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Pirataria eleitoral: Londres e Berlim ficam em estado de alerta

Sexta-feira, pouco antes do final da campanha presidencial francesa, milhares de documentos de Macron foram publicados na internet

Hackers: "É indiscutível que estamos testemunhando nos últimos dois anos um aumento nos ataques cibernéticos contra o Ocidente a partir da Rússia" (./Thinkstock)

Hackers: "É indiscutível que estamos testemunhando nos últimos dois anos um aumento nos ataques cibernéticos contra o Ocidente a partir da Rússia" (./Thinkstock)

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AFP

Publicado em 6 de maio de 2017 às 13h54.

Hillary Clinton foi vítima no ano passado, Emmanuel Macron na última sexta-feira: a pirataria informática se intromete cada vez mais nas campanhas eleitorais e ameaça as futuras eleições no Reino Unido e na Alemanha, onde a resposta começa a ser organizada.

Sexta-feira à noite, pouco antes do final da campanha presidencial francesa, milhares de documentos internos do candidato do movimento Em Marcha! foram publicados nas redes sociais.

A operação, chamada "MacronLeaks" pelo site WikiLeaks, foi imediatamente denunciada pelo candidato centrista como uma tentativa de "desestabilização democrática, como foi visto nos Estados Unidos durante a última campanha presidencial".

Os serviços de Inteligência americanos acusaram a Rússia de interferir na eleição para favorecer Donald Trump, em particular através do hacking do Partido Democrata de Hillary Clinton.

A proliferação dessas operações cibernéticas em larga escala levanta questões quanto a segurança das próximas consultas eleitorais, começando com as eleições parlamentares de 8 de junho no Reino Unido e em 24 de setembro na Alemanha.

Reino Unido em "estado de alerta"

Para o especialista em cibersegurança Ewan Lawson, do centro de pesquisa Royal United Services Institute, a possibilidade de que um ataque atrapalhe as eleições britânicas não é "irrealista".

"Podemos razoavelmente esperar roubos de dados ou vazamentos", disse ele, destacando a vulnerabilidade dos sistemas informáticos dos partidos políticos.

"Eles são muitas vezes desprovidos de sistemas de segurança cibernética sólidos, simplesmente porque não são (empresas) e não têm um monte de dinheiro para investir nisso".

Para combater a ameaça, o Reino Unido adotou em fevereiro uma nova ferramenta: o National Cyber ​​Security Center (NCSC),para proteger o país contra operações orquestradas principalmente a partir da Rússia.

"É indiscutível que estamos testemunhando nos últimos dois anos um aumento nos ataques cibernéticos contra o Ocidente a partir da Rússia", afirmou o chefe do NCSC, Ciaran Martin, que recentemente prometeu recursos adicionais para assegurar a proteção das legislativas.

"Este é um evento de importância nacional, estamos em alerta", disse ele ao Sunday Times.

Em abril passado, o NCSC convidou os partidos políticos britânicos para seminários de cibersegurança para ajudá-los a implementar dispositivos adequados.

"A questão não é saber o que fazer quando isso acontecer, mas certificar-se de tomar as medidas necessárias para que ninguém interfira no nosso processo eleitoral", ressaltou na terça-feira a primeira-ministra Theresa May.

"Desafio internacional"

O problema é semelhante na Alemanha, que também anunciou em outubro a criação de um departamento cibernético.

"O índice de tentativas de influenciar as eleições legislativas tem multiplicado", indicou Hans-Georg Maassen, presidente do Instituto de Proteção da Constituição alemã, o equivalente à inteligência interna, igualmente apontando para o Kremlin.

Maassen lembrou que o candidato parlamentar social-democrata Martin Schulz foi vítima em setembro de uma campanha de desinformação dizendo que seu pai havia comandado um campo de concentração.

Outros grandes ataques informáticos e campanhas de "fake news" afetaram o país: hacking dos roteadores da Deutsche Telekom, suposto estupro de uma adolescente russo-alemã por migrantes, ataque com Cavalo de Tróia contra o Bundestag.

A imprensa alemã suspeita especialmente de Moscou, que estaria buscando influenciar a vida política alemã através dos 3,2 milhões de cidadãos de ex-repúblicas soviéticas que chegaram à Alemanha após a explosão do bloco e que dispõem, em sua maioria, da nacionalidade alemã.

"Sabemos que o cibercrime é atualmente um desafio global", ressaltou a chanceler alemã, Angela Merkel, durante uma reunião com o presidente russo Vladimir Putin na terça-feira em Sochi.

"O que posso dizer é que eu não faço parte das pessoas que têm medo. Tenho a intenção de fazer campanha com minhas crenças. Se houver informações falsas grosseiras (...) então, obviamente, vamos agir de forma decisiva", alertou.

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