G20: evento é realizado em Nova Déli, capital da Índia (Sanchit Khanna/Hindustan Times/Getty Images)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 8 de setembro de 2023 às 06h03.
Última atualização em 8 de setembro de 2023 às 07h33.
A reunião de cúpula do G20, principal fórum internacional de chefes de Estado, começa neste sábado, 9, em Nova Déli, na Índia, marcada por ausências. O dirigente chinês, Xi Jinping, não irá, nem o presidente russo, Vladimir Putin. A falta de líderes de dois dos maiores países do mundo evidencia um certo esvaziamento do grupo e suas divisões internas.
Xi não deixou claro a razão de sua ausência. Entre as possíveis causas, estão disputas diplomáticas com a Índia ou uma tentativa de sinalizar que considera outros fóruns, como o Brics, como mais importantes.
Já Putin tem evitado sair da Rússia desde o começo da Guerra da Ucrânia. Ele é alvo de um pedido de prisão, emitido pelo TPI (Tribunal Penal Internacional), mas a Índia não assinou o tratado de criação do tribunal e, assim, não teria de deter o líder russo caso ele fosse ao evento.
O G20, que reúne as maiores economias do mundo e concentra 85% do PIB global, anda dividido em dois blocos, um ocidental, com americanos e europeus, e outro com emergentes, com Rússia e China à frente.
Os dois lados têm visões diferentes sobre temas importantes, como na Guerra da Ucrânia. Enquanto Estados Unidos e Europa dão forte apoio à Kiev para combater a invasão russa, a China tem postura mais neutra, que acaba favorecendo a Rússia.
Outro ponto de debate é o uso do dólar: a China tem puxado um movimento para que outras moedas sejam usadas no comércio internacional. Os Estados Unidos têm vantagens por ter a moeda de maior referência internacional, e uma queda do poder do dólar reduziria seu poder de influência.
O Brasil assumirá a presidência do bloco a partir de dezembro e tentará usar a posição para negociar com outros países avanços conjuntos em três temas: combate à pobreza, desenvolvimento sustentável e governança global. Neste último item, o país defende que as nações emergentes tenham mais poder de decisão em entidades como o Conselho de Segurança da ONU.
Ao final do encontro, os países costumam assinar uma declaração conjunta, assumindo compromissos comuns. Os impasses entre os países, no entanto, podem gerar um documento esvaziado.
Há expectativa de que seja criado um novo grupo de trabalho no G20 sobre empoderamento das mulheres e que a União Africana seja admitida como membro pleno do grupo.
O presidente Lula chega a Nova Déli na noite de sexta, 8, na hora local. No sábado, 9, participa de duas reuniões temáticas com líderes globais: uma sobre clima e ambiente e outra sobre desenvolvimento sustentável.
No domingo, 10, Lula irá a uma terceira reunião, sobre transformações digitais e o futuro do trabalho. Depois dela, o presidente participará de uma cerimônia de transferência de comando do G20 e fará um discurso sobre as expectativas para o mandato do Brasil.
A presidência do G20 é rotativa, e o Brasil iniciará seu mandato oficialmente m 1º de dezembro, pelo prazo de um ano.
O G20 foi criado em 1999, como um fórum internacional para ministros da economia debaterm questões econômicas, após a crise que atingiu vários países da Ásia nos anos 1990. Em 2008, depois de outra crise financeira, evoluiu e passou a ser um espaço de debate entre chefes de Estado e governo.
Atualmente, realiza reuniões anuais para debater novas formas de cooperação econômica e buscar saídas para questões globais. O grupo não possui estrutura fixa, e a cada ano um país assume o comando e fica responsável por organizar a reunião anual.
O G20 reúne 19 países e a União Europeia. São eles: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia.
Para esta cúpula, também foram convidados Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Ilhas Maurício, Nigéria, Omã, Países Baixos e Singapura.