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RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica

Nomeação como secretário de saúde dos EUA gera reações no mercado e na indústria

Robert F. Kennedy Jr., indicado ao cargo de secretário de Saúde dos EUA, promete mudanças no FDA, levantando preocupações na indústria farmacêutica

Publicado em 15 de novembro de 2024 às 10h04.

Robert F. Kennedy Jr., indicado pelo presidente eleitoDonald Trumppara o cargo de secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, prometeu reformular a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA), espécie de Anvisa americana. O anúncio foi feito pouco antes de sua nomeação e coloca o ativista ambiental em rota de colisão com a indústria farmacêutica, que financia uma parcela significativa do orçamento do órgão regulador.

Caso confirmado no cargo, Kennedy terá autoridade sobre agências responsáveis pela saúde pública, programas de seguro saúde governamentais que atendem mais de 140 milhões de pessoas, além de pesquisas médicas. Sua crítica mais contundente é direcionada ao FDA, órgão que regula medicamentos, alimentos e produtos de tabaco com impacto estimado de quase US$ 3 trilhões.

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Críticas ao FDA e impacto no mercado

Conforme informado pela agência Reuters, Kennedy acusa o FDA de ser influenciado por interesses corporativos, especialmente das indústrias farmacêutica e alimentícia. "A guerra do FDA contra a saúde pública está prestes a terminar", afirmou ele em publicação na plataforma X, alertando funcionários do órgão para preservarem registros e se prepararem para mudanças.

A reação foi imediata no mercado financeiro. Ações de fabricantes de vacinas como Pfizer e Moderna caíram até 2% após a notícia da nomeação. Em nota, a Pharmaceutical Research and Manufacturers of America, principal grupo de lobby do setor, afirmou estar disposta a trabalhar com o governo Trump para melhorar a saúde dos pacientes, destacando avanços históricos como a erradicação da pólio e da varíola por meio de vacinas.

Conflitos de interesse e desafios internos

Del Bigtree, ex-diretor de comunicação da campanha de Kennedy, afirmou que haverá maior transparência na revisão de possíveis conflitos de interesse de funcionários do FDA. "Haverá um processo de avaliação detalhado. Tudo será tornado público", declarou.

Kennedy, que concorreu à presidência como independente antes de desistir em agosto e apoiar Trump, enfrenta desafios para implementar suas propostas. Isso exigiria mudanças nas proteções legais de funcionários federais contra demissões arbitrárias. Além disso, 46% do orçamento de US$ 7,2 bilhões da FDA em 2024 provém de taxas pagas por fabricantes de medicamentos e dispositivos médicos, recursos que, segundo a agência, não influenciam suas decisões regulatórias.

Expectativas e preocupações

Ainda de acordo com reportagem da Reuters, especialistas do setor têm opiniões divergentes sobre o impacto de Kennedy à frente do FDA. Dan Troy, ex-conselheiro-chefe do órgão, não prevê mudanças significativas devido à complexidade técnica envolvida. Executivos farmacêuticos, como Pascal Soriot, CEO da AstraZeneca, destacaram a relevância do FDA na aprovação de medicamentos inovadores e reforçaram a importância de manter a credibilidade da agência.

Outros, como Jeremy Levin, CEO da Ovid Therapeutics, demonstraram preocupação com a posição de Kennedy em relação às vacinas. "Negacionismo de vacinas, um pilar central da visão de RFK, é talvez um dos maiores riscos à estabilidade nacional", afirmou Levin.

Enquanto isso, o comissário atual do FDA, Robert Califf, buscou tranquilizar os funcionários após a eleição de Trump. "Haverá mudanças, mas o FDA continuará cumprindo seu papel de proteger o público", disse em e-mail interno.

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