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Perdendo nas pesquisas, Trump sugere que eleições nos EUA sejam adiadas

Presidente americano escreveu em seu perfil no Twitter que, por coronavírus e votos pelo correio, eleição será a mais "fraudulenta da história"

Donald Trump: presidente está atrás do democrata Joe Biden nas pesquisas (Leah Millis/Reuters)

Donald Trump: presidente está atrás do democrata Joe Biden nas pesquisas (Leah Millis/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 30 de julho de 2020 às 10h17.

Última atualização em 9 de agosto de 2020 às 00h17.

O presidente americano Donald Trump defendeu que as eleições americanas em novembro sejam adiadas. Trump escreveu em seu perfil no Twitter na manhã desta quinta-feira, 30, que o pleito que vai escolher o próximo presidente americano será "fraudulento e impreciso" em meio à pandemia do novo coronavírus, que fará com que muitos eleitores votem pelo correio, o que é permitido nos Estados Unidos.

Com a votação pelo correio, escreve Trump, "2020 será a eleição mais imprecisa e fraudulenta da história. Será uma grande vergonha para os EUA. Adiem a eleição até que as pessoas possam votar de forma apropriada e segura?".

Na postagem, o presidente americano não deu mais detalhes sobre se fez algum pedido formal para adiamento das eleições e como isso seria feito. Na prática, um presidente não tem poder para adiar o pleito sem que haja aval do Congresso. Não há no momento nenhum tipo de proposta de adiamento das eleições em discussão no Legislativo.

A eleição presidencial nos EUA estão marcadas para o próximo dia 3 de novembro. Trump, eleito em 2016, disputará a reeleição com o candidato do Partido Democrata, Joe Biden.

Nos votos absolutos, Trump perderia para Biden na média das pesquisas até esta quinta-feira. São 50% das intenções de voto para democrata contra 41,7% do atual presidente, segundo o site de estatísticas Five Thirty Eight.

A eleição nos Estados Unidos não depende só de votos absolutos, mas no resultado de estado a estado devido ao modelo baseado nos votos do chamado colégio eleitoral.

Biden vem se destacando nos chamado estados-pêndulo, que não são tradicionalmente nem republicanos nem democratas, e pode vencer em estados importantes como a Flórida, onde tem sete pontos de vantagem. Biden também lidera ou empata com Trump em outros estados importantes, como Carolina do Norte, Arizona e Ohio.

Nos estados do chamado "Cinturão da Ferrugem", cuja economia é altamente dependente da indústria pesada, em declínio na economia americana, Biden vence por sete pontos de vantagem. Essa região vem se mostrando decisiva nos últimos pleitos: na década passada, foi uma das responsáveis pelas vitórias do ex-presidente democrata Barack Obama. Mas, em 2016, deu vitória a Trump, com a promessa do republicano de trazer mais empregos da indústria para os EUA.

Outras eleições adiadas

A pandemia do novo coronavírus tem feito uma série de países postergar suas eleições -- de modo justo ou não. Um dos países que anunciou nesta semana que pode adiar eleições é Hong Kong, cujo pleito para o Parlamento estava marcado para setembro.

Protestos contra restrição de direitos democrativos tomaram conta do país no ano passado, o que fez um potencial adiamento das eleições ser criticado pela oposição como uso do coronavírus como ferramenta para uma potencial saída anti-democrática. Também nesta semana, nesta quinta-feira, 30, o governo da ilha anunciou que baniu da eleição 12 candidatos de oposição.

Um dos países que vêm sendo mais criticados por adiar seu processo eleitoral é a Bolívia, que também realizaria sua votação em 6 de setembro. Mas na semana passada o Tribunal Superior Eleitoral adiou o pleito para 18 de outubro. Um ponto de especial atenção é o desejo da presidente interina, Jeanine Áñez, de disputar as eleições, contrariando sua própria promessa depois de assumir a cadeira de Evo Morález, no início do ano.

No Brasil, as eleições municipais de 2020 também foram adiadas, de outubro para novembro, em virtude da pandemia. Mesmo nos EUA, algumas primárias para escolha dos candidatos de cada partido foram adiadas por algumas semanas neste ano em meio à pandemia.

Questionamentos anteriores

Trump já questionou a segurança de votos pelo correio em outras oportunidades. Em uma delas, sua postagem terminou sendo marcada pelo Twitter como um aviso de checagem de fatos.

"Não há nenhum jeito (ZERO!) de votação pelo correio ser nada além de substancialmente fraudulenta", escreveu em maio, acrescentando que urnas poderiam ser roubadas, impressões ser feitas de forma ilegal e assinaturas serem falsificadas.

Ao clicar no link, que dizia "conheça os fatos sobre votação pelo correio", os usuários eram redirecionados para uma página que afirmava, segundo agências de checagem de informações, que não há comprovação de fraudes nestes casos. Na ocasião, Trump disse que o Twitter estava interferindo na eleição e indo contra a liberdade de expressão.

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