Mundo

Trump se mantém em silêncio enquanto coronavírus avança nos EUA

O presidente dos Estados Unidos nesta semana continuou concentrado em seus comentários sobre alegações de fraude eleitoral

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (MANDEL NGAN/AFP/Getty Images)

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (MANDEL NGAN/AFP/Getty Images)

B

Bloomberg

Publicado em 13 de novembro de 2020 às 18h17.

Última atualização em 13 de novembro de 2020 às 18h47.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem se mantido em silêncio enquanto o surto de coronavírus se intensifica novamente no país, em um vácuo de liderança que deixa governadores e autoridades de saúde com a tarefa de enfrentar o número recorde de novos casos e hospitalizações.

Trump não faz pronunciamentos há uma semana. Enquanto isso, o coronavírus avança. Ele recebe uma atualização na sexta-feira, 13, sobre o desenvolvimento de vacinas, mas nesta semana continuou concentrado em seus comentários sobre alegações de fraude eleitoral e nas críticas à Fox News no Twitter.

Segundo especialistas em saúde, o presidente poderia ajudar ao pedir diretamente que os americanos usem máscaras, incentivar governadores republicanos a reforçar as medidas para diminuir a propagação e apoiar publicamente autoridades de saúde, ou até mesmo designar sua equipe para trabalhar em conjunto com a equipe do presidente eleito Joe Biden para garantir uma transição tranquila.

No entanto, Trump se mantém ausente. Ele tem minimizado a importância de máscaras e do distanciamento social e está bloqueando o início da transição de Biden com a recusa em admitir a derrota, o que agrava a inação federal.

“Acho realmente inacreditável que o governo federal tenha jogado a toalha sobre isso e não esteja fazendo nada”, disse Ashish Jha, reitor da Escola de Saúde Pública da Universidade Brown. Em sua opinião, Biden vai herdar um quadro ainda mais sombrio.

“Estamos na pior situação na pandemia. As coisas estão horríveis e vão ficar muito, muito piores”, disse.

Os Estados Unidos registraram 145.000 casos na quinta-feira, abaixo apenas dos 152.000 no dia anterior, quase o dobro dos números de duas semanas antes. As mortes também mostram tendência de alta, com quase 2.000 só na quarta-feira.

Os dados mostram que o vírus avança em todo o país, tanto em cidades grandes como em pequenas e em praticamente todos os estados. Cerca de 65.000 americanos estão atualmente hospitalizados devido ao coronavírus, de acordo com o Covid Tracking Project, outro recorde. A situação deve piorar devido ao clima frio e às comemorações do Dia de Ação de Graças, dizem especialistas em saúde pública.

Larry Hogan, governador republicano de Maryland e crítico de Trump, disse que os estados falaram por telefone com a força-tarefa contra o coronavírus da Casa Branca pela última vez em 2 de novembro.

“É uma das coisas que me deixam frustrado”, disse Hogan na quinta-feira. “Os estados estão aqui enfrentando provavelmente a pior parte da crise e não sabemos realmente o que está acontecendo no nível federal, e também não vemos nenhuma ação do Congresso.”

Uma teleconferência com os governadores está marcada para a próxima semana, segundo uma pessoa a par do assunto.

Lori Tremmel Freeman, diretora-presidente da Associação Nacional de Funcionários de Saúde de Cidades e Condados, disse que a falta de uma ação coordenada entre os governos federal, estadual e local tem prejudicado a resposta do país ao coronavírus, assim como a politização das medidas de saúde pública.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusDonald TrumpEstados Unidos (EUA)

Mais de Mundo

Donald Trump nomeia Monica Crowley, da Fox News, como Chefe de Protocolo

Yamandú Orsi é oficialmente proclamado presidente eleito do Uruguai

Barnier: de habilidoso negociador do Brexit a primeiro-ministro efêmero