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Reino Unido: Novo ministro diz que terá de subir impostos e cortar gastos

Discurso vai na contramão de seu antecessor, Kwasi Kwarteng, demitido após ter plano econômico rechaçado pelo mercado

Bandeira do Reino Unido: Jeremy Hunt assumiu após demissão de Kwasi Kwarteng na sexta-feira, 14 (AFP/AFP)

Bandeira do Reino Unido: Jeremy Hunt assumiu após demissão de Kwasi Kwarteng na sexta-feira, 14 (AFP/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de outubro de 2022 às 11h11.

Última atualização em 15 de outubro de 2022 às 11h36.

O novo ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, disse neste sábado à BBC que alguns impostos terão de subir e que serão necessários cortes nos gastos públicos para restaurar a confiança do mercado na economia britânica. Com isso, Hunt descarta o plano de corte de impostos da primeira-ministra, Liz Truss. Na manhã de sexta-feira, o ex-ministro das Finanças Kwasi Kwarteng foi demitido.

Conforme reportagem do The Wall Street Journal, Hunt afirmou hoje que Truss cometeu erros em seu plano de impulsionar o crescimento, ao tomar crédito para financiar os maiores cortes de impostos do país desde a década de 1970. Tais medidas assustaram os mercados e fizeram o Partido Conservador cair nas pesquisas.

"Alguns impostos não serão cortados tão rapidamente quanto as pessoas querem, e alguns vão subir. Então vai ser difícil", disse ele à BBC. "O que não funciona é financiar cortes de impostos aumentando empréstimos e dívidas. Eles têm de ser cortes que as pessoas vejam que você pode manter o financiamento ano após ano", continuou.

Hunt não descartou a reversão de outro elemento-chave do legado de seu antecessor, um corte planejado na alíquota mais baixa do imposto de renda. E prometeu medidas para limitar os gastos. "Os gastos não vão subir tanto quanto as pessoas querem, buscaremos mais formas de sermos eficientes e não teremos a velocidade de cortes de impostos que esperamos", afirmou. Ele disse que não definiu completamente quais impostos subirão e quais cortes serão feitos.

Hunt apresentará seu plano fiscal em 31 de outubro e pediu aos departamentos do governo que sugiram cortes até lá. O novo ministro das Finanças afirmou que recebeu carta branca de Truss, após ela ter demitido o ministro anterior, Kwasi Kwarteng.

A intervenção de Hunt teve o objetivo de acalmar os mercados, que reagiram de forma morna à tentativa de Truss, na sexta-feira de reverter parcialmente seu plano. Embora investidores tenham saudado amplamente a saída de Kwarteng e a decisão inicial de engavetar cerca de metade dos planos de corte de impostos do governo, ainda havia incerteza sobre como a metade restante dos cortes propostos seria financiada. O Instituto de Estudos Fiscais estima que o plano exigiria 60 bilhões de libras, ou cerca de US$ 67 bilhões, para financiar os cortes de gastos.

"Era errado voar às cegas", disse Hunt, referindo-se à decisão no início do governo Truss de não publicar uma análise independente do orçamento junto com os planos de impostos e gastos propostos. Ele acrescentou que as coisas "estavam em processo de serem corrigidas". Hunt afirmou também que pode trazer estabilidade às finanças públicas e mostrar que o Reino Unido tem condições de equilibrar suas contas.

Desde que o plano de corte de impostos foi anunciado, há pouco mais de três semanas, a libra caiu para um nível recorde em relação ao dólar, o Banco da Inglaterra interveio comprando títulos do governo para evitar que a liquidação do mercado se transformasse em crise financeira, e o Partido Conservador despencou para recordes de baixa em pesquisas de opinião. Na sexta-feira, o FMI disse que esperaria até que Hunt delineasse seu plano de médio prazo antes de julgar se o governo corrigiu seus erros.

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