Presidente Lula e a primeira-dama Rosangela da Silva, acompanhados pelo imperador japonês Naruhito e pela imperatriz Masako (atrás, À D, em vestido azul) antes de seu encontro no Palácio Imperial em Tóquio. ((Photo by Nicolas Datiche / POOL / AFP)/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 26 de março de 2025 às 14h37.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou os conflitos em Gaza e na Ucrânia e criticou o abandono de acordos climáticos por alguns países, sem mencionar diretamente a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, durante discurso em Tóquio ao lado do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, nesta quarta-feira.
Lula afirmou que o Brasil "vê com muita seriedade o fim do cessar-fogo na Faixa de Gaza" e ressaltou que o mundo assiste a Europa "voltar a se preparar para comprar armas" após o conflito na Ucrânia.
— "Nós entendemos que o mundo atravessa uma situação política difícil, uma situação econômica complicada e muita insensibilidade na relação política entre os Estados,” disse o presidente, complementando: "Protocolos como o de Kyoto não foram cumpridos, acordos como o de Paris não foram cumpridos e alguns países já desistiram.”
Assim que tomou posse, em janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto retirando o país do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, decisão que foi amplamente criticada internacionalmente.
Lula e Ishiba participaram de reunião bilateral nesta quarta-feira. Após a agenda, o presidente brasileiro destacou a necessidade de reacender o comércio bilateral entre os dois países e anunciou a intenção de iniciar negociações para um acordo entre Japão e Mercosul.
— "Esperamos começar as tratativas para fechar um acordo durante a presidência brasileira do bloco sul-americano, no próximo semestre,” afirmou Lula.
O primeiro-ministro japonês, por sua vez, reiterou que o Japão enviará representantes ao Brasil para inspecionar as condições sanitárias da produção de carne bovina, com o objetivo de avançar na abertura do mercado japonês para o Brasil. Apesar de representar 25% do mercado global de carne bovina, o Brasil ainda não exporta para o Japão, e as tratativas para a abertura desse mercado já duram 20 anos.