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Presidente do Chile diz não ter dúvidas de que Maduro tentou cometer fraude na Venezuela

Gabriel Boric questionou o porquê da demora em apresentar as atas eleitorais

Agência o Globo
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Publicado em 7 de agosto de 2024 às 12h52.

Última atualização em 7 de agosto de 2024 às 14h17.

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O presidente do Chile, Gabriel Boric, disse nesta quarta-feira não ter dúvidas de que seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, tenta “cometer uma fraude” no país após as eleições de 28 de julho – e que não reconhece a “vitória autoproclamada” do chavista. As declarações foram feitas pouco depois de Boric ter tido uma reunião bilateral com o mandatário brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cujo tema foi a transparência nos resultados do pleito venezuelano.

— Se não [tivessem fraudado], teriam mostrado as famosas atas. Por que não fizeram isso? Se tivessem claramente vencido, teriam mostrado as atas — afirmou o chileno à imprensa no Palácio de La Moneda. — Além disso, estão cometendo violações de direitos humanos, reprimindo as pessoas que estão se manifestando e iniciando perseguições penais que são inaceitáveis em um país democrático.

Boric já havia declarado que os resultados informados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, que anunciou a reeleição de Maduro com cerca de 51,2% dos votos, eram “difíceis de acreditar” – e que o governo chileno não os endossará até que possam ser verificáveis. Nesta quarta, ele voltou a dizer não confia na “independência nem na imparcialidade das atuais instituições na Venezuela”. Boric garantiu que não validará resultados “que não tenham sido verificados por organismos internacionais independentes”.

Após o encontro com Boric, Lula defendeu o diálogo entre Maduro e a oposição. Durante a reunião, o petista tratou sobre a nota conjunta divulgada na semana passada por Brasil, Colômbia e México fazendo um chamado às autoridades da Venezuela para que sejam divulgados os documentos que mostrem como foi a votação na eleição. Lula detalhou o teor da conversa, mas afirmou que tratou sobre “iniciativas” que tem empreendido com os presidentes Gustavo Petro e Lopez Obrador.

Investigação contra opositores

Nesta segunda-feira, Boric também condenou a decisão do Ministério Público da Venezuela de abrir uma investigação penal contra María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, e Edmundo González Urrutia, o candidato opositor nas eleições. Nas redes sociais, o chileno escreveu que “o regime de Maduro anuncia perseguição penal contra María Corina e González enquanto reprime seu próprio povo, que exige o respeito à sua vontade expressa democraticamente”.

María Corina e Edmundo González pediram nesta segunda que os policiais militares do país parem a repressão contra a população venezuelana, especialmente entre aqueles que contestam os resultados do pleito que deu vitória a Maduro. A carta conjunta da dupla foi pulicada uma semana após o CNE anunciar a reeleição do chavista – resultado questionado também pela comunidade internacional.

“Fazemos um apelo à consciência dos militares e policiais para que fiquem ao lado do povo e de suas próprias famílias. Com essa massiva violação de direitos humanos, a alta cúpula está se alinhando com Maduro e seus interesses vis”, diz a carta publicada nas redes sociais de ambos os opositores. “Enquanto isso, vocês estão representados por esse povo que saiu para votar pelos seus companheiros das Forças Armadas Nacionais, por seus familiares e amigos”.

Após a divulgação do documento, o Ministério Público anunciou a abertura de uma investigação penal contra os opositores. Segundo o procurador-geral Tarek William Saab, o MP considera que ambos cometeram crimes ao anunciar falsamente um vencedor das eleições presidenciais diferente do declarado pelo CNE.

Horas após o primeiro boletim que deu a vitória a Maduro, estouraram na Venezuela manifestações que foram reprimidas pelas forças de segurança – e que deixaram pelo menos 24 civis mortos, segundo organizações de defesa dos direitos humanos. De acoro com o governo, há mais de 2 mil detidos e dois militares morreram, apesar de ONGS de apontarem um número menor (988, sendo 91 deles adolescentes).

Na semana passada, o governo venezuelano anunciou a retirada do pessoal diplomático da Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai do país, bem como a saída dos seus próprios representantes nestas nações. A decisão foi feita após os países citados exigirem transparência nos procedimentos eleitorais da Venezuela.

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