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Não é só na Ucrânia: veja outras guerras pelo mundo

Conflito na Síria entra no 11º ano, enquanto rebeldes e o governo continuam se enfrentando no Iêmen; África também vive luta armada

Muçulmano chora por guerra na Síria (Getty Images/Getty Images)

Muçulmano chora por guerra na Síria (Getty Images/Getty Images)

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Carla Aranha

Publicado em 14 de março de 2022 às 12h40.

Não é só a Europa, ou a Ucrânia: outras regiões do mundo vivem conflitos armados complexos. Na Síria, ainda não teve fim a guerra civil que eclodiu logo após o início das manifestações contra o presidente Bashar al-Assad, em 2011 – o movimento seguiu as ondas de protestos que tomaram conta do Oriente Médio, durante o que ficou conhecido Primavera Árabe. No Iêmen, a situação é parecida: há sete anos o país está mergulhado em um conflito armado, com pelo menos 380 mil mortos e uma grave crise humanitária.

Em ambos os casos, as grandes potências e importantes atores regionais participam indiretamente do conflito, seja por meio do envio de armamentos, recursos ou mercenários. Por isso, são chamadas de “proxy wars”, ou guerras por procuração.

Países ocidentais, como o Reino Unido, a França e os Estados Unidos, decidiram apoiar os rebeldes na Síria. Uma coalizão formada em 2014, liderada por Washington, chegou a bombardear alvos no país e a enviar ajuda militar para o grupo conhecido como Forças Democráticas Sírias, uma espécie de aliança entre várias facções que, na ocasião, lutavam contra o presidente Assad.

Em 2015, a Rússia se engajou em uma campanha aérea contra os rebeldes. O Irã, por meio de milícias armadas como o Hezbollah, já vinha lutando ao lado das forças de Assad. Aos poucos, o governo sírio foi recuperando parte do território que havia perdido para os opositores. Ainda hoje, no entanto, Damasco é surpreendida por morteiros, enquanto o norte do país vive uma guerra aberta. O noroeste é dominado por grupos jihadistas, alguns deles ligados a Al-Qaeda e ao Estado Islâmico, que disputam não só domínio territorial, mas também rotas de narcotráfico e contrabando de petróleo.

O conflito já matou mais de 2 milhões de pessoas e provocou um êxodo de refugiados poucas vezes visto na história da humanidade. Organizações de direitos humanos apontam que quase 6 milhões de sírios precisaram deixar o país. A economia da Síria também ficou em frangalhos.

De produtor de petróleo, cuja exploração respondia por 25% das receitas do Estado, e de trigo, algodão e outros bens agrícolas, o país se tornou solo fértil para operações ilegais – e altamente lucrativas – do crime organizado. De acordo com informações do jorna The New York Times e especialistas internacionais, o país produz hoje boa parte de uma anfetamina que vem se tornando popular no Oriente Médio, a captagon. A droga também é uma das preferidas do Estado Islâmico e outros grupos que atuam na região – inicialmente, ela foi manufaturada por laboratórios alemães como um estimulante para pacientes com déficit de atenção, para depois ser usada em outras regiões do mundo até se tornar a substância preferida dos jihadistas.

No Iemên, o esfacelamento do Estado conduziu a efeitos igualmente nefastos. Desabastecimento de alimentos e interrupções no fornecimento de energia se tornaram frequentes. Há sete anos, desde o início da guerra, o PIB vem caindo dramaticamente. Em 2015, o tombo chegou a 28% -- em 2021, foi de 2%, em sucessivas quedas ao longo dos anos.

Na África, as atenções permanecem voltadas ao conflito na Etiópia, segundo país mais populoso do continente. Há mais de um ano, o governo luta contra forças agrupadas na região noroeste sob a liderança da Fronte de Liberação Popular de Tigray. O grupo está longe de ser desconhecido na África: por três décadas, seus líderes dominaram a Etiópia e, agora, pretendem reconquistar a influência política que perderam nos últimos anos.

O primeiro-ministro Abiy Ahmed, que chegou ao poder em 2018, vem conduzindo uma agressiva campanha militar contra os rebeldes – em novembro, a frente popular quase conseguiu tomar a capital, Addis Ababa. Por enquanto, não há sinais do fim da luta. Considerada uma das antigas âncoras de estabilidade na região há alguns anos, apesar dos alarmantes níveis de pobreza, o país corre o risco de mergulhar em um conflito praticamente tão devastador (e prolongado) quanto a guerra na Síria e no Iêmen.

 

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