Donald Trump: presidente americano aparece atrás nas pesquisas eleitorais contra o democrata Joe Biden (Carlos Barria/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2020 às 16h21.
Última atualização em 6 de agosto de 2020 às 17h03.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira, 6, que é possível que o país tenha uma vacina contra o coronavírus antes da eleição de novembro.
Questionado no programa de rádio Geraldo Rivera sobre quando uma vacina pode estar pronta, Trump disse: “Antes do final do ano, pode ser muito mais cedo”. “Antes de 3 de novembro?”, perguntaram ao presidente. “Eu acho que em alguns casos, sim, seria possível antes, mas mais ou menos naquela época”, disse Trump.
As eleições americanas estão marcadas para 3 de novembro. Atualmente, algumas das vacinas mais promissoras contra o coronavírus estão na fase 3, de testes em milhares de humanos — duas delas, da Universidade de Oxford com o laboratório AstraZeneca e do laboratório chinês Sinovac, estão sendo testadas no Brasil.
Desse modo, a aprovação de uma vacina antes da eleição precisaria acontecer entre o fim de outubro e começo de novembro, o que é um cenário dos mais otimistas.
As previsões de especialistas para o melhor dos cenários apontam para uma potencial aprovação de uma das vacinas em novembro. A vacina da Sinovac, testada em parceria com o Instituto Butantan e uma das mais avançadas, deve terminar testes entre o fim de outubro e novembro — e, depois, precisaria passar pela aprovação de órgãos regulatórios.
Ainda assim, a previsão de Trump é mais otimista do que o cronograma apresentado pelos próprios especialistas em saúde da Casa Branca.
O dr. Anthony Fauci, infectologista que lidera os esforços americanos no combate à pandemia, disse também nesta semana que acredita que algumas das vacinas em potencial possam estar prontas e seguras para aplicação em humanos já em 2020, porém mais perto do fim do ano.
Passada a aprovação, o que seria ainda mais difícil nas previsões atuais é que algum tipo de vacinação concreta na população começasse antes do início de novembro.
As declarações do presidente americano acontecem em meio à campanha presidencial em que Trump disputa a reeleição com o democrata Joe Biden. Trump aparece atrás de Biden em uma série de estados importantes na corrida eleitoral. Trump também está atrás de Biden em número absoluto de votos: Biden tem 50% das intenções de voto na média das pesquisas, ante 42,5% de Trump.
A eleição nos Estados Unidos é decidida pelo número de delegados e estados em que os candidatos vencem, e não pelo número absoluto de votos.
Cientistas de dentro e de fora das agências do governo, segundo o jornal The New York Times, temem que o presidente aumente a pressão para que autoridades sanitárias aprovem uma vacina contra a covid-19 no máximo até outubro. Quanto mais tempo as vacinas levam em testes, mais garantida é sua segurança e eficácia.
O processo de teste das vacinas do coronavírus já vem sendo mais acelerado do que o normal. Em situações típicas, uma vacina pode demorar até uma década para ser aprovada.
O governo dos Estados Unidos fechou parcerias para comprar parte da produção de empresas como a americana Pfizer e a alemã BioNTech, parceiras em uma das vacinas promissoras, e a também americana Moderna, outra das empresas que têm protótipo de alguma vacina. As duas vacinas também já estão em fase de testes com humanos. O governo Trump também fez aportes nas pesquisas da AstraZeneca, parceira da vacina de Oxford, na Johnson & Johnson e no laboratório Novavax.
(Com Estadão Conteúdo e agências internacionais)