Quem é Ibrahim Aqil, comandante do Hezbollah morto em ataque de Israel a Beirute
Combatente é designado pelos EUA como 'Terrorista Global' e apontado como responsável por dois ataques com bombas que somam mais de 300 mortos
Agência de notícias
Publicado em 20 de setembro de 2024 às 13h51.
Última atualização em 20 de setembro de 2024 às 14h21.
O comandante da força al-Radwan, a unidade de elite do movimento xiita libanês Hezbollah, Ibrahim Aqil, foi morto em um ataque lançado pelo Exército israelense contra a capital do Líbano, Beirute, nesta sexta-feira, 20.
O combatente estava entre os milhares de feridos na explosão simultânea de pagers na última terça-feira e teria deixado um hospital na capital nesta sexta-feira, segundo a agência de notícias alemã DPA. Sua morte foi confirmada por uma fonte próxima do grupo à AFP e fontes de segurança à Reuters, além de ter sido veiculada pelo Canal 12 israelense.
Aqil era chefe de operações especiais e membro do Conselho da Jihad, o principal órgão militar da organização libanesa. Segundo o programa americano Recompensas pela Justiça, do Departamento de Estado, Aqil, também conhecido como Tahsin, era um membro importante na Organização Jihad Islâmica, também conhecida como Organização de Segurança Externa ou Unit 910, responsável por organizar ataques terroristas no exterior. Era o segundo em comando nas forças militares do movimento, depois apenas de Fuad Shukr, morto em julho também por um ataque israelense.
O comandante reivindicou a responsabilidade pelos ataques com bombas contra a Embaixada dos EUA em Beirute em abril de 1983, que matou 63 pessoas, e contra o quartel do Corpo de Fuzileiros Navais americano, no mesmo ano, que matou 241 militares. Ele também é responsável pelo sequestro de reféns americanos e alemães no Líbano durante a década de 1980 e os manteve no país, continuou o programa.
Em julho de 2019, o comandante foi classificado pelos Departamento de Estado americano e pelo Departamento do Tesouro como "Terrorista Global Especialmente Designado". Washington anunciava uma recompensa de US$ 7 milhões (quase R$ 38,5 milhões) por ele.
Entenda o ataque
O ataque desta sexta-feira, descrito pelos militares israelenses como "direcionado", deixou ao menos oito pessoas mortas e 59 feridas, segundo informou o Ministério da Saúde Libanês. A ação ocorreu horas após o Hezbollah ter disparado 150 foguetes contra regiões no norte de Israel — mais um capítulo na guinada da tensão entre militares e combatentes, marcada pelas explosões simultâneas de pagers e walki-talkies nos últimos dias.
“Neste momento, não há mudanças nas diretrizes de defesa do Comando da Frente Interna”, afirmou o Exército israelense em comunicado, sem fornecer mais detalhes.
Relatos não confirmados pela mídia local indicaram que o incidente ocorreu enquanto uma reunião do "conselho de guerra" do Hezbollah estava sendo realizada dentro do edifício atingido. Uma das fontes de segurança do movimento que conversou com a Reuters afirmou que Aqil morreu ao lado de membros do al-Radwan, quando estavam em reunião.
A mídia libanesa afirma que um F-35 israelense realizou o ataque com dois mísseis, que atingiram um prédio no subúrbio de Dahiyeh, um conhecido reduto do Hezbollah. À AFP, um oficial de segurança libanês acrescentou que o ataque ocorreu próximo à mesquita al-Qaem. Uma densa nuvem de fumaça pôde ser vista subindo sobre a região, e moradores relataram ter ouvido uma explosão forte.
O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que os EUA não tiveram envolvimento no ataque israelense em Beirute. O primeiro-ministro do Líbano , Najib Mikati, por suz vez, acusou Israel de "não dar importância a nenhuma consideração humanitária, legal ou moral".
Esta é a terceira vez que as forças israelenses realizam ataques aéreos em Beirute desde o início da guerra. Em julho, um ataque aéreo israelense em Beirute matou o chefe militar do Hezbollah, Fuad Shukr, e antes disso, em janeiro, o vice-líder do grupo terrorista Hamas, Saleh al-Arouri, foi morto em um ataque do Exército de Israel na capital libanesa.