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Ucrânia espera retomar exportações de grãos apesar de ataque russo ao porto de Odessa

Segundo o ministro, o principal obstáculo para a retomada das exportações é o risco de bombardeios russos, como o ataque de sábado

Ucrânia: a Rússia afirmou no domingo que destruiu um edifício militar e armas ocidentais no porto (AFP/AFP)

Ucrânia: a Rússia afirmou no domingo que destruiu um edifício militar e armas ocidentais no porto (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 25 de julho de 2022 às 11h10.

Última atualização em 25 de julho de 2022 às 11h52.

A Ucrânia declarou, nesta segunda-feira, 25, que espera retomar "esta semana" a exportação de grãos pelo Mar Negro pela primeira vez em cinco meses de guerra, apesar de a Rússia ter bombardeado o porto de Odessa no fim de semana, vital para o embarque de grãos, como estabelece o acordo histórico selado entre Kiev e Moscou sob mediação da ONU. 

"Esperamos que o acordo comece a funcionar nos próximos dias e esperamos que se estabeleça um centro de coordenação em Istambul nos próximos dias. Estamos preparando tudo para começar esta semana", declarou o ministro ucraniano de Infraestrutura, Oleksandr Kubrakov, em entrevista coletiva.

Segundo o ministro, o principal obstáculo para a retomada das exportações é o risco de bombardeios russos, como o ataque de sábado.

Nesse sentido, Kubrakov pediu à Turquia e à ONU, mediadores do acordo, que garantam a segurança dos comboios ucranianos. "Se as partes não garantirem a segurança, não vai funcionar", advertiu o ministro, acrescentando que a desminagem será feita apenas "no corredor necessário para as exportações".

A Rússia afirmou no domingo que destruiu um edifício militar e armas ocidentais no porto.
E nesta segunda, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, garantiu que as exportações de grãos ucranianos do porto de Odessa podem ser realizadas, apesar dos bombardeios da Rússia contra as infraestruturas portuárias.

Os bombardeios "são dirigidos apenas para a infraestrutura militar. Não tem nada a ver com a infraestrutura usada para a aplicação do acordo de exportação de grãos", disse Peskov. "É por isso que não pode, nem deve, obstruir o início do processo de carga", acrescentou o porta-voz do Kremlin.

No sábado, 23, a Rússia atacou com mísseis o porto de Odessa, vital para a exportação de grãos ucranianos, e disse ter destruído as armas ocidentais entregues a seu inimigo.

Esses ataques ocorreram imediatamente depois da assinatura de um acordo entre Rússia e Ucrânia com a Turquia e a ONU para permitir as exportações de grãos da Ucrânia. O objetivo é reduzir o risco de uma crise alimentar mundial, que se aproxima devido à ofensiva russa.

Autoridades ucranianas relataram que havia grãos armazenados no porto no momento do ataque no sábado, embora os armazéns não pareçam terem sido afetados.

Até 20 milhões de toneladas de trigo e de outros grãos estão bloqueados nos portos ucranianos, em especial Odessa, por navios de guerra russos e pelas minas colocadas por Kiev para evitar um ataque anfíbio.

O pacto selado em Istambul é o primeiro grande acordo entre as partes em conflito desde a invasão russa em 24 de fevereiro.

Ucrânia e Rússia são responsáveis por cerca de 30% das exportações mundiais de trigo.
O conflito, que começou com a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro, atinge particularmente o continente africano, onde os preços dos grãos dispararam.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, está atualmente em turnê por vários países africanos para tranquilizar sobre a questão agrícola.

Depois de se reunir no domingo com seus parceiros da Liga Árabe, viajou para a República Democrática do Congo nesta segunda-feira.

O acordo de Istambul não impediu a Rússia de atacar a linha de frente no fim de semana, com o conflito entrando em seu sexto mês.

Segundo o Estado-Maior ucraniano, os bombardeios continuam nesta segunda-feira em Mykolaiv (sul), na região de Kherson (sul), na região de Kharkiv (nordeste) e nas províncias de Donetsk e Lugansk, parcialmente controladas por separatistas pró-russos desde 2014.

Na região de Kherson, em grande parte ocupada pelas tropas russas, "podemos falar de uma reviravolta no terreno. As forças armadas ucranianas ganharam vantagem nas operações recentes", disse no domingo o conselheiro militar Serguei Khan.

"Podemos dizer que estamos passando de ações defensivas para contra-ofensivas", acrescentou, ressaltando que a região será "definitivamente liberada" até setembro.

A cidade de Kherson caiu para as tropas russas em 3 de março. Foi a primeira grande cidade a cair para Moscou desde o início da invasão e é a porta de entrada para a península da Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.

Nesse contexto, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em seu tradicional discurso televisionado, exortou seus cidadãos a permanecerem "unidos e trabalharem juntos pela vitória", antes de "celebrar pela primeira vez o dia da soberania da Ucrânia, em 28 de julho".

Por sua vez, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, chamou a invasão russa de uma guerra contra a unidade da Europa. "Não devemos nos deixar dividir, não devemos deixar que a grande obra de uma Europa unida que começamos de maneira promissora seja destruída", disse em um discurso no domingo.  Enquanto isso, o Reino Unido concordou com a Ucrânia em sediar a próxima edição do Eurovision em 2023.

Kiev venceu o concurso deste ano, mas devido ao conflito, não será "possível sediar o evento", disse a ministra da Cultura britânica, Nadine Dorries, em comunicado.

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