Tribunal da paz expulsa ex-membros das Farc que voltaram à luta armada
Como consequência, os guerrilheiros responderão à Justiça comum pelos crimes cometidos antes e depois da assinatura do acordo de paz com governo da Colômbia
EFE
Publicado em 14 de setembro de 2019 às 10h03.
Última atualização em 14 de setembro de 2019 às 10h04.
Bogotá — A Justiça Especial para a Paz da Colômbia (JEP), tribunal criado após o acordo de paz entre o governo do país e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ( Farc ), decidiu nesta sexta-feira expulsar de sua jurisdição Seuxis Paucias Hernández e Hernán Dário Velásquez, dois ex-líderes da guerrilha que anunciaram em agosto que retomariam a luta armada.
"Trata-se da expulsão definitiva daqueles que são conhecidos como Jesús Santrich (Seuxis) e El Paisa (Hernán). Eles desertaram publicamente, voltaram às armas, deram às costas ao processo de paz e, por consequência, à JEP, que não tem alternativa a não ser fazer essa declaração", disse o presidente da Seção de Apelação do tribunal especial, Eduardo Cifuentes.
Como consequência, os dois responderão à Justiça comum pelos crimes cometidos antes e depois da assinatura do acordo de paz com o governo da Colômbia.
Além disso, no caso de Santrich, perde efeito uma garantia de não extradição concedida pela JEP a ele em maio, quando os Estados Unidos pediram que ele fosse julgado no país pelo crime de narcotráfico.
"A partir desta data, o único órgão competente para investigá-los, julgá-los, sancioná-los e condená-los é a justiça comum", afirmou Cifuentes.
El Paisa e Santrich são dois dos cerca de 20 ex-guerrilheiros das Farc que aparecem em um vídeo publicado no último dia 29 de agosto. Na gravação, o ex-chefe da equipe de negociação da guerrilha, Luciano Marín, conhecido como "Iván Márquez", anuncia que o grupo retomaria a luta armada por considerar que o governo da Colômbia traiu o acordo de paz.
Santrich foi preso em Bogotá em 9 de abril de 2018 após o Ministério Público da Colômbia acatar o pedido de extradição feito pelos Estados Unidos. Ele foi liberado da prisão mais de um ano depois, em junho, assumindo a cadeira na Câmara dos Representantes para o qual foi designado pelo Força Alternativa Revolucionária do Comum, partido criado após a dissolução da guerrilha.
No entanto, Santrich desapareceu em 29 do mesmo mês e só voltou a aparecer publicamente ao ser visto ao lado de Márquez no vídeo divulgado no fim de agosto.
O presidente da Colômbia, Iván Duque, comemorou a decisão do JEP e disse que a medida era necessária porque os ex-líderes das Farc são "delinquentes" e "mafiosos".