Mundo

Oposição do Zimbábue recorrerá o resultado eleitoral na Justiça

A oposição pretende aumentar o prazo legal para contestar os resultados, impedindo que o presidente eleito tome posse no próximo domingo

As provas coletadas são claras e convincentes, disse Mpofu (James Oatway/Reuters)

As provas coletadas são claras e convincentes, disse Mpofu (James Oatway/Reuters)

E

EFE

Publicado em 8 de agosto de 2018 às 10h50.

Harare - O principal bloco da oposição do Zimbábue, o Movimento pela Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês), afirmou nesta quarta-feira que têm provas que nas últimas eleições houve fraude e confirmou que recorrerá dos resultados no Tribunal Constitucional antes de sexta-feira.

A equipe jurídica do MDC reuniu provas de que houve "roubo e fraude descomunal" no pleito, disse hoje Thabani Mpofu, advogado da coalizão, em entrevista coletiva em Harare.

Além disso, o advogado do movimento opositor confirmou que será interposta uma apelação antes que termine o prazo legal para contestar os resultados - nesta sexta-feira - e que, portanto, o presidente eleito, Emmerson Mnangagwa, não poderá tomar posse no próximo domingo.

"As provas coletadas são claras e convincentes. Estamos satisfeitos com elas. Vamos apresentar todas as provas à Justiça", afirmou Mpofu.

Para o advogado, a investigação mostra que o pleito foi uma "negação total da vontade das pessoas".

Os resultados das eleições presidenciais de 30 de agosto foram divulgados na última quinta-feira e deram a vitória no primeiro turno ao presidente e candidato governista, Emmerson Mnangagwa, que obteve 50,8% dos votos graças, sobretudo, ao apoio majoritário na zona rural.

O MDC, no entanto, qualificou de ilegítimas e fraudulentas essas informações.

Desde o dia da votação, o líder do bloco, Nelson Chamisa, tinha assegurado reiteradamente que ele era o autêntico ganhador nas urnas, e acusou à Comissão Eleitoral do Zimbábue (ZEC, na sigla em inglês) de adiar a proclamação de resultados por estar supostamente manipulando os mesmos.

Isso provocou graves distúrbios na capital, Harare, supostamente instigados pelo MDC, segundo a polícia.

Os episódios mais graves ocorreram na quarta-feira passada, com centenas de pessoas se manifestando nas ruas e a repressão posterior da polícia e do exército.

A atuação dos militares, que utilizaram munição real para dispersar os manifestantes, deixou pelo menos sete mortos.

Por supostamente terem incitado esses incidentes, as forças de segurança estão à procura de vários líderes do MDC.

Na manhã de hoje foi confirmada a detenção de um deles, o ex-ministro de Finanças Tendai Biti, em um posto fronteiriço com a Zâmbia.

Mnangagwa, que ocupa a presidência desde a queda de Robert Mugabe por um golpe militar em novembro de 2017, tinha prometido eleições "livres, justas e críveis", cruciais para recuperar a confiança internacional após anos de isolamento.

Os episódios violentos e a repressão prejudicaram a credibilidade do presidente em relação à abertura de uma nova era para o Zimbábue, após quase quatro décadas de Mugabe no poder.

O governo tinha programado a posse de Mnangagwa para o próximo domingo, mas, legalmente, esta não poderá acontecer se houver um recurso contra os resultados.

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesZimbábue

Mais de Mundo

Conheça as maiores ilhas do mundo

Papa ficará internado por pelo menos mais uma semana, diz equipe médica

Israel libertará 602 prisioneiros palestinos em troca de reféns amanhã

Putin defende aumento da exploração de minerais raros na Rússia