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Israel retira tropas do corredor Netzarim em Gaza como parte de trégua com Hamas

Retirada permite o tráfego no principal eixo viário da Faixa de Gaza e faz parte do acordo de cessar-fogo iniciado em janeiro

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 9 de fevereiro de 2025 às 10h23.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2025 às 10h25.

O Hamas anunciou, neste domingo, 9, a retirada completa das tropas israelenses do chamado corredor Netzarim, que divide a Faixa de Gaza em duas e impedia o retorno de deslocados ao norte. A ação ocorre no âmbito da frágil trégua entre Israel e o grupo islamista.

“As forças israelenses desmantelaram suas posições e postos militares e removeram completamente seus tanques do corredor Netzarim na rodovia Salahadin, permitindo que os veículos passassem livremente em ambas as direções”, afirmou um funcionário do Ministério do Interior em Gaza, território governado pelo Hamas.

O corredor Netzarim era uma faixa de terra criada por Israel para dividir o enclave palestino em duas partes, norte e sul, e vinha sendo militarizada pelo exército israelense.

Jornalistas da AFP confirmaram a retirada das tropas e registraram a circulação de carros, ônibus, caminhonetes e carroças puxadas por burros pela rodovia Salahadin, a principal via de comunicação entre o norte e o sul de Gaza.

Retirada faz parte do cessar-fogo

De acordo com uma autoridade do Hamas, a retirada israelense de Netzarim faz parte do acordo de trégua que entrou em vigor em 19 de janeiro, após mais de 15 meses de guerra entre Israel e o grupo islamista.

O conflito começou com um ataque do Hamas a território israelense em 7 de outubro de 2023, que resultou em 1.210 mortes no lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.

O Hamas capturou 251 reféns e os levou para Gaza. Desses, 73 ainda permanecem no território, incluindo 34 que teriam morrido, conforme informações do exército israelense.

A ofensiva de retaliação israelense causou pelo menos 48.181 mortes em Gaza, a maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde do território palestino.

Trocas de reféns e tensões diplomáticas

Como parte do cessar-fogo, Israel e Hamas realizaram diversas trocas de reféns israelenses por prisioneiros palestinos.

A quinta troca ocorreu no sábado (8), com a libertação de três reféns israelenses e 183 palestinos que estavam detidos por Israel.

Após a entrega, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, criticou a condição dos reféns libertados, chamando os membros do Hamas de “monstros”.

De acordo com o hospital que tratou os ex-reféns, Or Levy e Eli Sharabi estavam em mau estado de saúde, enquanto Ohad Ben Ami sofria de problemas nutricionais graves.

Com a nova troca concluída, a expectativa é que a próxima fase do cessar-fogo leve ao fim definitivo do conflito.

Trump sugere intervenção dos EUA em Gaza

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu o mundo ao sugerir que os EUA deveriam “assumir o controle” da Faixa de Gaza e deslocar seus habitantes.

Ele também mencionou que Egito e Jordânia poderiam acolher os palestinos deslocados, mas ambos os países rejeitaram categoricamente a ideia.

O ministro das Relações Exteriores egípcio, Badr Abdelatty, viajou a Washington neste domingo (9) para discutir a situação com altos funcionários do governo Trump e congressistas.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Egito, o objetivo da reunião é “fortalecer as relações bilaterais e a parceria estratégica entre Egito e EUA”, além de realizar consultas sobre os últimos acontecimentos na região.

O Egito também anunciou que sediará uma cúpula árabe extraordinária em 27 de fevereiro para debater os desdobramentos do conflito israelense-palestino.

Netanyahu apoia a proposta de Trump

Em entrevista à Fox News, no sábado (8), Netanyahu elogiou a sugestão de Trump e afirmou que Israel está disposto a “fazer o trabalho”.

“Acho que a proposta do presidente Trump é a primeira ideia nova em anos e tem o potencial de mudar tudo em Gaza”, disse Netanyahu, defendendo que essa seria a “abordagem correta” para o futuro do território palestino.

Segundo o premiê israelense, Trump “nunca disse que queria tropas americanas” em Gaza.

“Você sabe o que eu digo? Nós faremos o trabalho”, acrescentou Netanyahu durante a entrevista.

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