Trump diz que nomeará substituto para Suprema Corte no final de semana
O presidente dos EUA afirmou durante o fim de semana que pretende nomear uma "mulher muito talentosa" para substituir Ginsburg
AFP
Publicado em 21 de setembro de 2020 às 14h52.
Última atualização em 21 de setembro de 2020 às 15h00.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump ,, disse nesta segunda-feira que nomeará a pessoa para substituir a falecida ministra da Suprema Corte Ruth Bader Ginsburg no final da semana e insistiu que o Senado deve confirmar o magistrado antes das eleições de 3 de novembro.
A menos de 50 dias das eleições presidenciais, a morte da juíza progressista na última sexta-feira teve um grande impacto na campanha devido à polêmica sobre se o substituto deve ser nomeado pelo atual governo ou por quem vencer a votação.
"Farei o anúncio na sexta ou no sábado, e depois o trabalho começa, mas espero que não seja muito trabalho", disse Trump em entrevista à Fox News nesta segunda-feira.
O presidente acrescentou que deseja aguardar os rituais fúnebres em homenagem a Ginsburg, que morreu na sexta-feira aos 87 anos, para anunciar a nomeação, que é vitalícia e deve ser confirmada pelo Senado, onde os republicanos são a maioria.
O corpo da juíza será velado no edifício da Suprema Corte e no Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos.
Nos Estados Unidos , a Suprema Corte tem poder de decisão em uma ampla gama de questões que impactam a vida dos cidadãos, desde questões de migração até direitos reprodutivos, abordando também questões como o acesso à saúde.
A configuração da mais alta corte antes da morte de Ginsburg era de 5 a 4, com maioria de conservadores, mas ocasionalmente um juiz mais moderado se posiciona ao lado dos progressistas. Se Trump nomear outro magistrado, essa balança mudará para 6 a 3.
No centro do debate está o líder do Senado, Mitch McConnell, que em 2016 se recusou a votar no sucessor de um juiz conservador falecido por se tratar de um ano eleitoral, mas neste caso indicou que organizará a votação antes as eleições.
Trump garantiu que o Senado tem "muito tempo" para ratificar a nomeação do novo magistrado antes das eleições.
"A votação final (no Senado) deve ocorrer antes das eleições. Temos tempo mais do que suficiente para isso", disse o presidente republicano à rede de televisão.
Trump rejeitou os argumentos da oposição democrata de que se deveria esperar até depois da eleição para designar o sucessor de Ginsburg.
Mulher hispânica da Flórida entre as cotadas
O presidente dos Estados Unidos tem o poder de nomear os membros da Suprema Corte. Trump nomeou dois durante seu mandato, optando por juízes conservadores.
O presidente disse no fim de semana que pretende nomear "uma mulher muito talentosa" para substituir Ginsburg, que ostentou posturas progressistas desde que entrou na Suprema Corte em 1993, nomeada pelo ex-presidente democrata Bill Clinton.
O rival eleitoral de Trump, Joe Biden, enfatizou no domingo que as últimas palavras da juíza foram para expressar seu desejo de não ser substituída até que um novo governo fosse instalado.
"Como nação, devemos ouvir seu último chamado, não como um serviço pessoal a ela, mas como um serviço a um país que está em uma encruzilhada", disse o ex-vice-presidente democrata, que ultrapassa Trump nas pesquisas nacionais, mas que aparece empatado em vários estados que são fundamentais para chegar à Casa Branca como Flórida, Pensilvânia e Ohio.
Em um momento em que duas senadoras republicanas - Susan Collins e Lisa Murkowski - se descolaram de seu partido, esse debate aumenta a pressão sobre vários senadores pró-governo que enfrentam a reeleição e temem que uma nomeação agora beneficie os democratas.
Trump considera duas mulheres para substituir Ginsburg, as juízas Amy Coney Barrett e Barbara Lagoa.
O presidente destacou Lagoa como uma "excelente" candidata, lembrando que ela é hispânica e que "adora a Flórida", estado de origem da magistrada.
Ele também nega que as últimas palavras de Ginsburg foram não nomear seu sucessor antes da eleição e acusou os líderes democratas de fazerem esta declaração.
"O essencial é que vençamos as eleições e temos uma obrigação", disse, ressaltando que, se os democratas estivessem na mesma posição, haveria "chance zero" de que eles a desperdiçassem.