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Obra de arte mais antiga do mundo é descoberta em caverna na Indonésia

Anteriormente se pensava que a primeira arte narrativa havia surgido na Europa. Uma estátua do "homem leão" encontrada na Alemanha tem cerca de 40 mil anos

A pintura rupestre encontrada em uma caverna na Indonésia mostra um javali cercado por três pessoas (AFP)

A pintura rupestre encontrada em uma caverna na Indonésia mostra um javali cercado por três pessoas (AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 3 de julho de 2024 às 15h37.

Última atualização em 3 de julho de 2024 às 16h22.

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Uma pintura rupestre de um grande javali e três figuras humanas ao seu redor seria a obra de arte mais antiga do mundo, com cerca de 51 mil anos, segundo uma equipe de cientistas.

A descoberta arqueológica foi anunciada pelo grupo, que em 2019 já havia encontrado a pintura de uma cena de caça em outra caverna próxima então estimada em 44 mil anos.

Este novo achado, feito com pigmentos de cor vermelha, "é a evidência mais antiga de uma narrativa", afirma à AFP Maxime Aubert, arqueólogo da Griffith University, na Austrália.

"É a primeira vez que ultrapassamos a barreira dos 50 mil anos", acrescentou o coautor do estudo publicado na revista científica Nature nesta quarta-feira, 3.

"Nossa descoberta sugere que a narrativa de histórias era uma parte muito mais antiga da história da humanidade... do que se pensava antes", disse outro autor, o arqueólogo Adam Brumm.

Novo método de datação com laser

Para estabelecer a data da pintura, os pesquisadores adotaram um novo método que utiliza lasers e softwares. É uma técnica de ablação a laser mais precisa, fácil, rápida, barata e que requer amostras de rochas muito menores do que o método anterior da série de urânio, disse Aubert.

A equipe testou esta nova técnica pela primeira vez na caverna anterior.

O sistema determinou que o cenário da caça deveria ter pelo menos 48 mil anos, 4 mil anos mais antigo do que o método da série de urano determinou em 2019.

A equipe então aplicou esta nova tecnologia a laser em uma pintura sem data em outra caverna na ilha de Sulawesi, na Indonésia, descoberta em 2017, na qual foi estabelecido que tinha pelo menos 51,2 mil anos, superando o recorde anterior.

A pintura, em mau estado de conservação, mostra três pessoas cercando um javali.

"Não sabemos exatamente o que eles estão fazendo", admitiu Aubert.

Para ele, as pinturas provavelmente foram feitas pelo primeiro grupo de humanos que se deslocou pelo Sudeste Asiático antes de chegar à Austrália há cerca de 65 mil anos.

"Provavelmente é apenas uma questão de tempo até encontrarmos amostras mais antigas", acrescentou.

Mistério

Os humanos evoluíram pela primeira vez na África há mais de 300 mil anos.

As primeiras imagens conhecidas feitas pela humanidade são linhas simples e desenhos em cor ocre, encontrados na África do Sul e com cerca de 100 mil anos.

Mas há uma "enorme lacuna" na arte humana até as pinturas rupestres indonésias, 50 mil anos depois, afirmou Aubert. "A questão é: por que não está em todo lugar?", indagou.

Uma teoria é que a arte em outros locais não sobreviveu a todos estes milênios. Outra é que a arte pré-histórica ainda pode estar por aí, à espera de ser descoberta.

Anteriormente se pensava que a primeira arte narrativa havia surgido na Europa. Uma estátua do "homem leão" encontrada na Alemanha tem cerca de 40 mil anos.

A data atribuída a esta arte rupestre indonésia é "bastante provocativa" porque é muito mais antiga do que o que foi encontrado em outros lugares, incluindo a Europa, disse Chris Stringer, antropólogo do Museu de História Natural de Londres.

Stringer, que não esteve envolvido na pesquisa, disse que as descobertas da experiente equipe pareciam sólidas, mas precisavam ser confirmadas por mais datações.

"Na minha opinião, esta descoberta reforça a ideia de que a arte figurativa foi produzida pela primeira vez na África, há mais de 50 mil anos, e o conceito se estendeu à medida que nossa espécie se dispersou", disse ele à AFP.

"Caso isto esteja certo, ainda falta descobrir muitas novas evidências de apoio em outras áreas, incluindo a África...", finalizou.

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