Presidente da Ucrânia chama encenação de jornalista de "brilhante"
"Morte" de Arkady Babchenko aconteceu na terça. Simulação foi feita com a cooperação do jornalista, crítico de Vladimir Putin, e autoridades da Ucrânia
EFE
Publicado em 31 de maio de 2018 às 12h46.
Kiev - O presidente da Ucrânia , Petro Poroshenko, qualificou nesta quinta-feira de "brilhante" a operação dos serviços secretos do seu país para fingir o assassinato do jornalista opositor russo, Arkady Babchenko, no meio de diversas críticas vindas do mundo todo sobre a moralidade da atuação.
"Ontem, pela televisão, vimos o resultado de uma brilhante operação executada por heróis do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU)", disse Poroshenko em mensagem transmitida pela TV local.
Ele afirmou, em clara alusão à Rússia, que após a operação, na qual o jornalista se passou por morto para reaparecer horas depois em entrevista coletiva, que "todo mundo viu a verdadeira cara do inimigo" da Ucrânia.
"Enviam caminhões cheios de armas e dinheiro para matar ucranianos, jornalistas e políticos, e quando pegamos com a mão na massa, dizem que não fomos bem", insistiu Poroshenko. Para ele, quem deve ser "condenado agora é à Rússia", e não o seu país.
Por sua vez, o ministro de Interior ucraniano, Arsen Avakov, expressou "surpresa" com as declarações de algumas organizações internacionais que acusam os serviços secretos de enganar a sociedade, que ficou comovida com a notícia do suposta morte do jornalista. A Federação Internacional de Jornalistas tachou de "inaceitável" a ação de ontem.
Babchenko, de cuja morte violenta foi noticiada na noite de terça-feira, reapareceu ontem em entrevista coletiva do SBU para surpresa total. O jornalista crítico do Kremlin, que deixou a Rússia há um ano e meio depois de ser ameaçado de morte, admitiu que cooperou no último mês com a inteligência ucraniana após ser advertido sobre um suposto complô para o seu assassinato, que devia acontecer pouco antes da final dos Liga dos Campeões, no último dia 26. Babchenko disse ter certeza de que a Rússia estava por trás dos planos para a sua morte.