O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reúnem-se no Salão Oval da Casa Branca (SAUL LOEB / AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 28 de fevereiro de 2025 às 19h19.
O bate-boca entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que pôs em xeque o apoio americano a Kiev na guerra, repercutiu imediatamente nos corredores do Kremlin e entre aliados do governo do presidente Vladimir Putin. O tom foi majoritariamente favorável a Trump, com críticas contundentes ao ucraniano.
A porta-voz da Chancelaria russa, Maria Zakharova, questionou a narrativa de Zelensky, que, segundo ela, acusou o Ocidente de deixá-lo sozinho nos primeiros dias de guerra, afirmando se tratar da “mentira das mentiras” do presidente ucraniano.
“Como Trump e Vance se contiveram e não deram um soco nesse canalha é um milagre de resistência”, escreveu em sua conta no Telegram.
Em declarações à rede Russia24, Kirill Logvinov, chefe do Departamento de Organizações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, afirmou que o episódio desta sexta-feira mostrou que está mais difícil encontrar argumentos para justificar o “discurso anti-Rússia”.
“Mais e mais países entendem que, sem erradicar as causas raiz da crise ucraniana, esse conflito não pode ser resolvido. Além disso, esse entendimento, parece-me, está chegando um pouco aos membros da UE (União Europeia). Claro, ainda não à liderança dos membros, mas já entre o público”, afirmou. “Eles (líderes europeus) estão completamente desorientados, não entendem o que está acontecendo. Não entendem o que fazer em seguida.”
O Kremlin não se pronunciou oficialmente sobre o episódio.
O ex-presidente Dmitry Medvedev, um outrora moderado que se tornou uma das vozes mais radicais do regime, disse que ocorreu uma “repreensão brutal” no Salão Oval.
“Trump disse a verdade ao palhaço da cocaína pela primeira vez: o regime de Kiev está brincando com a Terceira Guerra Mundial. E o porco ingrato recebeu uma forte bofetada dos donos do chiqueiro. Isso é útil. Mas isso não é suficiente – precisamos parar a ajuda militar à máquina nazista”, escreveu no Telegram.
Kirill Dimitrev, presidente do Fundo de Investimento Direto Russo e assessor de Putin, escreveu apenas a palavra “Histórico” ao republicar, no X, o vídeo da discussão na Casa Branca.
No Legislativo, as críticas se multiplicaram.
“As negociações na Casa Branca mostraram que Zelensky não tem mais lugar na política mundial. O mundo inteiro viu que ele não corresponde a isso nem com seu nível nem com seu terno. É uma pena que tenha levado três anos difíceis para perceber isso”, disse o senador Alexander Shenderyuk-Zhidkov à agência Ria Novosti.
“Nosso presidente vem dizendo isso desde o primeiro dia, e só agora se tornou óbvio para todos. Zelensky deve sair!”
Amir Khamitov, deputado governista na Duma, a Câmara Baixa do Parlamento, afirmou à Ria Novosti que “o chefe do regime de Kiev demonstrou publicamente que não foi à toa que ele foi chamado de palhaço secundário todos esses anos”, e que é um “palhaço secundário porque os verdadeiros palhaços acham a performance divertida”.
Na imprensa, o tom foi similar. Ao publicar o vídeo da discussão, a agência Ria Novosti classificou o episódio como uma “surra”. Aleksandr Kareyevsky, apresentador na Russia24, disse que o que aconteceu na Casa Branca “pareceu mais com uma flagelação pública de Zelensky”, e que “ninguém esperava isso de Trump”.