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Nigel Farage, defensor do Brexit, diz que disputará eleições no Reino Unido

Decisão do político e ativista pode piorar as perspectivas para o primeiro-ministro Rishi Sunak

Nigel Farage, defendor do Brexit no Reino Unido (Dan Kitwood/Getty Images)

Nigel Farage, defendor do Brexit no Reino Unido (Dan Kitwood/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 3 de junho de 2024 às 16h25.

Última atualização em 3 de junho de 2024 às 16h37.

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Nigel Farage, o ativista pró-Brexit e anti-imigração, anunciou nesta segunda-feira, 3, planos de concorrer como candidato nas eleições gerais do Reino Unido no próximo mês, causando um novo revés para as perspectivas do atual primeiro-ministro do país, Rishi Sunak, já em dificuldades.

No mês passado, Farage disse que não buscaria um assento do Parlamento porque o anúncio da eleição antecipada para 4 de julho o pegou de surpresa, e porque queria priorizar o apoio à campanha eleitoral de Donald Trump nos Estados Unidos.

Mas agora, Farage reverteu essa decisão e disse que assumiria como líder do Reform UK, sucessor do Partido Brexit que ele já liderou, e concorreria a um assento no Parlamento.

"Eu mudei de ideia — é permitido, vocês sabem," disse ele. "Vou me candidatar nesta eleição," adicionando que concorreria em Clacton-on-Sea, uma área litorânea onde o apoio ao Brexit tem sido forte.

O anúncio ocorre na véspera de um dos maiores eventos da campanha eleitoral do Reino Unido até agora: um debate televisionado entre o Sunak e Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, de oposição.

Com seu Partido Conservador muito atrás nas pesquisas de opinião e após um início repleto de incidentes na campanha eleitoral geral, Sunak já está sob forte pressão.

A mudança de opinião de Farage pode piorar as perspectivas para o primeiro-ministro porque, segundo analistas, o Reform UK ameaça tomar um número significativo de votos dos Conservadores.

Os Conservadores, de orientação centro-direita, estão no poder há 14 anos e enfrentam agora a sensação generalizada de que os eleitores querem mudança, especialmente após trocas constantes de primeiros-ministros.

Divisivo, carismático e famoso por suas habilidades de comunicação, Farage foi um dos arquitetos do Brexit, que uma pequena maioria dos britânicos apoiou em um referendo de 2016. Sua decisão anterior de não concorrer na eleição foi considerada por alguns analistas como tendo retirado parte do ímpeto da campanha do Reform UK.

Embora Farage tenha chances de ser eleito em 4 de julho, ele reconheceu que seu objetivo maior é liderar a "verdadeira" oposição a um governo do Partido Trabalhista caso o Partido Conservador no governo perca, como muitos esperam. Ele disse que queria liderar uma "revolta política... um virar de costas ao status quo político".

Ele quer repetir a pressão política populista que impulsionou e, em seguida, ganhou o referendo de 2016 sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.

"Não posso virar as costas para esses milhões de pessoas que me seguiram, acreditaram em mim", disse Farage. "Mudei de ideia porque não posso decepcionar milhões de pessoas".

Trabalhista defende arsenal nuclear

Em 4 de julho, eleitores por todo o Reino Unido elegerão legisladores para preencher todos os 650 assentos na Câmara dos Comuns. O líder do partido que puder comandar uma maioria na Câmara — seja sozinho, seja em coalizão — se tornará primeiro-ministro.

O favorito é o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, que prometeu nesta segunda manter as armas nucleares do Reino Unido enquanto busca dissipar críticas de que seu partido de centro-esquerda é fraco em defesa.

Sua campanha é centrada em sua afirmação de ter transformado o partido desde que substituiu Jeremy Corbyn, um adversário de longa data das armas nucleares e crítico da Otan, como líder do Partido Trabalhista em 2020.

"Meu compromisso com o dissuasor nuclear é absoluto", disse Starmer nesta segunda durante uma aparição de campanha em um museu militar em Bury, noroeste da Inglaterra.

"Ninguém que aspire a ser primeiro-ministro estabeleceria as circunstâncias nas quais ele seria usado. Isso seria irresponsável, mas está lá como parte vital de nossa defesa, então é claro que teríamos de estar preparados para usá-lo", disse ele.

O Reino Unido é uma potência nuclear desde a década de 1950, e governos tanto do Partido Trabalhista quanto do Conservador sempre apoiaram as armas atômicas. Desde a década de 1990, o dissuasor nuclear britânico consiste em quatro submarinos da Marinha Real armados com mísseis Trident.

Starmer disse que um governo Trabalhista construiria os quatro novos submarinos nucleares que os Conservadores já se comprometeram a construir. Ele criticou os Conservadores por cortes nos gastos com defesa que deixaram o Reino Unido com "o menor Exército desde os tempos de Napoleão", o líder francês que lutou contra o Reino Unido há 200 anos.

Ele disse que o mundo entrou "em uma nova era de insegurança" e "a segurança nacional é a questão mais importante de nossos tempos".

A cisão entre as forças pró e antinucleares há muito é uma linha divisória no Partido Trabalhista. Foi o governo Trabalhista do primeiro-ministro Clement Attlee que desenvolveu armas atômicas nos anos seguintes à 2ª Guerra, tornando o Reino Unido o terceiro Estado nuclear do mundo, depois dos Estados Unidos e da União Soviética.

Starmer disse que toda sua equipe principal compartilha de seu compromisso com o arsenal nuclear, embora vários membros, incluindo a vice-líder Angela Rayner e o porta-voz de assuntos externos David Lammy, tenham votado contra a renovação do Trident em 2016.

Ele também prometeu que um governo Trabalhista aumentaria os gastos com defesa para 2,5% do produto interno bruto, embora não tenha estabelecido um prazo. O primeiro-ministro Rishi Sunak diz que seus Conservadores atingirão a meta até 2030.

O secretário de Defesa Grant Shapps disse que Starmer fez "mais um discurso vazio".

"Recusando-se a se comprometer com 2,5% de gastos com defesa até 2030, ele foi incapaz de mostrar a liderança clara e ousada que este país precisa em tempos incertos", disse Shapps.

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