Repórter
Publicado em 28 de novembro de 2024 às 11h29.
Nove países do mundo são reconhecidos por possuírem armas nucleares em seu arsenal militar. Juntas, essas nações controlam 12.121 armamentos do tipo, onde 9.585 são considerados potencialmente disponíveis operacionalmente. Esses dados são do Relatório Anual 2024 produzido pelo Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI, em inglês).
Para chegar a esse número estimado, os pesquisadores utilizam uma série de fontes: documentos públicos relacionados a orçamentos governamentais, declarações oficiais e não oficiais de governos, estimativa de agências de inteligência, tratados internacionais, imagens de satélites e informações divulgadas pela mídia.
Ainda assim, esses levantamentos são considerados apenas estimativas, uma vez que os países mantêm em sigilo informações sobre o tema. Segundo a SIPRI, apenas os Estados Unidos, Reino Unido e França fizeram declarações públicas sobre suas armas nucleares. Informações sobre o arsenal da Rússia, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte são relativamente incertas.
Arsenal nuclear de países aumenta em meio a crescente tensão; gastos chegam a US$ 82 bilhõesNo entanto, mesmo com essas variáveis, considera-se que somente os EUA e a Rússia controlam quase 90% de todas as armas nucleares do mundo.
Olhando para a China, o país está no processo de modernização e expansão do seu arsenal. É esperado que seu estoque continue crescendo na próxima década e algumas projeções sugerem que ela poderia potencialmente implantar pelo menos tantos mísseis balísticos intercontinentais quanto a Rússia ou os EUA nesse período. Mesmo assim, espera-se que o estoque geral de ogivas nucleares da China permaneça menor do que o das outras duas potências.
De acordo com informações públicas sobre o arsenal nuclear russo, em janeiro de 2024 o país governado por Vladimir Putin possuia 5.580 ogivas nucleares.
Desse total, 2.822 delas eram ogivas estratégicas, das quais aproximadamente 1.710 foram implantadas em mísseis balísticos terrestres e marítimos e em bases de bombardeiros. A Rússia também possuía aproximadamente 1.558 ogivas nucleares não estratégicas (táticas), todas avaliadas como estando em locais de armazenamento central. Em janeiro, mais 1200 ogivas aposentadas aguardavam para ser desativadas.
Órgão de fiscalização nuclear da ONU vê risco similar a Chernobyl na usina de KurskEm janeiro de 2024, os Estados Unidos mantinham um estoque militar de aproximadamente 3.708 ogivas nucleares, o mesmo número de 2023.
Aproximadamente 1.770 delas — consistindo em cerca de 1.670 ogivas estratégicas e aproximadamente 100 ogivas não estratégicas (táticas) — foram implantadas em mísseis balísticos e em bases de bombardeiros. Além disso, cerca de 1.938 ogivas foram mantidas em reserva e cerca de 1.336 ogivas aposentadas aguardavam desmantelamento (200 a menos do que a estimativa do ano anterior). Olhando para esse inventário militar, o país detêm um estoque aproximado de 5.044 ogivas nucleares.
Espera-se que esse estoque diminua na próxima década. O Departamento de Energia dos EUA (DOE) informou em abril de 2023 que estava “a caminho de concluir o desmantelamento de todas as ogivas aposentadas antes do ano fiscal de 2009 até o final do ano fiscal de 2022”, mas que a pandemia de Covid-19 “atrasou o desmantelamento de um pequeno número dessas ogivas aposentadas até depois do ano fiscal de 2022”.
Oficialmente, a China se posiciona como um país que mantém sua capacidade nuclear para “dissuadir outros países de usar ou ameaçar usar armas nucleares contra a China”, de acordo com informações obtidas e divulgadas pelo SIPRI, e se compromete a não usar essas armas contra Estados não armados e que não possuem outras ogivas nucleares.
Atualmente, 500 ogivas nucleares, 90 a mais do que o levantamento de 2023, estão disponíveis para serem usadas pelos militares chineses e são encontradas em mísseis balísticos operacionais na terra e no mar e em aeronaves com configuração nuclear.
Em janeiro de 2024, o estoque de armas nucleares da França consistia em cerca de 290 ogivas, o mesmo número de janeiro de 2023. Assim como o Reino Unido, o país mantém uma postura mais transparente quanto ao seu programa nuclear.
Essas ogivas são alocadas para entrega por 48 mísseis balísticos lançados por submarinos (SLBMs) e aproximadamente 50 mísseis de cruzeiro lançados pelo ar (ALCMs) produzidos para aeronaves terrestres e porta-aviões. No entanto, acredita-se que as 10 ogivas atribuídas às aeronaves porta-aviões da França sejam mantidas em armazenamento central e normalmente não sejam implantadas.
O Reino Unido mantém informações abertas sobre seu arsenal nuclear e em comparação com outros países, é mais aberto sobre suas atividades militares com esse tipo de armamento.
Em janeiro deste ano, seu estoque de armas nucleares consistia em aproximadamente 225 ogivas, mesmo número que em 2023. O SIPRI avalia que cerca de 120 delas estão operacionalmente disponíveis para entrega por mísseis balísticos lançados por submarinos (SLBMs) Tridente II D5, com cerca de 40 transportados em um submarino de mísseis balísticos (SSBN) movido a energia nuclear em patrulha o tempo todo. Espera-se que o Reino Unido aumente o número de ogivas que possui nos próximos anos.
Suécia faz acordo de defesa com EUA que possibilitará envio de armas nuclearesAté meados dos anos 2010, o armamento nuclear indiano era reconhecido internacionalmente como uma ferramenta militar para dissuadir o Paquistão, país com o qual a Índia faz fronteira. Mas com o recente desenvolvimento de mísseis de longo alcance, as armas tem capacidade de alcançar a China.
Estima-se que a Índia possua 172 armas nucleares. Esse número é baseado no cálculo feito a partir de análises do inventário de plutônio de grau de arma do país, o número estimado de sistemas de entrega com capacidade nuclear operacional, a doutrina nuclear da Índia, informações públicas e obtidas de forma reservada com autoridades da Defesa.
O Paquistão não adere a uma política de não primeiro uso (NFU) de suas armas nucleares e alega ter o direito de usar armas nucleares primeiro em tempos de guerra, principalmente devido ao que considera como uma assimetria de forças em relação a sua vizinha Índia.
O governo paquistanês nunca divulgou publicamente o tamanho de seu arsenal nuclear, mas estimativas do SIPRI contabilizam 170 ogivas nucleares.
China, Índia e Paquistão: países com 630 armas nucleares ameaçam guerraIsrael possui 90 ogivas nucleares. Essa quantidade é a mesma registrada em 2023, apesar do país manter uma política externa onde não confirma, mas também não nega a posse desse armamento militar.
O programa nuclear norte-coreano é reconhecido internacionalmente, mas as informações sobre ele são muito escassas. O SIPRI estima que, em janeiro de 2024, a Coreia do Norte possuía cerca de 50 armas nucleares.
Esse número é baseado em cálculos da quantidade de plutônio e urânio altamente enriquecido (HEU) — que se acredita que a Coreia do Norte tenha produzido para uso em armas nucleares, suas forças de mísseis observáveis e avaliações de especialistas.
A Coreia do Norte conduziu um total de seis testes explosivos nucleares: em 2006, 2009, 2013, duas vezes em 2016 e mais recentemente em 2017.