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Putin propõe aos EUA troca de garantias de 'não interferência' eleitoral

"Não sejamos reféns de nossas divergências políticas", pediu Putin em texto lido na TV pelo ministro das Relações Exteriores

 (Carlos Barria/Reuters)

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FS

Fabiane Stefano

Publicado em 25 de setembro de 2020 às 15h23.

Última atualização em 25 de setembro de 2020 às 18h35.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs nesta sexta-feira, 25, ao governo dos Estados Unidos uma troca de promessas de "não interferência" e uma cooperação na área de tecnologia para promover um pacto de não agressão no setor.

Esta proposta surge no momento em que as autoridades russas são acusadas pelo Ocidente de ter envenenado, no final de agosto, o principal opositor ao Kremlin, Alexei Navalny, através de um agente neurotóxico. Moscou nega essas acusações.

Em um comunicado publicado pelo Kremlin, Putin propõe a Washington "trocar garantias mútuas de não interferência, incluindo nos processos eleitorais", alcançar um acordo em um "conjunto de medidas práticas" e um pacto mundial contra as agressões que utilizam "tecnologias da informação e comunicação".

Esse comunicado é emitido pouco antes da eleição presidencial nos Estados Unidos, em 3 de novembro, na qual o presidente Donald Trump enfrenta o candidato democrata Joe Biden.

"Um dos maiores desafios estratégicos do mundo contemporâneo é o risco de um confronto em larga escala no setor digital. Uma responsabilidade particular para evitá-lo cabe aos principais atores da segurança mundial na área da informação", escreve Putin.

"Acordo mundial"

"Ao dirigir-me a todos os países, inclusive aos Estados Unidos — continua Putin —, proponho chegar a um acordo sobre um compromisso político dos Estados de não lançar a primeira ofensiva usando tecnologias da informação e da comunicação".

O texto da declaração foi lido na televisão pelo ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, já que Putin compareceu às manobras militares "Cáucaso-2020" no sul do país, envolvendo dezenas de milhares de homens e alguns aliados, como a China. "Não sejamos reféns de nossas divergências políticas", pediu Putin.

A Rússia é acusada há vários anos de utilizar hackers e fábricas de trolls na internet e de preparar informações falsas virais para influenciar os processos eleitorais no Ocidente. O país é suspeito, em particular, de apoiar de modo secreto em 2016 a candidatura de Donald Trump, favorecendo sua vitória, além de tentar influenciar a atual campanha presidencial americana, entre Trump e o democrata Joe Biden.

Ataques cibernéticos e propaganda

A França acusou a Rússia de tentar desestabilizar a candidatura do atual presidente Emmanuel Macron, enquanto o Reino Unido acusou Moscou de interferências a favor do Brexit.

Vários cidadãos e entidades russas foram sancionados pelos Estados Unidos nos últimos anos, devido às suas tentativas de interferência, vinculadas aos serviços secretos (FSB) russos.

Os gigantes da tecnologia também se mobilizaram. Facebook, Twitter, Google e Microsoft multiplicam os anúncios sobre ataques cibernéticos interrompidos e operações de propaganda desmanteladas, orquestradas no exterior, especialmente na Rússia.

A Rússia também foi acusada nos últimos anos de ter liderado hackers que atacaram uma série de instituições ocidentais, como a câmara baixa do parlamento alemão, ou a chancelaria de Angela Merkel.

O Kremlin desmente todas essas acusações e aponta para os ocidentais, acusando-os de promover uma guerra de desinformação contra a Rússia.

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