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Marine Le Pen, uma guerreira derrotada

Apesar da derrota nas urnas, Le Pen aplaudiu neste domingo o resultado "histórico e maciço" de seu partido

Marine Le Pen: Ela é filha de Jean-Marie Le Pen, que foi derrotado em 2002 pelo conservador Jacques Chirac ao obter apenas 18% dos votos (Sylvain Lefevre / Stringer Getty Images/Getty Images)

Marine Le Pen: Ela é filha de Jean-Marie Le Pen, que foi derrotado em 2002 pelo conservador Jacques Chirac ao obter apenas 18% dos votos (Sylvain Lefevre / Stringer Getty Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 7 de maio de 2017 às 16h27.

Última atualização em 7 de maio de 2017 às 18h28.

Após uma dura batalha, Marine Le Pen, a herdeira da extrema-direita francesa, repetiu o feito de seu pai ao chegar ao segundo turno da eleição presidencial, mas, como ele, não concretizou o sonho.

Jean-Marie Le Pen foi derrotado em 2002 pelo conservador Jacques Chirac ao obter apenas 18% dos votos. Sua filha obteve entre 33,9% dos votos 34,5%, segundo estimativas de institutos independentes, um resultado inédito, mas insuficiente para derrotar o centrista Emmanuel Macron, eleito com 65,5% a 66,1% dos votos.

Apesar da derrota nas urnas, Le Pen aplaudiu neste domingo o resultado "histórico e maciço" de seu partido, a Frente Nacional (FN).

"Estarei à frente do combate" das eleições legislativas de junho, advertiu, enquanto desejou "sucesso" para o futuro presidente diante dos "enormes desafios da França".

A candidata da Frente Nacional (FN), de 48 anos, soube capitalizar a insatisfação dos franceses com o desemprego e a imigração, e aproveitar a onda nacionalista na Europa para se transformar em uma das favoritas das eleições presidenciais.

Com um programa centrado no "patriotismo" e na "preferência nacional", Le Pen esperava agora desmentir as pesquisas que previam sua derrota no segundo turno. Prometia, entre outras coisas, a suspensão dos acordos de livre circulação no interior da UE, a expulsão dos estrangeiros vigiados por radicalização e a supressão do 'ius soli' (nacionalidade por direito de solo de nascimento).

"No fundo, se eu tivesse que me definir, acho que eu diria apenas que sou intensa, orgulhosa, fiel, evidentemente francesa. Tomo os insultos à França como se fossem contra mim diretamente", explica em seu vídeo de campanha.

"Estamos em nossa casa!", repete nos discursos que pronuncia durante seus encontros de campanha, ao qual vai gente de todas as idades e classes sociais. Um lema que seus adversários consideram como "um grito de xenofobia", mas que ela considera um "grito de amor" à França.

Desde que assumiu a liderança da FN em 2011, sucedendo seu pai, de quem se distanciou nos últimos tempos, Le Pen afastou em grande medida o partido do antissemitismo que o caracterizou durante décadas.

Afastou-se, ao menos parcialmente, dos militantes antissemitas, dos nostálgicos da Argélia colonial ou até do regime colaboracionista de Vichy e dos católicos integristas. Todos esses setores que figuraram durante mais de três décadas na direção do partido.

A estratégia deu frutos e, desde então, o partido melhorou seus resultados em todos os comícios.

"Antissistema"

Com seu renovado discurso "patriótico" dirigido tanto à direita como à esquerda, a FN se impôs com folga na França nas eleições europeias e municipais de 2014, impulsionada pelo mesmo movimento popular antissistema que votou pela saída do Reino Unido da União Europeia, assim como a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.

Oradora eficaz, Marine Le Pen ainda defendia em seus discursos as posições tradicionais da extrema direita contra a imigração e o islã, mas agora faz isso invocando o laicismo.

Ela abandonou, ainda, o tradicional discurso nacionalista, mas economicamente liberal de seu partido, e agora se apresenta como a defensora dos trabalhadores prejudicados pela globalização, o "livre comércio desleal" e a "ditadura da Europa".

"Contra a direita do dinheiro e a esquerda do dinheiro, sou a candidata da França do povo", declarou Le Pen no mês passado em um debate televisivo.

Mas as recentes declarações em que rejeitou a responsabilidade da França em uma incursão contra judeus em Paris, durante a Segunda Guerra Mundial, lhe renderam numerosas críticas de seus rivais, assim como de associações judaicas e Israel.

Para o historiador Nicolas Lebourg, suas polêmicas palavras mostravam que a líder da FN "tenta definir-se de novo como uma candidata antissistema", em um contexto no qual as pesquisas "levam tempo", colocando-a no segundo turno das eleições, "mas sem nenhuma evolução".

Na reta final da campanha, ela endureceu o discurso a respeito dos temas fundamentais de seu partido: segurança, imigração e luta contra o terrorismo.

Depois do atentado na avenida Champs Elysées, em Paris, na véspera do primeiro turno, em abril, pediu uma "resposta global", ao afirmar que nos últimos anos "os governos de esquerda e direita" fizeram tudo para a derrota do país na "guerra" contra o terrorismo.

Seus bons resultados nas pesquisas se mantiveram intactos, apesar da investigação aberta contra ela por um caso de supostos empregos fictícios no Parlamento Europeu, onde ocupa uma cadeira de eurodeputada, e sobre supostas irregularidades no financiamento de campanhas eleitorais passadas.

Advogada de profissão, Marine Le Pen se apresenta como uma "mulher moderna". É mãe de três filhos, divorciada duas vezes e vive atualmente com um dos dirigentes da FN, Louis Aliot.

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