Rússia afirma que avaliará Trump por suas ações, enquanto ocidente teme implicações para Ucrânia (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 6 de novembro de 2024 às 18h42.
A Rússia declarou nesta quarta-feira, 6, que julgará Donald Trump com base em suas ações, uma vez que o novo presidente americano prometeu encerrar rapidamente o conflito na Ucrânia. A declaração ocorre enquanto as potências ocidentais demonstram preocupação sobre as possíveis implicações de um segundo mandato de Trump para Kiev.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou: “Vamos tirar as nossas conclusões com base nas palavras concretas e em atos concretos” do presidente eleito. Peskov acrescentou que não tem conhecimento sobre eventuais planos de Vladimir Putin para parabenizar Trump, visto que os Estados Unidos “não são um país amigo”.
As relações entre Moscou e Washington atravessam o pior momento desde a Guerra Fria. “Não temos ilusões sobre o presidente eleito dos EUA”, declarou o Ministério das Relações Exteriores russo. Na capital russa, muitos receberam a notícia da vitória de Trump com cautela, esperando que ele cumpra a promessa de pôr fim aos confrontos na ex-república soviética.
Nos últimos meses, Trump afirmou que conseguiria alcançar a paz na Ucrânia em “24 horas”, sem, no entanto, explicar como. Ele também criticou a extensão da ajuda financeira dos EUA a Kiev, questionando os bilhões de dólares destinados à Ucrânia e culpando repetidamente Kiev pelo conflito.
A Rússia, por sua vez, já deixou claro que apenas aceitará uma resolução do conflito se Kiev abdicar de extensas áreas territoriais. Após a confirmação da vitória de Trump, Moscou reiterou que sua prioridade permanece inalterada: cumprir “todos os objetivos estabelecidos” na Ucrânia. “Nossas condições são bem conhecidas em Washington”, destacou a chancelaria russa.
Na Ucrânia, o Exército de Kiev enfrenta dificuldades, com a Rússia reivindicando o controle de mais duas localidades no leste do país. Para alguns líderes russos, o retorno de Trump à Casa Branca representa uma possível abertura para um avanço diplomático. "É possível que haja uma oportunidade para uma abordagem construtiva", afirmou Leonid Slutski, parlamentar russo de política externa.
Nas ruas de Moscou, o engenheiro Alexander, de 48 anos, comentou: “Espero que a situação melhore na Ucrânia se Trump for eleito nos EUA”. Muitos russos foram severamente afetados pelo conflito e pelas sanções impostas após a ofensiva de Moscou, que enfraqueceram a economia e provocaram um êxodo populacional.
No entanto, analistas políticos russos alertam contra uma confiança excessiva em Trump para propor um acordo aceitável ao Kremlin. O jornalista e analista político Georgi Bovt pondera que "Haverá um momento de alto risco em que Trump pode propor algo favorável para a Rússia, mas que, para o Kremlin, não será suficiente e será rejeitado."
O primeiro mandato de Trump, entre 2017 e 2021, deixou muitos russos desapontados. Ivan, de 50 anos, afirmou que é necessário esperar para ver como Trump agirá desta vez: “Uma coisa é fazer campanha, outra é sentar-se na cadeira e agir”, concluiu.