrico nacional desde então. Hoje estamos enfrentando isso com protocolos antigolpe porque é o que temos na Venezuela desde antes de 28 de julho, durante 28 de julho e nestes pouco mais de 30 dias que se passaram".

Os apagões são frequentes na Venezuela há uma década. O pior deles ocorreu em março de 2019 e se prolongou por pelo menos cinco dias, deixando o país no escuro. Regiões como Táchira e Zulia, outrora capital do petróleo, enfrentam cortes de eletricidade diariamente. O governo venezuelano normalmente atribui essas falhas a planos orquestrados pelos EUA e pela oposição para derrubá-lo. Dirigentes opositores e especialistas contrários à tese das sabotagens, porém, responsabilizam o governo pela falta de investimento, imperícia e corrupção.

Após as eleições de 28 de julho, Maduro foi proclamado pela autoridade eleitoral como presidente reeleito para um terceiro mandato de seis anos com 52% dos votos, frente a 43% de González Urrutia.

Horas após o primeiro boletim, manifestações estouraram em Caracas e outras cidades do país, inclusive em bairros pobres e historicamente chavistas. Enquanto os órgãos oficiais se recusam a divulgar as atas das mesas de votação, a oposição alega ter comprovantes de que González Urrutia derrotou Maduro por ampla margem (67% contra 30%).

Agora, o Ministério Público do país investiga o ex-diplomata por supostamente ter cometido "usurpação de funções" e "falsificação de documento público" — crimes que, em teoria, podem acarretar a pena máxima de 30 anos de prisão. González Urrutia, de 74 anos, está escondido há três semanas e, nas últimas duas vezes em que foi intimado, disse que não compareceria ao tribunal porque a intimação "não tem garantias de independência" e do "devido processo legal".

"A Plataforma Unitária Democrática da Venezuela denuncia ante o país e o mundo a perseguição judicial à qual está submetida nosso candidato presidencial Edmundo González Urrutia, que ganhou de forma esmagadora a última eleição presidencial do último 28 de julho", escreveu principal coalizão opositora no X. "A reiterada convocação do Ministério Público busca justificar um mandato de execução contra nosso candidato vencedor, para acentuar sua perseguição", acrescentou.

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