Nas casas de apostas dos EUA, Trump cresce e já empata com Biden
Biden chegou a liderar por mais de 20 pontos nas casas de apostas, mas Trump cresceu no último mês. Nas pesquisas oficiais, democrata ainda lidera
Carolina Riveira
Publicado em 31 de agosto de 2020 às 14h00.
Última atualização em 31 de agosto de 2020 às 14h19.
O democrata Joe Biden ainda está muito à frente de Donald Trump nas pesquisas de intenções de voto para a eleição nos Estados Unidos. Mas casas de apostas em todo o país estão colocando suas expectativas (e seu dinheiro) em uma reviravolta.
Em julho, auge da vantagem de Biden entre os apostadores, o democrata chegou a liderar por mais de 20 pontos percentuais na média das apostas. Agora, entre os apostadores, 51,1% apostam em uma vitória de Biden e 48,1% em Trump (a soma não chega a 100%).
A média das apostas é compilada pelo site Real Clear Politics, que também compila médias das pesquisas eleitorais e outras estatísticas. O resultado leva em conta os lances em bolsas de apostas em todo o mundo, como Betfair, Betsson e Bwin — a modalidade de apostas em resultados políticos, proibida no Brasil, é autorizada nos Estados Unidos e em alguns outros países do mundo.
Trump liderava as apostas até junho, quando Biden virou o jogo entre os apostadores. Também por essa época o democrata começou a ganhar tração nas pesquisas, em meio às críticas sucessivas sobre a gestão de Trump na pandemia do coronavírus e a deterioração da economia americana, com alta no desemprego.
Nas pesquisas, Biden vence
As apostas, é claro, são pouco matemáticas. Não necessariamente elas refletem as pesquisas ou probabilidades estatísticas, mas sim o cenário no qual os apostadores estão colocando seu dinheiro.
Nas pesquisas, Biden ainda lidera com folga. Na média das pesquisas nacionais do Real Clear Politics, Biden tem 49% das intenções de voto, ante 43% de Trump (a soma não chega a 100% porque inclui os que não declararam voto).
Na média das pesquisas estado a estado, a que importa nos Estados Unidos, Biden também vence. O democrata acumula 337 votos no colégio eleitoral, ante 201 de Trump.
Biden aparece ganhando em estados que deram vitória a Trump em 2016, como a Flórida. Um candidato precisa da maioria no colégio eleitoral, ou 270 votos.
Mas esses estados mais indecisos podem mudar brutalmente até a eleição. Se levados em conta estados em que as pesquisas não são conclusivas por enquanto (com vitória apertada de um ou outro candidato), há 211 votos nessa situação incerta na média.
Assim, dos votos em que há maior certeza, são só 212 de Biden ante 115 de Trump, na média das pesquisas. Os demais estão em disputa e serão decisivos na eleição de 3 de novembro.
J.P. Morgan: mercado deve se preparar para vitória de Trump
Em relatório a clientes, o analista Marko Kolanovic, do banco J.P. Morgan, também afirmou nesta segunda-feira, 31, que o crescimento de Trump deve continuar até a eleição e que o mercado precisa estar preparado.
"Nós atualmente acreditamos que o momentum a favor de Trump vai continuar, enquanto a maioria dos investidores ainda está posicionada para uma vitória de Biden", disse em nota a clientes.
O analista aponta que o impacto em setores e em algumas teses de investimento ( momentum vs. valor, cíclicos vs. tech, ESG, escreve no relatório) "pode ser dramático e portfólios de investimento devem se ajustar para uma potencial reeleição de Trump".
O site FiveThirtyEight dá 68% de chances de vitória para Biden — ou seja, de 100 cenários, Biden vence em 68 na simulação feita pela equipe do estatístico Nate Silver. Trump tem 31% de chance. O 1% restante é a chance de um empate, segundo o modelo estatístico.
Mas o próprio Silver afirma que não é possível descartar as chances de Trump nesse momento, que podem aumentar a depender dos resultados da economia, redução no desemprego e até a chegada de uma vacina contra o coronavírus.
Neste fim de semana, o cineasta Michael Moore, um dos poucos que acertaram a vitória de Trump em 2016, também disse em suas redes sociais que o apoio dos eleitores a Trump está muito acima do normal nos Estados Unidos e que a oposição ao presidente deve se preparar para esse cenário.
Na eleição de 2016, quando Hillary Clinton liderava com folga — mas terminou derrotada ao perder estados-chave para Trump —, as casas de apostas também davam maioria para ela. Dessa vez, após a reviravolta daquela eleição, é natural que os apostadores estejam mais divididos. Apesar da liderança de Biden nas pesquisas, a eleição de 2016 ensinou a todos que nova virada sempre pode acontecer.