Mundo

Manifestantes no Irã gritam "Morte à América" antes das sanções dos EUA

EUA sinalizaram que vão reimpor de sanções sob o setor de petróleo do Irã

 (Kevin Lamarque/Reuters)

(Kevin Lamarque/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 4 de novembro de 2018 às 18h04.

Dubai- Iranianos gritando "Morte à América" protestaram neste domingo para marcar tanto o aniversário da tomada da embaixada dos EUA durante a Revolução Islâmica de 1979 quanto a iminente reimposição de sanções norte-americanas sob o setor de petróleo do Irã.

Milhares de estudantes no ato organizado pelo governo na capital Teerã, transmitido ao vivo pela televisão estatal, queimaram a bandeira norte-americana, uma efígie do Tio Sam e fotos do presidente Donald Trump do lado de fora do complexo arborizado do centro da cidade que já abrigou a missão dos EUA.

Estudantes linha-dura invadiram a embaixada norte-americana em 4 de novembro de 1979 logo após a queda do Xá apoiado pelos Estados Unidos, e 52 norte-americanos foram mantidos reféns por 444 dias. Os dois países têm sido inimigos, de lados opostos do conflito do Oriente Médio, desde então.

A imprensa estatal iraniana afirmou que milhões compareceram aos atos na maioria das cidades do país, jurando fidelidade ao establishment clerical e à sua autoridade de linha-dura, o líder supremo aiatolá Ali Khamenei. O número participantes nos atos não pôde ser confirmado de maneira independente pela Reuters.

Manifestações repletas de cantos da "Morte à América" são encenadas no aniversário da tomada da embaixada todos os anos. Mas o rancor entre Estados Unidos e Irã é especialmente forte desta vez, após a decisão de Trump, em maio, de retirar os Estados Unidos do acordo nuclear das potências mundiais com o Irã de 2015 e reimpor as sanções à Teerã.

O acordo havia levantado a maioria das sanções financeiras e econômicas internacionais contra o Irã, em troca de Teerã frear sua atividade nuclear sob a vigilância da ONU.

Entre os eventos realizados no aniversário da tomada da embaixada estava uma exposição de desenhos animados chamada "Donald Salman" - uma referência aos laços estreitos entre o presidente dos EUA e o rei Salman, governante do arquirrival do Irã para predominância regional, a Arábia Saudita.

"Meus desenhos estão focados em três temas: o regime sionista (Israel), Al Salman (família real saudita) e o governo dos Estados Unidos", disse o artista Masoud Shojaei Tabatabai à TV estatal em Teerã.

"É humor negro, mas o público também pode ser levado a refletir sobre as contradições no comportamento de Trump e Al Saud", disse ele, em frente a um desenho mostrando uma velha figura de cadeira de rodas vestida como um super-herói de quadrinhos.

A restauração das sanções norte-americanas na segunda-feira contra os setores bancários e de venda de petróleo do Irã faz parte de um esforço mais amplo de Trump para forçar Teerã a suspender seus programas nucleares e de mísseis balísticos, bem como o apoio que dá a forças em conflitos no Oriente Médio.

O principal comandante da Guarda Revolucionária de elite do Irã, major general Mohammad Ali Jafari, disse no comício em Teerã que o Irã resistiria e derrotaria a "guerra psicológica" dos EUA e o retorno das sanções norte-americanas para prejudicar as exportações de petróleo e as instituições financeiras da República Islâmica.

"Os Estados Unidos lançaram uma guerra econômica e psicológica como último recurso ... Mas as tramas dos Estados Unidos e seus planos de sanções serão derrotados pela contínua resistência", disse Jafari.

Em um discurso no sábado, Khamenei disse que as políticas de Trump enfrentam oposição em todo o mundo. "O objetivo dos EUA tem sido restabelecer a dominação que tinha (antes de 1979), mas tem fracassado. A América foi derrotada pela República Islâmica nos últimos 40 anos", disse ele.

 

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEstados Unidos (EUA)Irã - País

Mais de Mundo

Rebeldes tomam a 2ª maior cidade da Síria em ofensiva contra Assad

Social-democratas vencem eleições legislativas na Islândia

Biden viaja a Angola para cumprir promessa de visitar África

Trump escolhe Kash Patel para chefiar FBI e Chad Chronister para comandar DEA