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Tragédia de Baltimore destaca papel dos trabalhadores latinos nos EUA

Seis trabalhadores oriundos de México, Guatemala, El Salvador e Honduras foram as únicas vítimas fatais da queda da ponte Francis Scott Key

Acidente em ponte de Baltimore (AFP Photo)

Acidente em ponte de Baltimore (AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 31 de março de 2024 às 12h58.

Última atualização em 31 de março de 2024 às 13h21.

A morte de seis trabalhadores latinos no colapso da ponte de Baltimore esta semana evidencia o contraste entre o papel dos imigrantes para manter os Estados Unidos funcionando e o discurso de Donald Trump que os caracteriza como "invasores" e "criminosos".

"Os migrantes vêm pelos empregos que sabem que os americanos não querem", afirma Luis Vega, ativista e ex-trabalhador da construção.

"Quem quer limpar quartos de hotel? Quem quer andar no sol? Quem quer estar no campo trabalhando?", questiona.

Seis trabalhadores oriundos de México, Guatemala, El Salvador e Honduras foram as únicas vítimas fatais da queda da ponte Francis Scott Key na terça-feira, no porto de Baltimore.

Junto com outros dois funcionários que conseguiram sobreviver, esses homens estavam reparando buracos na pista da ponte que desmoronou ao ser atingida por um navio cargueiro.

"Nós imigrantes, nós fazemos o trabalho", disse na quinta-feira à emissora MSNBC Tom Perez, diretor do Escritório de Assuntos Intergovernamentais da Casa Branca.

"E foi isso que fizemos nas últimas noites. As seis pessoas que morreram e as outras duas que sobreviveram, você sabe, isto é a América, os imigrantes [...] consertando buracos", acrescentou.

A notícia sacudiu a comunidade hispânica nos Estados Unidos, em tempos nos quais lideranças políticas como o ex-presidente Donald Trump - que está em campanha contra o democrata Joe Biden pela Casa Branca - defendem maiores restrições aos imigrantes, chamando-os repetidamente de delinquentes que devem ser expulsos do país.

"É triste porque o ex-presidente não vê que tanto preconceito envenena as pessoas. [...] Os terroristas não entram pela fronteira, entraram de avião e com visto", disse Vega.

Alto risco

Os imigrantes são extremamente vulneráveis à exploração. Trabalham por longas jornadas, em condições precárias e em troca de salários baixos, sustenta Javier Galindo, um empreiteiro baseado em Tucson, Arizona, que começou a trabalhar na construção civil aos 14 anos.

"Nos telhados, você nunca vai ver um branco [trabalhando], que foi o que eu tive que fazer", disse Galindo.

Em estados como o Arizona, onde o salário-mínimo por hora é de 14,35 dólares (pouco mais de R$ 70), os trabalhadores imigrantes recebem entre 80 e 100 dólares por dia (R$ 400 e 500).

A constante necessidade econômica, ressalta Vega, obriga os imigrantes a aceitarem esses empregos em setores de maior risco, com fatores que podem ser letais, como as altas temperaturas.

De acordo com números oficiais, os imigrantes latinos constituíam 8,2% da força de trabalho nos Estados Unidos em 2021, mas representavam 14% das mortes no local de trabalho.

Além disso, os acidentes fatais aumentaram 42% entre 2011 e 2021, ao passarem de 512 para 727.

Galindo sustenta que, na sua região, a construção depende inteiramente de imigrantes, com os que estão em situação irregular tendo um papel chave.

"Falta muita mão de obra", disse o empreiteiro de 48 anos, que, assim como Vega, defende a legalização dos trabalhadores, um sentimento que é compartilhado no setor da construção.

"Se contratássemos pessoas com documentos, a verdade é que estaríamos de mal a pior", afirma outro empreiteiro do Arizona, que não quis se identificar para evitar represálias. "Infelizmente não poderíamos construir o que está sendo construído nesta cidade se não fosse pelos trabalhadores sem documentos", frisou.

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