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May elogia "querido amigo" EUA e Trump questiona planos para o Brexit

Trump disse que acordo comercial seria quase impossível se o Reino Unido permanecesse tão próximo da UE após Brexit, como May parecia estar planejando

May: "O espírito de amizade e cooperação entre nossos países, nossos líderes e nossos povos, a mais especial das relações, tem uma longa e orgulhosa história" (Hannah McKay/Reuters)

May: "O espírito de amizade e cooperação entre nossos países, nossos líderes e nossos povos, a mais especial das relações, tem uma longa e orgulhosa história" (Hannah McKay/Reuters)

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Reuters

Publicado em 12 de julho de 2018 às 19h51.

Inglaterra - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, fez nesta quinta-feira uma sugestão para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de um acordo comercial pós-Brexit com os EUA, na primeira viagem do líder norte-americano ao Reino Unido, somente horas após o presidente questionar os planos de May para a saída britânica da União Europeia.

Invocando o espírito de Winston Churchill conforme discursava para Trump e líderes comerciais no local de nascimento do líder britânico durante a Segunda Guerra Mundial, May elogiou a amizade entre os dois aliados, ignorando as dúvidas apresentadas pelo presidente sobre o plano dela para oBrexit.

Mas em trechos de uma entrevista ao jornal The Sun divulgada na noite de quinta-feira, Trump disse que um acordo comercial seria quase impossível se o Reino Unido permanecesse tão próximo da UE depois do Brexit, como May parecia estar planejando.

"Se eles fizerem um acordo como esse, estaremos negociando com a União Europeia em vez de negociar com o Reino Unido, por isso provavelmente mataria o acordo", disse Trump segundo o jornal Sun.

A visita de Trump coincide com uma semana instável para May, depois que dois de seus principais ministros renunciaram em protesto contra seus planos de comércio com a União Europeia após a saída do Reino Unido do bloco no próximo mês de março.

A proposta "pró-mercado" de May para o Brexit foi aceita por seu gabinete somente na última sexta-feira, após dois anos de divergências desde que os britânicos votaram para deixar o bloco em 2016, embora alguns defensores do Brexit tenham considerado a proposta uma traição.

"O povo votou para se separar, então imagino que é isso que eles vão fazer. Mas, talvez eles estejam tomando uma rota um pouco diferente, então não sei se é para isso que eles votaram", disse Trump.

Fora do Palácio de Blenheim, próximo a Oxford, alguns milhares de manifestantes se enfileiraram na estrada e vaiaram antes da chegada de Trump, um dos mais de 100 protestos que a polícia espera acontecer durante a viagem de quatro dias do presidente.

Após desembarcar de helicóptero, Trump ficou ao lado de May em um tapete vermelho nos degraus do Palácio de Blenheim, enquanto uma banda militar de guardas britânicos, vestidos com os tradicionais chapéus e casacos vermelhos, se apresentou para os dois líderes e seus cônjuges.

Dentro das paredes da grande mansão do século 18, May só teve palavras calorosas, chamando o Reino Unido e os EUA de "não somente os aliados mais próximos, mas os mais queridos dos amigos".

"Sr. presidente, Sir Winston Churchill uma vez disse que 'ter os EUA ao nosso lado foi, para mim, a maior das alegrias'", disse May a Trump em um jantar em sua homenagem, com a participação de ministros e cerca de 100 executivos de companhias incluindo o grupo Blackstone, Blackrock, Diageo e McLaren.

"O espírito de amizade e cooperação entre nossos países, nossos líderes e nossos povos, a mais especial das relações, tem uma longa e orgulhosa história. Agora, para o benefício de todo novo povo, trabalharemos juntos para construir um futuro mais próspero", disse ela.

Em seu discurso no Palácio de Blenheim, May listou ligações comerciais existentes, citando que mais de um milhão de norte-americanos trabalham para companhias britânicas e que o Reino Unido é o maior investidor nos EUA.

"Agora, conforme nos preparamos para deixar a União Europeia, nós temos uma oportunidade sem precedentes para fazermos mais", disse.

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