Donald Trump: presidente dos Estados Unidos (Andrew Harnik/AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 17 de março de 2025 às 16h46.
A Venezuela disse, nesta segunda-feira, 17, que a transferência de mais de 200 migrantes dos Estados Unidos para El Salvador, realizada ontem, sob a Lei de Inimigos Estrangeiros invocada pelo presidente americano, Donald Trump, foi um "sequestro vulgar" e denunciou que a operação foi realizada sem garantir seus direitos humanos ou o devido processo legal.
"Nenhum dos venezuelanos levados para El Salvador cometeu qualquer crime em El Salvador. Por que eles estão lá? Nem cometeram qualquer crime, ou ao menos nenhum crime foi provado, nos Estados Unidos da América, porque lhes foi negado o direito ao devido processo", disse o negociador-chefe venezuelano, Jorge Rodríguez.
Ontem, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou que, sob a Lei de Inimigos Estrangeiros, mais de 250 pessoas acusadas de serem membros da gangue criminosa Tren de Aragua, de origem venezuelana, foram enviadas para El Salvador, onde o presidente do país, Nayib Bukele, se ofereceu para prendê-las.
A decisão estabelece que todos os venezuelanos maiores de 14 anos que pertençam àquela organização, estejam nos EUA e não sejam cidadãos naturalizados ou residentes legais permanentes, estão sujeitos à detenção, reclusão e expulsão como inimigos estrangeiros.
Sobre esta lei, Rodríguez afirmou que Trump assinou uma "proclamação que entrará nas páginas da diplomacia internacional como um exemplo de infâmia, barbárie e desumanidade", uma ação "ilegal" que ele também considerou "anacrônica" e que "viola a Carta dos Direitos Humanos".
Segundo Rodríguez, com esta decisão, Trump decretou "o sequestro de crianças de 14 anos" e de venezuelanos "sem nenhum tipo de julgamento" ou "nenhum tipo de defesa de seus direitos básicos (...) estabelecidos pelas Nações Unidas".
Também descreveu as imagens de venezuelanos em El Salvador como "horríveis" e acrescentou que foram "tratados pior que animais" e "comparáveis apenas" com a forma em que eram tratados os "africanos quando foram levados em navios negreiros para as costas da América, para serem vendidos como escravos".