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Pela primeira vez em anos, China testa liberar acesso a sites proibidos

Em um experimento de apenas duas semanas, o governo de Pequim liberou milhões de pessoas a acessar sites como Facebook, Google e New York Times

 (Carsten Koall / Correspondente/Getty Images)

(Carsten Koall / Correspondente/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 13 de outubro de 2020 às 16h12.

Última atualização em 13 de outubro de 2020 às 16h32.

Em um experimento discreto de apenas duas semanas, a China forneceu a milhões de pessoas acesso a websites estrangeiros como YouTube e Instagram, proibidos há muito tempo no país. O teste aparentemente sinaliza que o governo comunista está se movendo no sentido de dar maior acesso à internet global a seus cidadãos, mais ainda tentando controlar quem vê o quê.

O navegador Tuber, que tem a retaguarda da empresa ligada ao governo 360 Security Technology, surgiu sem alarde no final de setembro e ofereceu pela primeira vez em anos uma forma de abrir sites banidos há muito tempo, incluindo Facebook, Google e New York Times, embora em versões higienizadas. Usuários chineses comemoraram a recém-descoberta possibilidade de visualizar diretamente conteúdo que era bloqueado a partir de um navegador mobile, sem precisar de uma rede privada virtual ilegal ou VPN.

O navegador, disponível em lojas de aplicativos administradas pela Huawei Technologies, entre outras, sugere que Pequim está testando meios de permitir que seus 904 milhões de usuários de internet tenham acesso a zonas que eram vetadas. O Tuber tinha as marcas da censura estatal e foi retirado sem explicações no sábado, mas se trata da experiência mais significativa em anos do país em termos de liberdades na internet.

Aplicativos sancionados pelo governo, como o Tuber, representam um possível meio-termo: um ambiente controlado no qual a atividade pode ser rastreada e o conteúdo filtrado, mas que permite a troca de informações entre acadêmicos, empresas e cidadãos. Essa postura endereça uma queixa recorrente de empresas locais e estrangeiras que precisam acessar a conteúdo do exterior, desde dados financeiros a ferramentas de software essenciais.

“Este último desdobramento com o Tuber é interessante porque poderia ser visto como uma abertura maior”, disse Fergus Ryan, pesquisador do Instituto Australiano de Política Estratégica. “Mas realmente funcionaria de maneira que as pessoas que usam seriam altamente vigiadas e as informações que são capazes de acessar através dessa plataforma seriam filtradas pelo aparato de censura.”

Talvez seja a Censura 2.0. Pequim está cada vez mais confiante no apoio do público após o sucesso contra a covid-19. Junto com a urgência em elevar a qualidade de suas pesquisas científicas e tecnológicas, isso poderia explicar a maior receptividade das autoridades à ideia de dar acesso mais amplo à internet a pelo menos alguns de seus cidadãos.

No entanto, o país também se dá conta de uma hostilidade crescente no exterior.

Para policiar melhor a população, Pequim ainda exige que empresas como Tencent Holdings e ByteDance, dona do TikTok, censurem e eliminem conteúdo que critica o governo ou suas decisões. Durante anos, o país tentou, com pouco sucesso, abolir centenas de VPNs amplamente usadas para contornar a muralha virtual conhecida como Grande Firewall. O endosso a uma janela para a internet sancionada pelo estado poderia reduzir a utilidade dessas VPNs.

Isso pode ter implicações para gigantes como Facebook, Microsoft, Alphabet e Apple, que atualmente precisam atender à censura para alcançar usuários na China ou permanecer afastadas. Após pressões internas, o Google engavetou um projeto para criar uma versão filtrada de seu aplicativo de busca para o país. O Facebook flertou com a ideia de um serviço chinês, mas acabou desistindo.

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