Mundo

Procuradores nos EUA obtêm áudio de Trump que desmente sua versão sobre documentos secretos

A declaração pode ser usada como prova na investigação sobre o uso indevido de documentos secretos, mantidos por ele em sua casa em Mar-a-Lago, na Flórida, que foi alvo de uma operação do FBI neste ano

A gravação também pode ser uma ajuda importante para os promotores que procuram provar que Trump sabia que sua capacidade de possuir documentos confidenciais era limitada (Jeff J Mitchell/Getty Images)

A gravação também pode ser uma ajuda importante para os promotores que procuram provar que Trump sabia que sua capacidade de possuir documentos confidenciais era limitada (Jeff J Mitchell/Getty Images)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 1 de junho de 2023 às 12h46.

Os promotores do Departamento de Justiça obtiveram uma gravação de áudio do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, de uma data posterior a quando ele deixou o cargo, no qual o republicano fala sobre manter um documento confidencial do Pentágono relacionado a um possível ataque ao Irã.

A declaração pode ser usada como prova na investigação sobre o uso indevido de documentos secretos, mantidos por ele em sua casa em Mar-a-Lago, na Flórida, que foi alvo de uma operação do FBI neste ano.

Segundo a CNN americana, Trump sugeriu na gravação que queria compartilhar informações do documento com outras pessoas, mas que sabia que havia limitações sobre sua capacidade de desclassificar registros depois que deixou o cargo.

Os comentários sobre a gravação, feitos em julho de 2021 em seu clube de golfe em Bedminster, Nova Jersey, parecem minar as repetidas alegações do ex-presidente de que ele desclassificou os documentos que levou da Casa Branca para Mar-a-Lago, após deixar o cargo.

A gravação também pode ser uma ajuda importante para os promotores que procuram provar que Trump sabia que sua capacidade de possuir documentos confidenciais era limitada.

O áudio foi fornecido ao procurador especial Jack Smith, cuja equipe de promotores passou meses investigando o possível manuseio incorreto de documentos confidenciais em Mar-a-Lago e se Trump ou qualquer outra pessoa tentou obstruir criminalmente a investigação.

A investigação mostra sinais de estar em seus estágios finais, com os promotores tendo entrevistado uma ampla seção transversal de testemunhas perante o grande júri, a quem cabe decidir sobre o recebimento de uma ação penal contra o ex-presidente.

Investigação

A investigação começou no ano passado depois que a Administração Nacional de Arquivos e Registros alertou o FBI sobre a presença de documentos classificados em 15 caixas de registros enviadas tardiamente de Mar-a-Lago por Trump e seus representantes.

Os investigadores inicialmente emitiram uma intimação para os registros confidenciais remanescentes, mas depois de receberem apenas cerca de três dúzias durante uma visita a Mar-a-Lago em junho de 2022, retornaram com um mandado de busca dois meses depois e recuperaram cerca de 100 documentos marcados como classificados.

Smith, o procurador especial, também está investigando os esforços de Trump e seus aliados para desfazer os resultados da eleição presidencial de 2020 - objeto de uma investigação semelhante em andamento pelos promotores de Atlanta.

Os promotores de Nova York acusaram Trump no início deste ano de falsificação de registros comerciais.

Segundo a reportagem da CNN, a gravação foi feita durante uma reunião em Bedminster com assessores de Trump e duas pessoas que trabalhavam na autobiografia do ex-chefe de gabinete de Trump, Mark Meadows.

Ele disse que a autobiografia de Meadows inclui uma descrição do que parece ser a mesma reunião. Um advogado de Meadows se recusou a comentar na quarta-feira, 31, quando contatado pela Associated Press.

A CNN afirmou que testemunhas, incluindo o general Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto, foram questionadas sobre o episódio. Um porta-voz de Milley se recusou a comentar os relatos de que ele havia sido entrevistado. Um porta-voz de Trump disse em um comunicado que a investigação era "sem mérito" e equivalia a "interferência contínua na eleição presidencial".

Processos

Em maio, um júri condenou Trump a pagar uma multa de quase US$ 5 milhões (quase R$25 milhões) em um processo por agressão sexual e difamação movido na esfera civil da Justiça Federal americana pela jornalista E. Jean Carroll, ex-colunista de 79 anos da revista Elle. A decisão foi unânime.

Este é o segundo problema jurídico para o ex-presidente em menos de dois meses, em um momento em que ele tenta viabilizar sua candidatura à Casa Branca no ano que vem. Trump já responde criminalmente por fraude contábil, ao tentar ocultar pagamentos para silenciar a atriz pornô Stormy Daniels para ocultar um caso extraconjugal dos dois antes da eleição de 2016.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpGuerrasWashington (DC)

Mais de Mundo

Donald Trump nomeia Susie Wiles como chefe de gabinete

Milei terá encontro com Trump na semana que vem nos Estados Unidos

Setores democratas atribuem derrota de Kamala à demora de Biden para desistir da disputa

Pelúcias inspiradas na cultura chinesa viralizam e conquistam o público jovem