Mundo

Javier Milei escolhe embaixador da Argentina nos EUA como novo chanceler da República

Gerardo Werthein irá substituir Diana Mondino, retirada do cargo após votar à favor da retirada do embargo estadunidense à Cuba na ONU

Javier Milei, junto com Gerardo Werthein, de uma varanda do Palácio San Martín, na sede da Chancelaria Argentina, em Buenos Aires em dezembro de 2023 (Matías Campaya/EFE)

Javier Milei, junto com Gerardo Werthein, de uma varanda do Palácio San Martín, na sede da Chancelaria Argentina, em Buenos Aires em dezembro de 2023 (Matías Campaya/EFE)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 31 de outubro de 2024 às 09h32.

Última atualização em 31 de outubro de 2024 às 09h44.

Tudo sobreArgentina
Saiba mais

O presidente de ultraliberal argentino Javier Milei substituiu sua chanceler, Diana Mondino, pelo embaixador do país em Washington, após a Argentina votar nesta quarta-feira, 30, na ONU, contra o embargo imposto há décadas pelos Estados Unidos a Cuba, informou a presidência.

"O novo chanceler da República Argentina é o senhor Gerardo Werthein", o até então representante diplomático nos Estados Unidos, escreveu na rede social X o porta-voz da presidência, Manuel Adorni.

Horas antes, na Assembleia Geral da ONU em Nova York, a Argentina havia apoiado uma resolução contra o embargo dos Estados Unidos a Cuba, aprovada com 187 votos a favor, dois contra - Estados Unidos e seu aliado Israel, ambos próximos ao governo de Milei - e uma abstenção, da Moldávia.

O gabinete do presidente emitiu um comunicado que afirma que a Argentina "se opõe categoricamente à ditadura cubana e se manterá firme na promoção de uma política externa que condene todos os regimes que perpetuam a violação dos direitos humanos e das liberdades individuais".

A Argentina "defenderá os mencionados princípios em todos os fóruns internacionais dos quais participa e o Poder Executivo iniciará uma auditoria do pessoal de carreira da Chancelaria, com o objetivo de identificar promotores de agendas inimigas da liberdade", acrescentou o texto, referindo-se ao fato de que a chanceler havia "apresentado sua renúncia".

Milei repostou uma publicação de uma deputada que dizia: "Orgulhosa de um governo que não banca e nem é cúmplice de ditadores. Viva #CubaLibre".

Brasil volta a condenar embargo econômico contra Cuba

Destino selado

A Argentina vota historicamente na ONU contra o embargo econômico promovido pelos Estados Unidos à ilha, como fez também nesta ocasião.

A imprensa local informou, citando fontes anônimas da chancelaria, que não era conveniente para o país se pronunciar contra Cuba, pois os votos da ilha e seus aliados seriam necessários em futuros pedidos ao Reino Unido pela soberania das Ilhas Malvinas.

Milei havia destituído há duas semanas o embaixador argentino na ONU, Ricardo Lagorio, e enviado uma carta ao corpo diplomático instando-o a se alinhar com a política externa do governo.

A chanceler Mondino "já tinha muita interferência na chancelaria", disse à AFP o analista político Carlos Fara, que considerou que "é inexplicável que tenha havido falta de coordenação" na votação na ONU e que o destino de Mondino já estava selado no gabinete.

Nos últimos meses, a ex-chanceler não participava das atividades de Milei no exterior, nas quais ele era acompanhado por sua irmã, Karina Milei.

"E ficou claro um fato: Werthein é quem definia a agenda internacional de Milei", apontou Fara.

Werthein, o sucessor de Mondino à frente da diplomacia argentina, é empresário e também vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional, tendo presidido o Comitê Olímpico Argentino entre 2009 e 2021, antes de ser nomeado por Milei embaixador do país sul-americano nos Estados Unidos.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaCubaONUJavier Milei

Mais de Mundo

Quem é Pam Bondi indicada por Trump para chefiar Departamento de Justiça após desistência de Gaetz

Na China, diminuição da população coloca em risco plano ambicioso para trem-bala

Rússia diz ter certeza de que os EUA 'compreenderam' a mensagem após ataque com míssil

Autoridades evacuam parte do aeroporto de Gatwick, em Londres, por incidente de segurança