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Plano de Trump para suspender teto da dívida fracassa na Câmara

Deve ser feita uma nova tentativa para passar o pacote, endossado por Musk, mas caso ele não avance, o governo federal pode entrar em paralisação a partir da madrugada de sábado

O texto mantém o financiamento das agências federais até 14 de março

O texto mantém o financiamento das agências federais até 14 de março

Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 19h54.

Última atualização em 19 de dezembro de 2024 às 22h21.

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A Câmara dos Deputados dos EUA rejeitou na noite desta quinta-feira, 19, um plano defendido pelo presidente eleito Donald Trump e endossado por Elon Musk, que tinha como ponto central a suspensão do teto da dívida nacional. A proposta também eliminava o aumento salarial para legisladores, que seria o primeiro desde 2009. Um dos principais objetivos de Trump com o projeto era evitar a paralisação do governo.

O plano apresentado ao plenário previa fornecer auxílio emergencial, financiamento das agências federais até março de 2025 e medidas econômicas direcionadas para desastres e setores vulneráveis. Entre os destaques, US$ 100 bilhões seriam destinados a vítimas de furacões e desastres naturais e US$ 10 bilhões à assistência para agricultores, afetados por altos custos de insumos e queda no preço de commodities.

Os republicanos, liderados pelo presidente da Casa, Mike Johnson, usaram uma manobra que permitia a aprovação com dois terços do plenário, mas fracassaram: o texto teve 174 votos a favor, incluindo dois democratas, e 235 contra, incluindo 38 republicanos. Deve ser feita uma nova tentativa para passar o pacote, dessa vez por maioria simples. Caso o projeto não avance, o governo federal pode entrar em paralisação a partir da madrugada de sábado, impactando serviços públicos e pagamentos em várias áreas.

O Congresso não aprovou um Orçamento para o ano fiscal de 2025, inciado em outubro, e precisa aprovar pacotes de financiamento para garantir as operações do governo federal. O primeiro plano foi aprovado em setembro, e garantia verbas até sábado, 21 de dezembro.

Trump e Musk tentam barrar acordo sobre Orçamento e podem parar governo dos EUA

Impasse entre republicanos e democratas

A rejeição do projeto ocorreu em meio a tensões políticas. Trump havia mandado um acordo anterior de gastos, negociado entre o presidente em exercício e os democratas, colocando os republicanos em posição delicada com o prazo final para evitar a paralisação se aproximando.

Johnson passou a quinta-feira em reuniões intensas no Capitólio, tentando alinhar sua base, enquanto legisladores republicanos demonstravam frustração com a falta de consenso. Muitos esperam encerrar o ano legislativo antes do recesso de inverno, mas o impasse pode atrasar a aprovação.

Situação fiscal dos EUA

O governo federal dos EUA gastou US$ 6,75 trilhões no ano fiscal de 2024, mas obteve só US$ 4,92 trilhões em receitas. O déficit americano no ano fiscal de 2024 deve atingir 1,9 trilhão de dólares, segundo dados do Escritório de Orçamento do Congresso. O valor é próximo ao do PIB do Brasil em 2023, de 2,2 trilhões de dólares. Se Trump colocar em prática o que prometeu, o déficit deve crescer. A Tax Foundation, uma entidade não partidária, aponta que os planos do republicano custariam algo entre 1,3 trilhão e 4 trilhões de dólares na próxima década.

Musk foi nomeado por Trump para cortar gastos do governo. Ele já defendeu abater US$ 2 trilhões. No entanto, cortar cerca de um terço do gasto total do governo federal não será possível sem mexer em áreas sensíveis, como o gasto militar e com os programas sociais dentro do guarda-chuva do Social Security, segundo reportagem do jornal The Washington Post.

Só as despesas com o Social Security representaram US$ 1 trilhão do gasto público federal dos EUA no ano fiscal de 2024. Os gastos com saúde, incluindo o programa Medicare, somam US$ 1,7 trilhão. Esses gastos são determinados por leis federais, que tornam cerca de dois terços do Orçamento em execução obrigatória e precisariam ser revistas pelo Congresso.

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